segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Arroz À Piamontese

O cara pega o telefone e disca. O telefone toca e uma moça atende:
- É do Motel Monte Olimpo, em que posso ajudá-lo?
-Oi! É que eu queria saber se tem alguma promoção?
-Ah, sim! Temos a promoção de hoje da suíte Zeus, três horas por sessenta reais, e na promoção vem incluso o jantar.
-Hum, qual é a comida?
-Escalopinho com arroz à piamontese.
-Tá, vocês aceitam Visa?
-Aceitamos senhor.
-Hum... Quase me esqueci, o que tem nessa suíte “Zeus”?
- Ah, bem, na suíte Zeus tem hidro, ofurô, uma cama king, um pole, tem também espelhos em cima da cama. A decoração do quarto é em estilo grego; tem fruta e vinho também, fora o jantar.
-Hum, interessante, mas não tem microondas?
-Não, não tem não. Porque deveria ter? – Foi nesse momento que a atendente não entendeu mais nada, foi nesse lindo momento que todo o profissionalismo e a calma foram por água abaixo.
-É claro que sim! Vocês são um motel tão bem conceituado, deveriam ter microondas nas suítes, principalmente nessa tal “Zeus”.
-Mas, mas, mas, para que o microondas? Não é um tanto perigoso com o microondas não?!
-Mocinha acho que você não me entendeu. Para que serve o microondas?
-Calma aí, deixa eu pensar, acho que para esquentar ou fazer comida né? Porque eu não consigo ver outra utilidade para o microondas.
-Viu, você acertou, para fazer comida, mais precisamente miojo.
-Mas senhor você já vai ter o jantar incluso.
-Por isso mesmo, se eu não comer eu pago menos?
-Não! Mas porque o senhor não quer comer aqui, o nosso arroz à piamontese é divino.
-Exatamente por esse divino aí, tu tá achando que eu sou burro, que eu nasci no século passado, bem, eu realmente nasci no outro século, mas não vem ao caso; então como dizia, tu acha que eu sou burro né, é claro que vocês usam outra coisa para deixar esse arroz divino.
-Não! Nada disso, nós compramos de um restaurante o arroz, nós não fazemos nada, só botamos em um prato bonitinho!
-Uhum, sei, sei, valeu, acho melhor vocês se adequarem aos novos tempos, beleza!
-Mas senhor nós podemos...- E o cara desligou na cara da atende, esta sem entender nada, ficou traumatizada e nunca mais comeu arroz à piamontese, que era o seu prato favorito, e o cara deve ter ido procurar algum motel com microondas, ou deve ter ficado mesmo em casa e pedido uma pizza, o que deve ser mais possível.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Corta! Gordinho Morre Direito!

Rio de Janeiro, RJ, Tijuca, ou Andaraí, ou Grajaú, ou Vila Isabel, realmente não sei dizer qual bairro é o mais certo, pois a Rua Maxwell é muito extensa e pega todos esses bairros, eu acho. Como dizia, é uma grande rua e nesses casos tudo depende do ponto de vista, ou de referência, então o lugar que eu estou falando é bem na frente do supermercado Guanabara e do “hotel” Corinto, também é ao lado de uma pizzaria à lenha, também está no meio de dois postos da Petrobrás e está razoavelmente perto do Extra Boulevard e do Salgueiro.
Já se localizou? Mais uma dica, é ao lado do Mcdonald’s. Se achou agora? Se vossa senhoria não se achou, ainda, por favor, continue lendo esse texto ou se localize pelo Google Earth. Bem eu to falando do terceiro posto Petrobrás da Maxwell, o do meio, o que é ao lado do Mcdonald’s.
É o seguinte, acho aquele posto muito engraçado e americano, porque além da lojinha de conveniência do posto, tem um Domino’s, também tem um misto de Blockbuster com Lojas Americanas, uma fusãozinha capitalista básica. Acho que tem uma farmácia também, se não tem, deveria ter, pois ia faturar muito com Engov e com remédios contra infecção alimentar, pois o Big Mac e a pepperoni do Domino’s estão ali ao lado. Fora também os pivetes que residem por lá. Fora, que esse padrão de posto de gasolina com lojinhas, com aquela calçada bege mais pro branco é muito americano, californiano, para ser mais preciso. Sinto-me até um tanto ianque quando passo por lá, sinto-me canibalizado culturalmente, ninguém liga para um brasileiro virando estadunidense, na verdade até preferem e elogiam, ainda tenho minhas dúvidas se sofri canibalismo ou antropofagismo, não há nada a se fazer, é uma causa perdida.
Mesmo não sabendo como me devoraram, se foi com garfo e faca ou com as mãos, eu, Leonardo Alberto Pereira Dias sempre vejo a mesma cena quando passo por aquele posto a pé, picture it: estou eu lá andando normalmente, passando pelo posto, aí entra a câmera lenta e começa a tocar The Surfing Bird do The Trashmen, e quando a música está chegando no clímax, mais precisamente no início do refrão, um Maverick 72 preto para atravessado bem a minha frente, a música na verdade é quebrada pelo cantar do pneu. No seguinte momento fico com aquela cara de oração sem sujeito, sem entender nada, e saem do carro dois caras, um deles é um negão gritando - num sei o que num sei que lá motherfucker; e o outro é um branco caladão. Eles estão usando roupas normais nada de extraordinário, a única coisa incomum neles é que eles estão segurando respectivamente uma Uzi e uma Winchester, e apontando para min, tirando isso, são pessoas normais.
Bem, como era de se esperar eles atiram em min, o negão continua gritando motherfucker e o branco continua calado, e morro sem entender nada, com aquela cara sem expressão de morte e sem expressão de vida; pareço uma ameba boiando numa poça de sangue. Continuo sendo uma ameba até escutar uma voz dizendo:
-Corta! – e eu acordo assustado e vejo o Tarantino à minha frente, sentado na sua cadeira de diretor, ao redor vejo todo o pessoal da equipe de filmagem. O Tarantino se levanta e vem falar comigo:
- Gordinho, limpa o sangue e vê se morre direito! Eu quero ver mais sentimento!
O incrível é que isso passa num flash de sei lá, uns trinta segundos, realmente não sei, só sei que quando acaba eu já to passando pela frente da pizzaria mesmo, sendo enfeitiçado pelo aroma da lenha.
A moral mesmo é a seguinte, ia ser muito bom ter a segunda chance para morrer, ter o segundo take, e pegar o melhor, só para morrer sorrindo, feliz por ter recebido o lindo presente quente chamado bala, ou por ter recebido a visita da tal senhora, sossegado na poltrona de casa.

Aleluia Irmãos, Minha Rotina Chegou

Maldito tédio me pegou hoje. Foi como um gancho bem dado me deixou desnorteado, sem rumo, sem reação, e o pior de tudo, ele chegou bem na natação, na verdade foi um pouco antes quando começou a chover. Esta desde o início dessa semana ameaçando chover mesmo, e quando eu estou saindo de casa, mais precisamente quando eu pus o pé pra fora da portaria começou a chover, não sei se foi o direito ou o esquerdo, naquele momento já não fazia mais diferença.
Porque a chuva resolveu cair na quinta? Não podia cair na segunda, pelo menos não foi o dia inteiro chuvoso, foi só à tarde, e pelo visto vai até a madrugada e se bobear faz a dobradinha com a sexta e emenda com o final da semana, pelo visto a próxima semana será chuvosa, espero estar errado.
Hoje tinha tudo pra ser um dia normal. Tinha passado minha manhã no Ferreira rindo e sacaneando. Mas, logo que cheguei a casa já tomei o primeiro baque do tédio, minha mamacita não estava passando muito bem, meu pai até chegou a casa mais cedo para levá-la ao médico, a partir daquele momento eu já não estava muito bem. Pensava em várias coisas ao mesmo tempo, como: mulher, cerveja, ser penetra numa festa cyberpunk, jazz, mulher, comida, pena pela mulher espancada por neonazistas, bateria, mulher, crônicas, mulher. Eu ainda tava bem, não muito, mas dava pra levar o resto do dia, até que o Surdo me ligou me chamando pra fazer algo, aí naquele momento eu me lembrei que hoje voltava à aula do CCAA, fiquei aflito, mas passou.
E fui nadar, a caminho da natação pensei mais de vinte vezes em voltar a casa, mas não ia adiantar muito, já estava molhado. Encontrava-me num estágio de pré-tédio, e logo que cheguei à beira da piscina, tudo veio à tona. Caí naquela lona fria e molhada, nocauteado, comecei a nadar sem tesão algum mesmo tendo uma mulher ao meu lado, a questão é: eu adoro nadar, a natação é a minha válvula de escape, eu realmente fico chapado, não penso em nada, mas hoje toda a aflição veio, percebei que estava sofrendo por antecipação, estava nadando em uma piscina cheia de rotina e tédio mundano. Todos aqueles planos para o ano logo se desmantelaram e pela primeira vez pareceram irreais, me senti com medo, com medo da rotina, com medo do tédio, com medo da vida e agora me encontro cheio de cloro no corpo escrevendo isso e bebendo um mate.
Mas o dia ainda não acabou. O ano ainda nem começou, para mim, a única coisa que eu posso fazer é ir pra minha aula hoje a noite e, quisá amanhã, ou outro dia beber um maravilhoso copo de Guinness, geladinho, para esquecer todas essas frustrações para mergulhar numa ilusão irlandesa. Esse sim, é o segundo melhor jeito para eu conseguir parar de pensar na vida tediosa, só espero que o meu meio tedioso não corrompa aquela piscina verde de cloro, a minha linda alusão irlandesa.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Seria Esse O Nosso Futuro?

O mundo está ferrado. Isto é, o futuro do mundo, para ser mais preciso. Esse futuro que para muitos não irá acontecer, porque depois de 2012, se os Maias acertarem, todos nós estaremos no saco. Eu, sinceramente, tenho minhas dúvidas sobre essas profecias, é fato que os caras também são “profissa”, pois muitas coisas que eles já previram já aconteceu, eles não são meros Nostradamus, que já errou, mas deve ter sido por falta de compreensão dos sábios que não souberam interpretar. Também quem sou eu, para falar destes caras, se o meu campo de atuação são crônicas e contos. Eu não to nessa área de profetização, de adivinhação, é muito complexo, exige muito estudo, muito aprofundamento. O lance mesmo é que as pessoas não sabem interpretar textos complexos como esses; seja por falta de capacidade intelectual ou porque realmente não se tem todos os dados ou as obras completas; não se tem recurso, pois estes foram apagados da história por uma Instituição que preza o bem da humanidade.
Bem tirando então essa possibilidade de um próximo fim, porque cara, eu sou humano, eu gosto de viver por isso não quero pensar na morte tão rápida, falando isso estou sendo altamente hipócrita, pois eu vivo no Rio, mas fazer o que? A gente só pensa na morte quando estamos a uns vinte segundos dela. As outras opções que eu acho que nos restam são os futuros da ficção científica, que são apenas três opções, a meu ver.
A primeira opção seria também a melhor opção, porque é a mais bonitinha, pacífica, irreal e utópica; é o futuro feliz, que o homem vai conseguir viver de bem com a tecnologia. O sonho de o homem andar lado a lado de um robô, das viagens espaciais e possíveis contatos com outros seres da galáxia, finalizando, a irreal mistura de Jetsons com Jornada nas Estrelas.
A segunda opção, já é bem pior e mais real, seria o futuro controlado por um ditador de direta, seria como a ditadura militar do Brasil, aquela ordem aparente sobre o caos decadente. Seria um mundo com grande avanço tecnológico. Os guardas seriam robôs, não haveria exército, pois só haveria um grande país, seria o lindo futuro totalitário que é retratado nos livros Admirável Mundo Novo e 1984.
A terceira e última opção, e também a pior delas, e a mais provável que aconteça, se as coisas não mudarem, seria a de um mundo cyberpunk. Seria um futuro com alto nível tecnológico com um baixo padrão de vida. Seria um governo tecnocrata, governado por ditadores totalitários, que seriam estes, chefes de multinacionais. Seria a privatização do “Estado”, mega computadores do “Estado” controlariam tudo: fábricas, cidades, pessoas, o dia, a noite, a vida, a morte. Nesse mundo não dá pra se distinguir direito o que é real e o que é virtual, pois o irreal é cada vez mais real e o real é cada vez mais irreal. O homem só existiria porque é ele quem faz a economia, quer dizer, o consumo girar. As cidades seriam caóticas; alto nível de miséria, grande índice de criminalidade virtual e real, os problemas ecológicos não teriam mais sentido, pois já estaria tudo ao extremo. O caos controlado.
Eu não queria que o mundo virasse cyberpunk, mas é possível. O caos e a degradação social, o descaso do governo e a privatização; já temos. Também são reais esses mega conglomerados empresariais, essas junções canibais. A tecnologia avança mais a cada dia, os problemas ambientais, nem se fala; também não faltam candidatos a ditadores. Só falta um avanço dessa tese, uns neons roxos e verdes, uns robôs, a constante chuva ácida e a China virar a nova superpotência

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

O Jogo Que Nunca Poderei Jogar

Lembra do War? Aquele maravilhoso jogo ótimo para acabar com o tédio estudantil ou de uma madrugada no hotel fazenda, sendo que o pé sujo mais perto está a mais de quinze quilômetros dela. Então, não sei se você sabe, mas um cara chamado Fabio Lopez teve uma das melhores idéias do século vinte e um, ficando apenas atrás do... Realmente não sei, ta difícil de escolher, pois ainda não vi muita coisa legal deste século, talvez possa se disser que a idéia dele só fica atrás do DVD e talvez do imperialismo.
Bem para ser mais direto, esse rapaz, inventou o War In Rio, nada mais que a verdade inconveniente, desculpe-me Al Gore, que é vista e presenciada por todos os moradores do Rio. Pois quem tem, tem medo.
Só posso disser uma coisa: genial, acho que esse cara tem muito culhão, além disso, as coisas ficaram muito frouxas por muito tempo; tanto tempo para essas comunidades construírem gerações, fincarem as raízes, que até aí não vejo problema, pois tem mais pobre honesto do que rico honesto neste país. Veja a Índia, talvez mais da metade da população seja miserável, lá também tem favela, barraco, mas tem CV, tem A.D.A? O problema aqui começou com o nascimento da criminalidade, a partir desse ponto só piorou, foi mais ou menos assim: a criminalidade subiu no morro e bebeu cachaça, fumou maconha e obteve a graça, depois do ganhar o asfalto a sua vida nunca mais foi à mesma, desculpe-me D2, e cá estamos rodeados de favelas de nome engraçado, de favelas cheias de cultura e de gente fina, se não fosse pelas favelas não haveria o samba, e se não fosse o samba não teríamos a bossa, o problema é que tem uma meia dúzia de “homem” que toma conta da zona toda.
E é nesse ponto que o Fabio chegou, ele quer mostrar pra sociedade que estamos vivendo uma verdadeira guerra civil, o War In Rio é o grito de liberdade para que nossas almas aprisionadas se libertarem das correntes da desinformação, da Globo-alização e da notícia manipulada, toda essa ilusão há de ser quebrada um dia, pois o War In Rio é a primeira grande arma dessa nova revolução contemporânea. Vai chegar à hora em que as pessoas comuns, as pessoas de bem, cansadas de mentiras vão parar de comer esse prato frio, e vão reclamar com gerente, mas é ai que mora o perigo, pois o restaurante Rio de Janeiro tem um gerente luso com idéias francesas, pois nos restaurantes franceses tanto quanto no nosso lindo Rio, as regras são as mesmas: o cliente nunca tem razão.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O Cinema Esta Se Tornando Um Freak Show Sem Cerveja

Já reparam que hoje em dia o cinema se tornou um ótimo lugar para fazer certas coisas como: levar a namoradinha pra “ver o filme”, se é que me entendem, caros anjos; comer um delicioso e gorduroso hamburger do Mc Donald’s ou do Bob’s; aproveitar o ar condiciona pra botar o papo em dia com um amigo ou para tirar aquela sesta vespertina; levar a turma de amigos pra sacanear o filme inteiro e pessoas que esquecem de desligar o celular ou esquecem de abaixar o volume do toque ou botar no vibrador, entre outros.
Admito que já fiz algumas dessas coisas, mas fazer o que, as vezes você não tem muita opção. Com certeza nessas ocasiões eu atrapalhei a apreciação do filme para algumas pessoas, mas o que eu posso fazer, certas coisas devem acontecer naturalmente, e no escuro.
Concordo com o Janot quando ele disse que essas coisas e outras dessas situações atrapalham a vossa apreciação do filme, pois realmente não da pra ver o Senhor dos Anéis com duas garotas atrás de você sacaneando o Frodo e o Sam, chamando-os de gays, não é que não sejam, mas já esta implícito e/ou subtendido, não precisa comentar. Ou então as pessoas que não entendem as piadas mais estúpidas dos filmes pastelões e ficam se questionando em voz alta; também tem as pessoas que não entenderam mais tão rindo só para não ficar só, fora as piadas inteligentes que ficam rindo das pessoas incompetentes. Essas situações são chatas e irritantes, acabam com o clima do filme, eu mesmo em casa fico meio alterado quando toca o telefone, ou alguém começa a conversar comigo, atrapalha, desconcentra, e acaba com o clima do filme.
O cinema ta virando um circo de interior a diferença é que a bilheteria ta no nível do Du Soleil, ai tu paga caro achando que vai ver equilibristas colombianos bebendo cerveja de cabeça pra baixo enquanto dançam o Quebra-Nozes em ritmo de merengue, mas para sua infeliz sorte vê o circo completo com direito a freak show, com palhaços, elefantes, leões, mulheres barbudas, anões malabaristas, cuspidores de fogo, engolidores de pregos, e até uns mágicos ilusionistas podem ser encontrados lá.
Sabe qual é o mais legal, dentre todas as coisas estranhas e bizarras que as pessoas fazem no cinema, ou levam para degustar enquanto assistem ao filme? Eu nunca vi uma pessoa bebendo cerveja em um cinema! Será que não pode, ou vai contra a ética e a moral das coisas estranhas e bizarras que se possa fazer num cinema, eu realmente não sei. Fato é que um dia ainda irei fazer isso, ver um filme bebendo cerveja. Mas talvez não se possa ver um filme bebendo cerveja porque um bêbado pode incomodar mais do que um casal de namorados se pegando ou de pessoas falando no meio do filme. Eu não sei, não quero saber, e tenho raiva de quem sabe, só sei que ainda bebo cerveja no cinema. Pois o lance é compreender o filme embriagado, do mesmo jeito que compreendemos o Brasil, num eterno coma alcoólico.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

O Curioso Caso De Benjamin Button É Um Filme Sobre A Vida

O Curioso Caso de Benjamin Button tem que ganhar as treze estatuetas, porque se não ganhar, rapaz, há de haver um estresse bonito comigo lá em Hollywood, vou fazer a Noite das Facas Longas lá, o Matanza vai ter que mudar o nome da musica para: Todo O Ódio da Vingança de Leonardo Dias.
Isso pode parecer um exagero mais quem já viu esse filme há de concordar que esse filme é muito bom. A começar por excelentes atores, uma historia muito boa e atual, uma boa fotografia, narração envolvente com roteiro dramático com pitadas de comedia, e o mais legal de tudo, todos os personagens são importantes, pois como na vida de uma pessoa todas as pessoas amadas são importantes, não é apenas um filme do Brad Pitt, mas sim um filme em que todos os personagens são principais.
Não quero parecer sensacionalista, mais o filme é muito bom, vai virar clássico, é aquele tipo de filme que tu acaba de ver e sai desnorteado, desorientado, tentando voltar à realidade, foi mais ou menos assim quando eu acabei de ver O Dia Em Que a Terra Parou, o de 51, porque o remake é péssimo, o Keano Reeves é inexpressivo ele é um péssimo Klaatu.
Mas diferente do Dia o Benjamin te deixa emocionado, sendo franco, eu quase chorei no filme, pois este é um filme que mostra a vida de um novo velho, ou a morte um velho novo, e mostra os problemas dele pela idade e aparência que não se coincidem. Ele é um velho que sabe de nada e uma criança que sabe de tudo, é por ai que o filme evolui, ele vive a constante duvida do desconhecido conhecido
E que personagens secundários, bem construídos, tão complexos quanto o principal, o meu favorito é o Capitão Mike, o ruivo irlandês dono de um rebocador. Desculpe-me caro leitor, eu não posso falar mais sobre esse filme se não você vai querer me matar, quem viu o filme entendera porque eu escrevi assim e entendera porque eu pareci um tanto sensacionalista, não da pra segurar as emoções, quando se fala de uma coisa tão boa. E por favor, não perca esse filme, não veja em dvd nem pirata, veja no cinema, lá é geladinho, a qualidade de imagem e som são melhores que os da sua casa, a menos que você seja rico e tenha um cinema em casa, e se tiver pode me convidar pra ver em sua casa, estarei disponível todos os dias. Bem e com a frase do meu personagem coadjuvante favorito eu vou acabar essa crônica. I’m an Artist!

Meu Rio Ta Sujo, Mas Continua Literário

Eu queria saber por que não revitalizam o centro da Cidade, a Lapa, São Cristóvão, a área Portuária, todos esses locais que foram o começo da cidade do Rio de Janeiro. Realmente queria saber, pois esse descaso sobre o velho, sobre o antigo, tabela do espelho do subconsciente e reflete nas pessoas idosas. Parece estranho, mas não é, porque tudo que é velho é dado como lixo pela sociedade moderna começa com o desprezo histórico, de não querer saber do passado do país e nem se importar com a preservação deste e ai parte para o desprezo tecnológico, a questão de meses que diferencia os novos pros velhos equipamentos, e depois acaba no desprezo social, não fazendo nada para melhorar a vida das pessoas idosas, a única coisa que faz é chamá-los de terceira idade, para eles se sentirem incluídos dentro de um sistema corrupto e ordinário.
O Rio antigo é lindo, é belo, é velho, é triste, é feliz, é vida, é arte, o Rio antigo é um livro riquíssimo em crônicas do passado colonial e do presente atual. Imagine em quantas coisas já aconteceram dentro da Candelária, quantas confissões, quantas tragédias lusitanas que já aconteceram naquela instituição romana, quantas situações curiosas já aconteceram e continuam acontecendo na Mem de Sá, na Carioca, na Fonseca Teles, dentre outras.
O Rio é um livro de, mais ou menos, quatro séculos de crônicas e contos, romances e dramas. O Rio é uma cidade literária, sempre foi um ótimo cenário para filmes, imagina se o cinema já existisse, vários filmes do Woody Allen no Rio. A nossa cidade não seria assim, tão rica socialmente, um solo tão fértil cultural se não tivesse tido essa feijoada cultural e social na cidade.
Para se fazer um Rio de Janeiro é muito fácil, basta ter muita terra com índio, adicionar muitos portugueses, alguns ricos, corte, e alguns judeus, sendo a maioria burguesa e enteada da corte, bote também muito africano, pelo menos mais que a metade de portugueses, e todos sendo pobres, isso é o mais importante. Adicione água pra engrossar o caldo, misture bem e coloque pitadas de franceses, alemães, suíços e espanhóis junto do café do sal e do açúcar, esses temperos devem que ser a gosto, se não estiver bom, ponha mais do tempero a sua preferência. Deixe cozinhar na panela de pressão por quatro séculos e espere pra ver no que vai dar, essa etapa é a mais demorada por isso para agilizar o processo de formação do seu Rio de Janeiro, coloque no mínimo dois fatos históricos importantes do seu livro de historia a cada século. Também não se esqueça de colocar muito sol, e mar. Para servir coloque num prato fundo, cheio de hipocrisia e malandragem, beba antes uma cachacinha para abrir o apetite e beba uma cerveja para controlar a temperatura, e de sobremesa um brigadeirinho para tirar o amargo da violência e do caos urbano.
O que eu posso fazer, sou carioca, sou todo dia inspirado pelo caos rotineiro e o calor derradeiro, essa cidade é linda, mas não é bem tratada. E seguindo essa mesma linha de pensamento acabo com a minha duvida com uma serie de perguntas: se a cidade em si não é bem preservada porque deve se preservar o que é antigo? Se a saúde publica não é boa pra maioria das pessoas porque seria melhor pros idosos? Se o lado cultural da cidade não é muito abrangente porque seria mais bem direcionada para a terceira idade? E se o Rio não esta sendo mais maravilhosa, esta dando as costas para nos cariocas porque ele só salvaria os velhos, as flores, as criancinhas e os cachorros? Afinal o Rio não é Ben Jor, mas se fosse, agente tava melhor.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

A Fome Da Malandragem Carioca

Uma boate na Zona Sul, lá pra meia noite e uma da manha. Tem um cara na fila. Ele ta sozinho e ta a mais de meia hora na fila, e ainda estão seis pessoas na frente dele, mas ele ta tranqüilo. Estava tudo bem errado, mas o sujeito não se incomodava, pouco ligava, até que chegam quatro loiras acompanhadas de um playboy, esse fura a fila fala com o gorila da entrada como se fossem grandes amigos, ele troca abraços com o armário e entra, para dentro da boate com as quatro loiras.
O cara ficou irritado, não era a primeira vez que isso acontecia na vida dele, ele sempre ficava fora por causa de um playboy e quatro loiras. Sendo assim o sujeito muito endiabrado, fula da vida, alterado emocionalmente, foi até o negão e falou:
-Cara eu to aqui a mais de meia hora, não agüento mais essa fila maldita, muita gente ainda não entrou, e como é que você deixou o cara entrar?
- Sagatiba - o negão respondeu gargalhando - Sacanagem. Mas falando serio com tigo porque hoje eu to calmo. Se liga meu irmão, primeiramente o cara fecha comigo e depois o cara ta botando mulher na casa. Entendido?
Um tanto assustado o rapaz respirou fundo e gritou:
- Entendido porra nenhuma chefia. Alias, tu sabe quem eu sou?
O negão rindo perguntou gentilmente:
- Sei não. Quem é tu?
- Po, sei lá, eu sou eu saca? Na verdade eu também não sei quem eu realmente sou, eu tenho buscado isso pela minha vida inteira e acho que vou morrer sem saber - alegou o rapaz - Acho que isso tudo é culpa do meu pai, porque um dia ele foi comprar cigarro e nunca mais voltou, acho que isso me traumatizou profundamente, saca?
O segurança em um tom sincero respondeu:
-É chara, eu sei como é isso. Pelo menos tu conheceu o seu pai. Po se liga vamo beber uma cerveja no boteco ali. Bateu uma dor de cabeça, não quero mais trabalha hoje não – e o negão pediu para um outro segurança o substituí-lo.
O rapaz achou um tanto estranho, começou a achar que o negão era gay e logo que chegaram ao bar ele falou:
-Po cara, eu não sou gay não ta?
E Marcus respondeu rindo:
-Bom pra você. Mas eu sou – o cara começou a ficar com medo – Mas eu não gosto de branquinho como você não, pode ficar tranqüilo – e este realmente ficou.
E começaram a beber, falaram sobre muita coisa: futebol, mulher e carro, ou carro, mulher e futebol, também discutiram sobre casamento gay, sobre o problema do Brasil, sobre o Lula, sobre a violência no Rio, sobre a liberação da maconha, até sobre como foi a primeira vez de cada. E lá pelas tantas o negão fez uma pergunta ao rapaz:
-Ai tu quer entrar na boate semana que vem bem acompanhado por quatro loiras?
- É claro que sim! – respondeu eufórico o rapaz, não podia se concluir se ele estava eufórico pelas loiras, pela loira, ou era natural mesmo.
- Então ligue pra esses números.
E assim ligou, pegou os msns e depois de umas conversas todas toparam na hora, coincidentemente elas eram todas amigas de longa data. Achou estranho mais não ligou, pois gostava daquela boate, ia ser vip e o melhor de tudo: ser vip na boate que gosta com quatro loiras maravilhosas.
O dia foi que nem o combinado na sexta passada, chegou à boate com as quatro loiras, furou a fila, abraçou o armário e este o deixou passar. E todos seguiram felizes da vida.
Mas, o mais legal dessa historia é que: o cara não tinha perdido o pai, ele só não tinha dinheiro; o segurança realmente se chamava Marcus, mas não era gay, só falava aquilo pros enganados do golpe só pra ver a reação deles, e por ultimo e muito importante, as loiras não eram loiras de verdade, em todos os sentidos.
Moral do conto, todos somos malandros, e o que importa é a vantagem. Mesmo se depois as coisas não saiam como deveriam ser o que importa é o prazer de tirar vantagem dos outros, o lance é a competição desleal, como diz a musica do Nação Zumbi: sem fastio com fome de tudo.