sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Futebol, O Ópio Do Povo!

A única coisa que Marx errou, a meu ver, foi na questão do ópio do povo. Que a religião é o ópio do povo isso é inegável, ainda mais este belo argumento da sustentação a sua tese e a sua crítica a Igreja. Mas para mim, o verdadeiro ópio do povo é o futebol, pelo menos no Brasil.
Na verdade me sinto muito ousado a discutir com um cara desses, mesmo este estando morto a mais de um século me sinto um tanto envergonhado em discutir com uma barba daquelas, quando tiver uma barba tão imponente quanto à dele vou começar a criticá-lo duramente, mas ainda não é hora nem lugar para tal.
Tudo bem, religião é ópio do povo, concordo, nunca irei discutir quanto a isso. Ainda mais vivendo num país “cristão”, que de cristão não tem nada, o povo brasileiro é cristão para inglês ver. Pois já me cansei de ver pessoas que se diziam da Bíblia, fazendo despachos e depois criticando as pessoas que fazem o mesmo. Acho muita babaquice destas pessoas que criticam e não respeitam o credo das pessoas. Ainda mais das riquíssimas religiões afro-brasileiras como o Candomblé e a Umbanda, isso é parte da nossa cultura, da nossa pluralidade cultural. E se um desses hipócritas estiver lendo esse texto, aprenda de uma vez: macumbeiro é quem toca macumba, e macumba é um reco-reco. Também não ouso discutir sobre as religiões de esquina que crescem até ocuparem um quarteirão e para onde vai esse dinheiro doado filantropicamente pelos fiéis para iates de mil pés.
Como já disse não discordo, mas acho que essa observação não poderia ter sido tomada em pleno século dezenove. A primeira associação de futebol foi em mil oitocentos e sessenta e três, na Inglaterra. O jogo se tornou olímpico na virada do século, e a primeira Copa do Mundo foi em trinta. A coisa ainda era muito nova para poder virar uma droga.
Irei apenas me restringir ao Brasil, veja que alguns clubes de futebol foram oriundos de grupos de trabalhadores de algumas fábricas, criados com ajuda do patrão, para desmobilizar a prática de idéias esquerdistas através de sindicatos. Já começa mal, já começa com a idéia de mexer com a cabeça do operário, depois fora piorado com a bela “política” de cerveja, samba e futebol, usada durante o período da Ditadura Militar, artifício para deixar a classe média menos triste. “Todos juntos vamos pra frente Brasil! Salve a seleção!”. Sensacional esse amor eloqüente de verbos mais hipócritas que o próprio milagre que acontecia no país no momento. O vulgo “Milagre Econômico”, a classe média teve mais poder de aquisição e o pobre de degradação, sem esquecer os “Anos de Chumbo” que tangenciavam também esse lindo momento Brasileiro. Mas a seleção ganhou! O Brasil é o país do futuro! E dá lhe sarrafo, cerveja, repressão e futebol nas costas do povo brasileiro.
Passamos por tudo isso, cheio de mortos e feridos, saímos traumatizados, quando tivemos a chance de votar, votamos na careca Neves, mas levamos o bigode Sarney. Ferramos-nos, fomos ainda mais roubados. Como aquele bigode deve ser sujo, por ter se empanturrado tanto tempo nas tetas da porca. Depois fomos surpreendidos pelo filho da oligarquia de Alagoas, que deveria ser filho da outra, pois este foi o ladrão metido a esperto, quis roubar o bolo todo e de todos, resultado impeachment. Depois veio o real topete Itamar, o cara que nos salvou. E mais recentemente o FHC e o Lula, que tem mantido bem os seus papéis. Eu não posso falar muito mal do FHC, pois na época eu era uma criança feliz que achava ele um tio do bem. O Lula vem seguindo “basicamente” a mesma política do FHC. Os maiores problemas de seu governo foram: a sua posse conturbada, os seus discursos, os quais eu acho que ele mesmo com a pouca instrução sabe mexer com a “platéia”, e os piores foram os escândalos de corrupção que vieram à tona ao longo de seu mandado.
Mas no final das contas o povo, nesse inteirinho de quarenta anos descritos acima, só se importou com: a perda da seleção em setenta e oito, a aquisição do tetra em noventa e quatro, graças ao Romário (que pessoalmente eu não gosto); a derrota para os franceses em noventa e oito, o penta em dois mil e dois, e a derrota em dois mil e seis. Isso deixou o país tão atormentado quanto todos esses escândalos políticos, mas as pessoas esquecem da política, do futebol não. Vide os enúmeros Campeonatos Brasileiros, Séries As, Copas Brasil, Campeonatos Cariocas, que são construídos em revanchismos quase que seculares.
Eu não quero que todos do Brasil entendam de política, acompanhem a nossa política, até porque se acompanhassem alguma medida já teria sido tomada, mas o que eu mais quero é que reduzisse esse fanatismo. Que um vascaíno e que um flamenguista pudessem se falar dignamente depois do jogo, pois parece que muitas pessoas — grande parte do país — adotaram essa maravilhosa filosofia cerveja, samba e futebol as suas vidas. A qual em parte eu não condeno. Mas digo que quando um dia as canelas começarem a doer de tanto futebol, os calcanhares de tanto sambar, e os rins de tanto beber, não me venham com desculpas que eu estava certo, nós vamos pagar o preço do cabresto, e quando vocês vierem me gritando para salvá-los eu apenas suspirarei, não.

Quero

Quero lhe ver descabelada
Saindo da cama
Feliz e satisfeita
Com seus lindos olhos mel brilhando
Como olhos de gato ao luar
Quero ouvir o seu ronronar
Quero você vestida com o meu xadrez
Sem graça, sem jeito
Sem roupa
Seu vestido no chão do quarto
Da minha casa ou da sua
Ou de um motel barato
É só você escolher
Para o manjar a ti eu conceder
Para a gente enfim se conhecer.

Ode Às Safadas

Não gosto das modelos siliconadas
Nem mesmo das moças recatadas
Gosto mesmo é das safadas
Por poder falar e ser compreendido
Pois não gosto de me conter
Nem ser comedido
Gosto da mulher que não precisa
Ensaiar para me dar uma resposta
Aquela que como num rompante
Improvisa com perfeição
Aquela que vai chegar aos meus ouvidos
E sussurrar belas palavras para me provocar
Aquela que consegue transmitir tudo pelo olhar
Aquela que em cama será vulgar sem ter medo de errar
Eu busco a femme fatale do noir
Tenho buscado essa safada em algum lugar
Mas nunca acho
Parece que no mundo não se fabricam mais mulheres assim
Ousadas, seguras, sensuais, inteligentes
Acho que deve sair muito caro fazer uma mulher dessas
Maldita seja a linha de produção das siliconadas recatadas
Que acabou com as minhas pobres e belas safadas.

Um Filme

Me dê outro ângulo
Para eu poder te ver
Para uma nova cena acontecer
Escolha outro cenário
Para agente se amar
Vamos elocubrar, vamos improvisar
Escolha a sua roupa
De preferência sem roupa
Pois se você a puser
Esta eu vou ter de rasgar
Agora pegue o vinho
Deite na cama
Se ajeite, se acomode, apague a luz
Deixa que eu bato a claquete
-Ação! Esta na hora de me amar...
Baby, eu vou lhe realizar.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Reticências Para Calar Você...

— Só posso disser uma coisa...
É sempre assim... Começa bem e acaba mal... E você pensa... Malditas reticências! O clássico símbolo composto por três pontos finais em uma seqüência retilínea quase que ilógica... Hermeticamente posicionado em começos, meios e fins de outra seqüência, só que desta vez de palavras, cujas quais às vezes não querem fazer o menor sentido. Pelo dicionário as reticências servem para indicar a omissão de um comentário ou idéia que não quis ser expressa pelo interlocutor, com o intuito de deixar algo para ser subtendido, fazendo a multiplicidade de sentidos, coisa que deixa o outro locutor louco!
— Você sabe...
É sempre assim, você acha que sabe, mas não sabe de nada... Para mim as reticências são as expressões máximas do simbolismo modernista. Você há de concordar comigo, caro leitor, que os três pontinhos são largamente usados no dia-a-dia da rede global, através da grande teia internacional chamada Internet, através de seus meios de comunicação, sites de relacionamentos, programas de relacionamentos, ferramentas de relacionamentos, e-mails de relacionamentos, tudo de relacionamento! É para isso que serve a Internet: relacionar pessoas, animais, robôs, etc.
— Eu gosto de você...
Até parece. Rapaz enganche o seu computador no gancho. ¬Ela não quer nada com você, é sempre assim. Se você ainda não entendeu, vou dar uma dica, reticência vem do latim e quer dizer, a grosso modo, calar alguma coisa, no caso, você! É incrível como às vezes as pessoas não notam que é para ficar calado. E olha que esse termo tem muitos anos de existência, vários de derivação, sobreviveu bravamente até chegar ao século vinte e um para que até hoje algumas pessoas não entendam que o que realmente as pessoas querem quando usam deste artifício é que o outro fique calado!

Ponto De Ônibus

A vida começa e pode terminar lá. Tudo pode acontecer. O ponto de ônibus é sensacional, pois o ponto é cosmopolita, é politeísta, é apartidário, assim como uma bunda; o ponto é compreensivo, é repreensivo, o ponto é bipolar, apolar, o ponto de ônibus é a máxima representação do mais inegável do ser humano: a mudança.
Sempre mudamos isso é inevitável tal como um ponto de ônibus. Ele sempre esta diferente, toda hora ele muda. Temos essa rotina de mudança também, só que em períodos maiores. Mudar não necessariamente quer representar indiretamente uma evolução porque às vezes mudamos para o mal, regredimos, do mesmo jeito que evoluímos, por fim nós vivemos.
Já me despedi de amores e já vivi horrores, como já nadei em flores e já colhi meus louvores. O ponto é um voyeur, sempre presente presenciando a vida de todos, vendo a vida passar e se divertindo muito, é como a sua vida fosse estar dentro de um cinema vendo todos os tipos de filme, do pornô ao drama. Só não ganha das árvores, pois algumas até já mataram mais gente do que a guerra civil do Rio de Janeiro.
Os pontos de ônibus são um misto de divã com Shangri-lá. Na verdade parecem mais teatros, pois vivemos vários papéis diferentes como: revolucionários, caretas, canalhas, poetas, santos, políticos, mocinhos, bandidos. Sempre dependendo da situação, pois o homem é produto do meio.

Vinte Centavos

Sexta-feira de manhã, último dia da semana para as pessoas sensatas, penúltimo para os masoquistas como eu. Chego ao ônibus, sonolento como sempre, entro, paro em frente à roleta, abro a minha carteira com dificuldade e tiro a linda nota azul de dois Reais, deixando para trás uma irmã triste e solitária e um mico-leão-dourado, nem sei como ele sobreviveu a semana, é difícil para eu começar o fim dessa com algum bicho em extinção na carteira. Após retirar a nota, tarefa simples até para um bêbado. Parto para a outra não tão simples missão de pegar os vinte Centavos. Abro o porta-níqueis da carteira e começo a pescaria embriagada:
- Cinco. – Bom começo.
- Cem Cruzeiros. – Não nessa época.
- Cinco. – Agora só faltam dez. Já passara eu um ponto em pé catando moedas.
- Um Krone – Só na Dinamarca.
- Um Real – Muito.
- Um Dime – Só nos States.
- Dez Centavos – Até que enfim, dois pontos em pé para vinte centavos, que epopéia cabalística.
Finalmente entrego o dinheiro a trocadora, a qual lança a gracinha:
- Foi difícil, hein? – Sem graça eu respondo:
- Ham! Como Fora! – Passo a roleta, guardo a carteira, sento no banco. Meio estressado e acordado. Ainda com Morfeu ao meu lado, para piorar tudo, não cochilei, não dessa vez. Chegando ao ponto final saio do purgatórial coletivo gelado e volto a minha quente rotina infernal.

Parabéns Alegria

Tentei escrever algo mais poético ou sedutor,
Ou até mesmo eloqüente para lhe engrandecer,
Neste seu momento de louvor.
Não consegui escrever nada que prestasse.
Apenas rimas sem sal,
Com floreios sem alma,
Que com certeza nunca sairiam pela minha boca.
Serei o mais sincero com você, como sempre sou,
Digo apenas que guardo um presente pra você,
Em meus lábios.
Se você aceitar ficarei muito feliz,
Se não aceitar não ficarei triste,
O que importa é a intenção,
Pois eu só te quero ver alegre Alegria!

Acontece Conosco

Fico feliz por você ter entendido
Não gostei muito da resposta que você me deu
Mas já foi digerido
Entenda que tudo fora compreendido
Não fico triste nem machucado
Eu sou persistente e ainda terei você do meu lado
E como um grande sábio professor escreveu:
Eu sou um menino guerreiro
Um dia terei o teu amor por inteiro...

Ode À Onça

Me pedir um poema,
É como pedir para me amar.
E se tu muito insistires,
Um tango iremos, nós, bailar.
Vossa senhorita como uma onça prestes a me abocanhar,
Com teus selvagens lábios de mel tu irás me beijar!
Eu como um caçador que prezo
Recordo-me do clássico provérbio:
Dia da caça dia do caçador.
Enfim chegou à hora deu conhecer o seu amor!

Resposta Simples

Quando me perguntarem
Se eu prefiro ser solteiro ou mal resolvido
Vou responder que prefiro ser solteiro
Pois ter um relacionamento mal resolvido
É como fazer um samba no escuro
É como ter e não poder
O maior problema é o vínculo que se cria
E que não se quer desfeito
Eu ainda ousaria responder também com uma pergunta
Você quer?
Se quer, é só fazer...

Hipopotomonstrosesquipedalofobia

Só posso dar esse parecer sobre essa imensidão de letras que compõem esta grande palavra, caos. Palavra tão caótica que o meu lindo computador se recusou de me deixar inseri-la no texto. Ele fez birra, bateu pezinho, rodou a baiana, tentei três vezes ele a recusou em todas, também não tento mais. Acho péssimo quando o estrangeiro tem a oportunidade e não reconhece a grandiosidade do brasileiro.
Tem-se fobia há filia. É meio estranho pensar nisso, mas todos nós temos um pouco dessas duas, aquele medo irracional contra o paralelepípedo na segunda série e aquele tesão racional em poder usar do mesmo para encher linguiça no texto no último ano do colégio.
Eu digo logo, eu desde pequeno tenho medo de cachorro, antes era pavor, mas hoje em dia eu continuo tendo medo de todos os cachorros grandes, ou aqueles pequenos esquizofrênicos. Na verdade é aquilo, eu olho pro cão e se eu sentir nele aqueles pensamentos diabólicos de querer me assustar com o latido ou de se investir contra a minha pessoa, eu desvio do canino, se não eu permaneço no meu rumo. Fazer o que? Tem gente que não tem medo de paquidermes e equinodermes, ou então de pular de um edifício sem pára-quedas, mas eu não sou esse tipo de gente suicida.
Mas mesmo assim cada um com seu cada qual, essa maldita palavra é a incorporação do caos. Não há como enumerar os fatos, pois estão embolados. Tudo começa por essa palavra não ser muito corriqueira, não é muito fácil de usar no dia a dia. Com isso vem o problema da maneira certa de se falar, fora que até você conseguir fazer a pronúncia perfeita dela vai demorar uma eternidade. E também ela ocupa um período da sua sentença em uma conversa, pelo seu tamanho não da pra se falar rapidamente sem comer alguma letra, por fim, o hipopótamo monstro que tem fobia de esquiar com o pedal, além de ser inviável numa conversa seria uma cena muito esdrúxula para ser avistada e imaginada.

This Town Is A Lonely Town

—Forget it, Jake. It's Chinatown.
Mais de duas horas de filme para escutar essa frase, que me deixou sem palavras, não tenho adjetivos para me expressar, somente digo: é a frase! Bem para mim foi uma hora de filme, peguei o filme meio que da metade, coisa que me deixa bem chateado, mas pelo menos deu para entender um pouco o desfecho do filme. Não vou lhe dizer o filme, até porque não o sei todo para poder comentá-lo, apenas me resguardo a última frase.
Minha primeira crítica é bem simples, porque não se usam mais essas frases impactantes nos finais dos filmes? Entendes, é um porre parece que todo filme termina com morte, como o vilão do filme, maldito e clássico maniqueísmo; ou então com aquele ar de que vai ter uma continuação, como a justiça não foi feita, ou que o bruxinho vai ter que estudar mais para ser o cara! Isso também me lembra a grande pergunta e a bela resposta:
—Tell me. What is it?
—The stuff that dreams are made of.
É um problema muito sério, esse conformismo perante a violência, o problema é que essas coisas nunca saem de moda, sempre serão atuais. Posso ver esse filme de novo daqui a vinte anos que ele continuara atual a minha realidade carioca. E eu sempre vou dizer, a mim mesmo, a mesma coisa quando ele terminar:
—Esqueça isso, Léo. É o Rio de Janeiro.

Elegia Ao Mosquito Chamado Zé

Era eu ou ele, eu pensei.
Vendo o truculento, o assassino, o mosquito,
Me acanhei.
Ele estava parado, indefeso; seria eu o assassino do assassino?
Não importa!
Por este ser não morrerei,
Vou ser tão rápido que já minhas mãos eu sujei.
Fora uma sentença tão irrefutável,
Que por fim exclamei:
- Maldito, lhe matei!