sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Dezesseis

Mais uma vez fomos tocados pelo nosso espírito festivo. Com a grande notícia do ano, que o Rio vai sediar as Olimpíadas em dois mil e dezesseis. Nossa foi realmente uma festa linda, Lulu Santos, Revelação e a bateria do Salgueiro, em plena praia de Copacabana. Sensacional, milhões de pessoas naquela quente e suja areia, festejando se embriagando e se esfregando com desconhecidos e conhecidos ao som do pagodão.
É incrível como as pessoas não perceberam que a vaselina foi posta paulatinamente para que o famoso Dezesseis toneladas entrasse apertadinho, mas confortável, para não haver reclamações alheias. Até porque o Quatorze já estava dentro dos bundões alheios cariocas e agora brasilenses.
Acho lindo essa visão romântica das coisas. Se o romantismo carioca fosse funcional, a gente já tinha barrado os nossos brothers of USA, e até mesmo os nossos fellows of Europe. Pena que esse gênero se acabou junto com o nosso saudosíssimo Brasil Império, junto de nossas esperanças de um novo Brasil; as quais já deviam estar a tempo enterradas em algum cemitério de nossa Confederação com os dizeres na lápide:
— “Aqui jazem as esperanças de um país tropical.”.
Não paro por aí! E digo mais: que se eu acreditasse no meu país eu ficaria muito feliz, assim como estão todos os meus concidadãos. Estaria vibrante, bobo, eufórico e satisfeito. Como eu gostaria de estar assim, mas não posso me deixar a mercê desta onda de festividades inconseqüentes e incandescentes, cujas quais me deixariam em uma grande galera sem velas com uma galera embobalhada, Deixando se levar pelo negro oceano da mídia manipulada. Por Netuno! Que chegue rápido o dia da ressaca destes pobres marujos, que eles se lembrem que a propriedade privada deles já não é mais deles, que o Estado já as coletou; que eles acordem deste sonho utópico de um Brasil cheio de verdadeiros deuses globais do esporte. Essa acrópole tupiniquim nunca sairá do papel. Os investimentos só saíram de um bolso para outros bolsos.
Mas o que adianta gritar essas coisas aos ventos até ficar rouco se ninguém vai me escutar. O lance mesmo é curtir o pagode e já botar a minha vaselina, pois quando entrar vai doer muito e muitos vão chorar.

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