domingo, 14 de junho de 2009

Me Traumatizar

Você ainda tem que me traumatizar,
Para eu poder realizar,
Talvez uma lira sobre você.
Que talvez fale coisas belas
Ou coisas feias de você.
Basta apenas um trauma, um simples trauma,
Para eu poder padecer
A um poema a ti eu fazer!
E tu me perguntas o que seria esse traumatizar,
E eu lhe respondo:
É começar a me amar!

Terceira Lei De Leonardo(E A Três É "C"!)

Saia do Grajaú dia desses de manhã, como faço todos os dias, estava naquela clássica melô rotineira entre a morte, o sono, e a vida. Estava no ônibus, o recanto moderno onde o homem contemporâneo contesta sua espiritualidade e sua vida. Pois bem, como dizia, estava em estado de ameba, tendo devaneios mirabolantes sobre paquidermes rosa voadores, bem que poderia me encontrar em delirium, mas como diz o Christy Moore, só depois de quatorze pints de stout, coisa que ainda não fiz.
E o gelado ônibus ia se movimentando e as pessoas iam entrando, sentando e depois saindo, em um belo ciclo com uma bela cadência. E foi lá pelas tantas que quando eu olhava fixamente para a roleta, olhando para as pessoas que iam pagando ao trocador e sentando nos bancos, olhando a reação delas, vendo o pensamento das pessoas pensantes, vendo a aflição corriqueira em seus rostos. E eu pensando em nada e sendo vouyer sem medo de ser feliz, e de onde se menos se espera veio uma coisa.
Essa coisa foi engaçada, talvez essa cousa seja um dogma, ou talvez não. E sim uma Lei! Esta teve formulação, desenvolvimento e muita observação, passou por todo o processo científico. Talvez de primeira mão a minha Lei seja um tanto estranha, mas depois de um período introspectivo de observação e assimilação ela comece aparecer mais amigável, agradável e cômica.
Toda pessoa ao entrar no ônibus tende instintivamente a sentar no banco direito. Esta é a minha lei, a primeira Lei de Leonardo.
Já vinha percebendo algo estranho neste fato, faz um tempo, e outras pessoas pensantes também já vinham notando isso, eu apenas concretizei este facto factual fastidiante. Não quero ficar famoso por isso, só quero que aquela meia dúzia de pessoas, que viram isso, aprove a minha Lei, que saibam já de antemão que não roubei idéia de ninguém, que apenas percebi e coloquei no papel. Se estes não aceitarem a minha Lei tudo bem, ela não há de ser aceita por ninguém, apenas por mim, e se ninguém concordar, achar que eu sou um tolo e plagiador, mudarei o nome da minha Lei de primeira, para terceira, apenas por questão estilística/cabalística.
Realmente queria entender o porquê desta frequente ação humana. Isso daria tese de mestrado em sociologia, os vouyers da sociedade. A princípio porque as pessoas gostem de olhar para a calçada, coisa que só pode ser vista direita pela direita. Também pode ser pelo simples fato das pessoas se acharem poderosas se sentando a direita, com poderes ilimitados, uns autocratas, uns tiranos, uns reis, uns ditadores, com um embasamento de forte cunho liberal, quase déspotas descontraídos, achando que o estado repressor não deve ser repressor, mas sim opressor, e que os grandes males da humanidade são: a própria humanidade, a torcida do Flamengo, a África, a pobreza, a riqueza, a burguesia, a mais-valia, a menos-valia, o tudo, o nada, Deus, Krishna, Alá, ou seja, o tudo e o nada ao mesmo tempo! Mas o que é o tudo, e o que é o nada?
Eu não sei. Sei que não sei, e sei que as pessoas adoram sentar quando podem nos bancos da direta. Apenas como considerações finais: tudo depende do seu ponto de vista e da possibilidade geométrica, e a três é “c”.

Você Só Irá Entender Após Bebe-La-Tu!

Não dá para expressar a minha felicidade! Não consigo escrever algo que preste neste estado eufórico que me encontro. Depois de dias, meses, anos, pude enfim beber uma das cervejas mais gostosas que já bebi até agora na minha vida de pequeno bebedor. Tenho certeza absoluta, e um pequeno nível de instrução para reconhecer que esta está longe de ser a melhor cerveja do mundo, mas sim um standart para as dry stouts.
Espero que você, leitor, já tenha uma noção da qual eu estou falando, se não tem falo logo, tardiamente, mas faço isso por apenas uma questão de clímax, estou falando da bela negra irlandesa Guinness. Cerveja, a qual gosto muito e que entrei quase numa epopéia de um ano para poder me deliciar com esta sinestésica negra café amarga como o bronze.
To tentando me controlar, pois se não o fizer esse texto sairá quase como um orgasmo de coelho, e o meu intuito era ser mais para o de um porco. Seriamente não sei mais o que escrever, não tenho mais palavras a dizer. E só para finalizar esse belo texto de três parágrafos regressivos digo: - BebaumaGuinnessaosomdeClancyBrothersegoze!

Onomatopéias À Cabeça

Trim trim,
O relógio me desperta.
Piui, tic-tac,
O trem vem e bate a minha cabeça que aperta.
Vrum, vrum,
A moto do capeta da baixa do sapateiro.
Bang, bang,
E o tiroteio alheio do Rio de Janeiro,
Blá, blá, blá, blá, blá, blá,
Completa o professor na sua sala.
Porra!
Grito eu, pois minha cabeça estala!

Sarquismo Ao Carcamano

Sarcástico, vírgula, eu? Imagina
Desculpe-me pelo bocejo no meio da sua lataria, cachorro!
Socrático, eu, tento ser,
Pois viver é apenas a sufixação de ser;
E o seu ser, sublime,
É inferior a de um desembargador,
Ou de um corregedor,
Seu procrastinador!
Acho melhor você reaprender
A ler, falar, escrever, a se expressar!
Pois o teu ser é tão alheio
Quem nem me traz receio,
De te interrogar,
Pois, visto que, você, afinal é o que?
Culpado ou inocente?
Seu indigente,
Seu ladrão!

O Bêbado Roda Na Roda Da Malabarista

Você vem a minha casa
Meche nas minhas coisas
Nos meus papéis, em mim,
Me tira de um eixo
E nem ao menos me traz um presente.
De novo lhe pergunto o quer de mim
Oh, anjo da aurora,
Que me traz o amor de outrora, quer?
Não sou romancista por isso não ouso
Lhe chamar mais de anjo, tu demônio
Sou apenas um ciclista, um bêbado,
E você minha malabarista!

Dois Helicópteros Às Seis

Às seis da manhã, ouço helicópteros
À meio quilometro da minha janela.
Às seis e dez da manhã ouço balas
Que querem atingir aquela janela.
Às seis e vinte da manhã vejo uma cidade
Separada entre a rotina e a guerra.
Às seis e meia da manhã estou parado no ponto do ônibus
À espera do veículo que há de me levar à outra guerra.

sábado, 6 de junho de 2009

Et Gluttōnis Karmatium Diem

Muita gente gosta de ir a churrascarias, rodízios de pizzas, restaurantes sem balança, tipo aquelas galerias ecumênicas de gastronomia, com grande variedade de pratos típicos e cozinhas mundiais, sendo que na última têm que ter sushi e seus amiguinhos da terra do sol nascente, comidas que viraram moda aqui nas terrinhas brasileiras. Digo que ainda não atingi esse nível de compreensão do salmão, do arroz avinagrado, do shoyo, do wasabi e do transcendental nori, mais ainda chegarei a esse estado pós-satori.
Não é o sushi que me importa, na verdade não me importo mais com esses antros de entretenimento gastronômicos. No começo é festa, ta todo mundo feliz, feliz, ta todo mundo comendo, comendo. Aquele ar de novidade dura por uns anos e vai durando, até que um dia enche mesmo o saco e faz você sair sem pagar.
Sinceramente eu gostava muito desses locais, mas só que depois de você comer muito, você quer dar um tempo, é nessa que você tem a brilhante idéia de dar uma andadinha. Pra que, porque você fez isso? Você começa a andar acha que vai melhorar, e você só vê comida, gente comendo, e mais comida, e pizza de batata frita, cupim, língua, só comida estranha para ser servida, se servindo, sendo servida, sendo comida, sendo apreciada, ou não, sendo digerida, ou não. E tudo aquilo vai te dando um ódio, não é o ódio de uns com muitos e outros com poucos, não é um ódio social, na verdade ta mais para um ódio marginal, ódio do que vê, cria-se um sentimento de repulsa.
Legal, você esta puto, e as pessoas não param de sorrir, daí surgi uma elucubração filosófica visando que por trás de toda essa felicitas há a melancolia, que surge, que na verdade emerge da barriga dessas pessoas felizes. E isso te deixa um pouco acomodado, nisso torna à mesa e pensa em beber algo, mas se lembra que é muito caro.
Nisso você esta empanturrado e um tanto desidratado e muito, muito puto. Depois que acaba a comemoração, pois, nesses tempos modernos você só vai a esses locais para prestigiar, apenas por consideração e por amizade. Se já entra pensando na hora de quitar a dívida no caixa. E quando isso acontece, duas horas após ter entrado no seu inferno astral, tudo parece divino e maravilhoso, e o seu ser fica deveras mais calmo, mas nunca sereno, pois só há serenidade na morte. A adrenalina, a cafeína e as drogas sintéticas que movem o mundo, no meu caso só as duas primeiras.
Passado tudo isso a pior coisa é a ressaca da comida. O maravilhoso dia seguinte com dor de cabeça, enjôo, e estufamento. Muitos já cortam o mal pela raiz, já tomam um remedinho para eliminar os gases, mas acredite gases e apendicite é quase a mesma coisa, pelo menos nos sintomas iniciais. Como eu não quero passar pela faca pela mesma razão, prefiro receber todos os benefícios do meu dia karmatico de glutão!

Uma Devassa Sobre Uma Devassa, Que Não Bebia Devassa

Depois de um tempo as coisas começam a ficar chatas, muito previsíveis, aí você fica num misto humoroso mal humorado escroto, meio entediado e meio fastidiado. É sempre a mesma coisa: quebra de sigilo bancário de algum corruptor brasileiro, desastre no mundo, chefe da máfia preso da Itália, atentado tentado de um atentado terrorista fracassado e subjugado pelo sistema repressor, algum caso de morte estranha de uma feliz criança brasileira, que fica na mídia por dias, semanas, meses, e nunca da em nada. Criam tanto caso, sensacionalizam, para chegar a nenhum lugar, e nisso deixam de transmitir coisas mais importantes, acredite sempre acontece algo de conjuntura global que é mais importante do que a mitificação da imagem de uma criança morta. Esse é o meu medo de ser um funcionário deste maldito sistema manipulador, por isso que eu gosto de trabalhar com comida: sempre tem um que fica feliz por eu ter escrito que os políticos brasileiros, em sua grande parte, são porcos e que eles deviam ser assados pelo sistema, como belos e rechonchudos leitões à pururuca, que nem mesmo os pobres ousariam comer deste belo e podre prato.
Malditos “occhiali da sole”, maldito Snoopy, maldito Joe Cool eu, maldita cacofonia! Maldita metonímia!
Foi desse nefasto cotidiano holandês, que eu pensei em me tornar um detetive particular. Daqueles bem clichês mesmo, um misto de Bogart com Walter Neff, do Pacto de Sangue, do genial Billy Wilder. Seria aí que eu ficaria bem mais noir.
Imagine eu sentado na minha cadeira de couro, no meu escritório na Rio Branco, bebendo uma Devassa Ruiva e escutando um Dorival, ou um Coltrane, tanto faz. Quando abruptamente entra pela minha porta uma linda e bela devassa loira, pedindo a minha ajuda, pois ela se encontrara culpada de um assassinato, mas ela me afirmara que não fora ela, nisso entro nessa devassa, passando por bares, danceterias, hospitais, casas de família, restaurantes chineses, bocas de fumo, atravessando uma riquíssima trilha sonora de sons esdrúxulos e de musicas manjadas. E lá pelas tantas vejo que estou apaixonado pela loira devassa, compro a causa dela, devasso ela, e mesmo ela sendo culpada pelo assassinato do primeiro-ministro da Etiópia e pelo desaparecimento de um grande rubi em forma de falcão, o meu cego amor não me deixar ver isso, quando paro para abrir os olhos e olhar para frente, vejo apenas os lindos ladrilhos da piscina do Copacabana Palace. No final a devassa me pora numa furada e eu nem pude beber a minha última Devassa.

Terras Sem Pecado

O Brasil é foda mesmo, pejorativamente falando. Pois até um dos heróis mais respeitados pela sua fibra moral conseguem se corromper no lado de baixo do Equador. Nunca imaginei que o Batman poderia chegar a esse nível tão baixo, ele deve ter desistido de tudo, visto que sua vingança foi pro espaço, resolveu tacar tudo no ventilador. Afinal quem vigia os vigilantes? Com isso houve o excesso de poder e o tão vil cavaleiro das trevas fez de sua antagônica anti-heróica pós satírica noir, se tornar um tão manjado neologismo pleonástico miliciano hollywodiano de cunho imperialista.
Na verdade não fora apenas o morcego, foi toda a Liga da Justiça. Malditos santos de pau oco! Bastardos! Essa coligação heróica se transformou em tudo que eles desprezavam. Parece até que o Brasil é um universo paralelo onde tudo acontece ao inverso ou não existe, deve ser por causa de nosso clima ameno e por nossa pudicidade exacerbada, o nosso belo sentimento ufânico.
Mas, veja que mesmo toda essa meia dúzia de heróis caídos somente o morcegão é humano. O Superman, nem mesmo deste planeta ele é! Ele é apenas um hospedeiro, um imigrante, um indigente. E ele faz basicamente o que o imigrante mexicano faz nos Estados Unidos: veste as cores da bandeira de uma pátria que não é a sua e chora de banzo pela sua pátria esquecida/destruída, fora que ele, e como todos os imigrantes, ajudam a acabar com a pátria que lhes dá teto. Tem o Flash, o Lanterna, são terráqueos, mas têm super poderes; a Mulher Maravilha é amazona grega, e o Batman só tem ódio no coração e sede de vingança. E é por esse fato, dele ser o único humano normal, sem nenhum poder, cheio de dinheiro, e com vontade de mudar o mundo, que me traumatiza em ver ele miliciando no Rio.
Acho que o morcego gringo subiu no morro e bebeu cachaça, fumou maconha e obteve a graça, e neste momento de claridade viu que poderia ser o vigilante daqueles oprimidos, e ainda tirar um troco. Ele foi o pioneiro da Liga, depois falou com o Superman, que falou com o Flash que falou com... . E assim se procedeu a transferência da Liga em todos os âmbitos possíveis que possam ser extraídos dessa palavra, da localidade até campo de atuação.
Ainda falo mais, já que botei as cartas na mesa vou mostrar também a minhas Balas, acho que essa fachada de heróis bonzinhos, lutando pela causa da humanidade, incentivando jovens, criando nerds, durou até que muito tempo. Enfim as franjas de algodão foram puxadas e o verdadeiro caráter destes honrados senhores foram mostrados, pena que foi no lado de baixo do Equador, as terras sem pecado!