sexta-feira, 30 de outubro de 2009

PF Da Nação

Primeiramente é necessária, do leitor, a perfeita compreensão do termo PF. Se você não é freqüentador desse círculo boêmio acho complicado da parte de vossa eminência entender o que é este clássico temo usado mundialmente por bares e pé sujos da vida.
O termo PF é uma sigla que tem origem da antiga sigla latina CF (catillus factum), que em posteriori sofreu inúmeras derivações do italiano ao espanhol passando pelo inglês até chegar ao português. E com esse breve intróito sobre as raízes etimológicas desta sigla podemos concluir o seu atual significado.
Esse é o tal famoso prato feito! Grande prato grande que nutre a base da nação brasileira. Composta por trabalhadores liberais da engenharia civil, os chamados peões; profissionais liberais da educação, os heróicos professores sem dinheiro e com pouco tempo para refeições; alunos nem ou pouco liberais com fortes ideais esquerdistas e com pouco de dinheiro no bolso; passando por outros trabalhadores, patrões, policiais e camelôs.
Acho que essa cultura do PF esta inclusa dentro da cultura do pé sujo. Pois duas verdades incondicionais, inalienáveis e incontestáveis são: todo pé sujo que se preza além dos pratos típicos (ovo colorido, rabada, carne assada, cachaça mineira braba sem rótulo [o vulgo etanol “engarrafado” em uma garrafa de vidro fumée], entre outros elementos de comida típica e pitoresca), tem que ter o PF do dia; a outra verdade faz menção a qualidade e a quantidade do PF. Todo o PF é bom, digamos assim, comestível, bem temperado (mesmo que seja a rabo de rato e a assas de barata) e que todo PF tem muita comida. Não se pede um PF grande, pois seria um exagero lingüístico tanto como exagero alimentar — o PF não precisa de aumentativos, pois o PF é gigante por natureza.
Digo-te, caro leitor, que sou muito freqüentador de pés sujos. Que sempre que saio a fim de beber paro em uma dessas mazelas ordinárias com o fim de me deleitar em uma bela harmonização entre a clássica cerveja de alta consumação bem gelada e o quitute típico da espelunca. Isso é claro à noite, pois no meio do expediente peço para descer o belo PF do dia, quase sempre composto por muito arroz, muito feijão, carne ou frango moderado e com escassez de batata frita (cuja qual sempre a peço com maior ênfase dentro do prato, mais sustância na batata, meus pedidos quase nunca são atendidos, mas se eu pedisse arroz ou feijão, me trariam a panela pra eu raspar), e quase sempre me desintoxico da comida me intoxicando com o mijo capitalista avermelhado.
Acho que os PFs assim como as mulheres, são as soluções para os problemas. Pois se eu fosse o presidente deste país eu conferiria a todo cidadão o meu bolsão assistencialista chamado: Bolsa PF, assim o pobre comeria com gosto e o rico não roubaria por nojo! Pena que tudo na vida tem que ser relativizado, porque há de se descobri donde está o nojo burguês, se em um prato de escargot a cem reais ou num prato feito a base de arroz, feijão, bife e batata frita de oito reais? Talvez se o preço fosse invertido o burguês comesse o PF e o pobre continuaria comendo escargot, que na terra dele ele chama de caramujo e que lá é só catar do chão e comer... Quem tem fome tem pressa e também não tem nojo!

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