terça-feira, 21 de julho de 2009

O Vestido

Pergunto-te primeiramente
Se o vestido que tu tavas ontem
Era para chamar a tensão ou para me provocar?
Se foi para chamar atenção, tenha certeza que as massas tu agradou;
Mas se foi para me provocar, tenha certeza que tu me deixaste,
Nervoso em poder ver, mas não admirar,
Diretamente as tuas belas pernas
Cobertas por um pequeno pano que as mal cobriam.
Digo-te que a minha situação fora complicada,
Não sei se o sentimento era recíproco,
Mas eu bem queria conversar com você,
Em outro lugar, usando outras palavras,
E talvez num outro ângulo
Podendo ver no chão o meu xadrez em cima do seu vestido.
Eu em pé com uma cerveja a mão e você deitada na cama,
Eu me sentiria um deus realizando o milagre ancestral:
Mon chérie, o pecado original...

Favela XIX

A favela no Brasil começou no século dezenove. Ta assustado? Ouso ser mais preciso, a favela começou no ano de 1888 com a maravilhosa Lei Áurea, assinada pela feíssima Princesa Isabel. A lei que deixou o negro solto no mundo, como um recém nascido, só que sem os cuidados médicos adequados; desse jeito o negro ficou sem ter para onde ir e para onde voltar, pois os seus antigos donos já mais não os queriam mais!
Fazendo deles assim ainda mais apatriados. A marginalização foi crescente, quem ia dar de trabalhar a um ex-escravo. Foi a partir daí que começou, ou se agravou o racismo, o preconceito, a exclusão social, a violência, coisas que essa abolição da escravatura não se responsabilizou. O problema é que esqueceram de botar a cláusula da conscientização social nesta.
Se coloque na situação do cara que fora trazido da sua terra para outra terra, ou de um cara sem saber de quem nasceu. Sem saber da sua história, apenas sabendo que tinha que cortar cana, ou achar ouro, ou café, ou vendendo frutas, ou sendo ferreiro, ou sendo mucama, e que era coagido, humilhado, mal tratado, chicoteado. E agora depois de anos você estava enfim liberto socialmente e espiritualmente, sem ter pra onde ir e sem dinheiro, o que você faria?
É muito complicado ver esta parte feia e altamente interessante do Brasil, que a maioria das pessoas tem um misto de medo e nojo. A favela, a favelização dos morros ou dos espaços urbanos, é uma questão muito complicada. A favela já foi terra de gente pobre e honesta por muito tempo. Era pobre porque era excluída pela sociedade por questões de cor, e era honesto porque o seu coração nobre não o mandava fazer que nem os outros de cor. De uns tempos pra cá por varias questões começou a se intensificar o banditismo social, talvez por pura maldade, ou por necessidade, ou por uma questão de classe, como diria o grandessíssimo Chico Science.
É fato que a violência cresceu absurdamente e abruptamente, mas também o que pode ser falado de uma realidade esquecida, deixada de lado num mundo de exclusões. O crime organizado é que nem uma criança, fazendo de tudo para chamar a atenção! Foi assim que eles conseguiram, não saem da mídia, todo dia eles são primeira capa! A culpa é da vitrine da loja chamada classe média que institui e dita o que a criança quer. Ai a mãe vai e entra com o maternalismo, para tentar apaziguar a situação incontrolável do moleque levado a bessa, fazendo PAC, favela bairro, programas de incentivo a cultura, entre outros assistencialismos, como as Bolsas Família, Saúde; que sempre brotam a cada semestre pros homens bons levarem mais um dim dimzinho.
Não adianta chorar no leite derramado, eu não consigo ver uma solução eficiente para melhorar esta situação, até porque quando esta for achada os marajás no poder vão acabar escondendo para continuar com este sistema de escravidão altamente lucrativo, o problema é que hoje em dia nós não temos nem mais os quilombos para recorrer.

Alface, O Monstro Das Apresentações Gastronômicas

Há certas coisas na vida eu nunca vou entender, algumas delas eu não ligo muito de entender, até porque se eu descobrir o sentido da vida, o meu samba vai acabar. Mas tem uma meia dúzia de três ou quatro coisas que me são muito indigestas, como esta:
-Por que!? As pessoas põem a droga da alface para melhorar a apresentação de um prato?
Digo-te, que não tenho problemas com essa leguminosa, até faço-lhe uma média clássica, como para prestigiá-la, não gosto muito, mas fazer o que? Tu chegas a um estágio na tua vida que você esta comendo de tudo e todas, com ressalvas.
Não tem sentido por a alface para melhorar a apresentação, é quase um paradoxo, ou uma antítese, fazer isto, pois para mim, o que ta no prato é para ser comido e ninguém come aquela planta! Também é um grande desperdício de comida, tanta gente passando fome no mundo. E também é anti-higiênico, pois você acha que nos restaurantes eles sempre estão cortando alfaces fresquinhas para botar na bandeja do filé e das fritas, em tese sim, mas acho eu que isso não deva acontecer.
Só para relembrar não tenho nojo de comida, mas sim de suas apresentações.
Talvez essa seja mais uma das questões que eu só vou entender após chegar a um nível de iluminação, espiritual ou alcoólica; mais superior, ou não. Na verdade eu tenho vontade de saber quem foi que inventou esta coisa asquerosa, nojenta, tosca e anti-solidária de deixar a alface ali suando abaixo da comida!
A salsinha pelo menos da um saborzinho, pode ser meramente ilustrativa e demonstrativa, mas é gostosa. Mas a alface suando embaixo de um gorgonzola, no canto de uma mesa de frios, quatro horas de apresentação, sem parar, sem dar uma refrigerada, toda ensebada, suada, rançosa, é um horror, o típico filme B de terror moderno. Volto a dizer pelo menos a salsinha da um sabor.
Acho que as pessoas deveriam anunciar quando a comida vem com aquela folha de alface, deveria ter um desconto para quem pedir sem a apresentação, até porque você não quer comer alface! Se você quisesse comer alface pediria uma salada de alface, pagaria caro, não ficaria satisfeito e depois pediria o prato principal: o belo, o santo bife com fritas sem a alface! Só que o garçom acha que você é um viado e nessa, ele não passa a informação para o chefe que põe a droga da alface. A culpa não é dele, o erro não é na base, é no topo. E vem o bendito bife com a alface suada, contaminando o sabor e o tempero hermeticamente preparado, você fica nervoso, estressado, cheio de ódio e come o prato que você pediu, puto e feliz ao mesmo tempo.
Eu estou cansado dessa demagogia gastronômica! Morte a esses hipócritas, lugar de alface é na salada e de salsinha na comida árabe!

No Simbolismo Mio

Não há simbolismo em versos esguios,
Que se confundem em belos semblantes, errantes.
E se você vê simbolismo em ereções e regurgitações,
Por favor, abra os olhos para ver os aviões!
As coisas não são reais por serem reais,
As coisas são reais, porque são normais!
Mas se você:
Na sua irrealidade transborda um simbolismo escroto,
Por favor, meu amigo, seja roubado dentro de um horto!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Funk Do Carioca

O funk é igual ao Rio de Janeiro, cheio de poluição sonora. É só você prestar a atenção e filosofar um pouquinho que você ira entender. Veja só, no funk sempre tem aquela voz feminina esganiçada dizendo, quer dizer gritando, palavras como:
-Solta essa porra!
Há também a voz masculina quebrando o tempo, pode ser gritando ou então em voz baixa para fazer uma contraposição com a voz feminina, proferindo palavras como:
-Vai sentando!
Tudo isso acompanhado de uma bela batida bem ritmada e empolgante, o clássico:
-Tchum tcha tcha tchum tchum tcha!
E numa sintonia perfeitamente hermética e cadenciada estão os barulhos de fundo, que são deste outra batida quase igual à batida básica, passando por gaitas diatônicas, trompetes, barulhinhos de msn até o maior clichê do funk: a clássica midi de tiro de teclados Casio.
Tirando esses fatores pragmáticos perfeitamente entendíveis depois de um engradado de cerveja, tem o fator que só depois de duas garrafas de Jack que a questão começa a ficar, como se diria menos esdrúxula. É simples, é só você entender que o Rio de Janeiro teve que evoluir muito para chegar ao nosso caos sonoro e urbano. Ele já foi uma vila, uma cidade, uma metrópole regional, e enfim uma metrópole nacional que sofre fortes influências das ondas de influência de São Paulo. Mas um dia, nós ainda vamos virar o jogo: tornando-nos uma cidade cosmopolita! É fato que o nível de barulho de hoje é muito maior do que há quatrocentos anos atrás, é claro que para aquela época o Rio era barulhento também, mas em proporções diferentes.
Agora veja como é diferente o funk de ontem para o funk de hoje em dia. Se você pegar uma música do início e for comparar com o mais recente proibidão, você irá entender a metáfora carioca e você também entenderá porque essa febre carioca deu certo e vai entrar para história. Mesmo não sendo fã, tenho que ter respeito por essa coisa tão carioca, fruto do nosso caos urbano e da nossa luta de classes. Enfim, para terminar digo:
-O funk carioca é o reflexo exagerado da nossa alma fluminense!

domingo, 12 de julho de 2009

Ratos Aperitivos

Existem poucas coisas no mundo que me estressam num bar. Além da falta de cerveja e a alta especulação monetária do cardápio, a coisa que mais me irrita são as comidas denominadas aperitivos. Quando eu vejo uma coisa dessas parece que estou vendo os fantasmas dos Natais passados! Prefiro comer um acarajé servido pelo chifrudo do que ver uma anomalia destas.
Essa é uma questão que Freud não conseguiu explicar: porque as pessoas se animam tanto quando vêem aperitivo após o nome da comida, como por exemplo, o clássico, filé aperitivo. Este ser pode até ser muito bom, mas parece que a porção fora feita pelos Vigilantes do Peso, e é ai que entra a questão: quis custodiet ipsos custodes? Malditos hipócritas parecem pastores evangélicos, pregando sermões que não existem.
É uma questão terrível. Tu comes dessas comidinhas aperitivos, que vem pouco, não rendem, às vezes vem fria, podem ser boas, mas são sempre muito, muito caras! Essas mais-valias de boteco são uns verdadeiros estorvos, pessoas morrem, ou pelo menos acabam lavando o prato, para pagar a mal (para mim), e bem (para o dono), provida conta.
A “comida aperitivo” é um câncer de botecos, quase sempre existente em botecos chiques. Aqueles tradicionais pés sujos reformados, ou então os bares de marca, que são aqueles que só a elite vai, não por causa do bar, mas por causa do nome; isso tudo reflete a falta de criatividade dos donos e também o toque da globalização nos botecos, as malditas franquias. A comida aperitiva só não conseguiu infectar os pé sujos, com o seu adorável ambiente nada familiar, com a tradicional família de rato, já na enésima geração de roedores cinzentos. O bar feio de comida boa e barata, o bar heroi, o tipo de bar que eu mais gosto de ir para filosofar em conjunto, com meus educadíssimos amigos neandertais. Pois qualquer coisa, a nossa falta de educação ou o nosso excesso de pudicidade que agride a ordem e o caos vigente, pode ser explicado pelo simples fatos de estarmos bêbados e todos acreditaram sem polemizar. Mas a melhor parte é a conta, dez contos de reis para cada um dos integrantes que se encontram empanturrados, embriagados e filosofados.
Te digo seriamente não tenho nojo de locais, só porque você vê os rattus você não come lá, mesmo a comida sendo boa a cerveja gelada e com a conta barata? E quem disse que não tem coisa pior na cozinha de bons restaurantes, que são caros, nem sempre com a cerveja gelada e com a comida podendo ser ruim. Já vistes Ratatouille? O filmezinho da Pixar do ratinho cozinheiro, achou bonitinho? Então, é um rato cozinhando para outros ratos, e se bobear às vezes esses ratos cozinham melhor do que nós ratos!

sábado, 4 de julho de 2009

A Supernova Jackson

Luto, desespero geral, o pop perdeu o seu rei, (in) felizmente o Michael Jackson morreu.
Não sei o que enaltecer sobre essa figura, só posso me permitir às trivialidades: rei do pop, o revolucionário dos videoclipes, o imperador das coreografias, o pai dos clichês do mundo moderno, Michael Jackson é comparável ao Dia Que a Terra Parou é para os filmes de ficção científica, pois depois deles tudo virou clichê.
Muito mais que isso Michael Jackson é a prova de que o meio é cruel e corruptor, ditando um padrão excludente e altamente seletor. Por causa disso, o belo negro Jackson virou o feio branco Michael! Ninguém sabe ao certo como foi a sua transformação, muitos alegam vitiligo, coisa que pode realmente ter ocorrido; se de fato foi essa a sua causa para metamorfose vale lembrar que ele podia ter se tratado, mas não o fez. Só foi piorando fazendo milhares de plásticas para padecer mais branco e menos negro.
Não vivi a época do seu surgimento, tudo aquele estorvo que ele fez cantando com seus irmãos aquele funk e soul, depois sua emancipação e seu crescimento e amadurecimento, lotando milhares de estádios, seus discos de platina, seus hits em danceterias e boates. Apenas fui contemporâneo a sua outra época de estorvos, de suas polêmicas, de seus escândalos, das ações judiciais, das plásticas, apenas vi toda a sua decadência branca.
Demorei muito para aprender a gostar dele, nesta sexta fico até um pouco triste com isso, pois esta é a terceira vez que isso me acontece, não dar valor a um ídolo em potencial. A primeira vez que isso aconteceu foi com o Dimebag Darrell e a segunda vez foi com o Bezerra da Silva. Muito tempo após as suas mortes eu comecei a gostar deles, não sei se isso irá acontecer comigo mais naquelas épocas remotas eu não gostava nem de thrash e nem de samba, vale a pena relembra o que Einstein disse: “a mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original”.
Maldito meio corruptor, maldita Coca-Cola, maldita Barbie, maldito american way of life, maldita imposição cultural de supremacia branca! Tenho certeza de que o vitiligo nunca existiu, mas também não sei como ele ficou branco. Certas coisas é melhor não entender, mas a grande questão é que ele quis virar branco, porque deve ter achado que como um negro ele não conseguiria nada, acho isso bobagem. Nessas horas que sinto vergonha da minha cor, sempre maltratando, arranjando desculpas esfarrapadas, sempre dominando, a única que vez que o branco foi dominado foi no Haiti, salve Toussaint L’Ouverture! Mas este fora um caso isolado e que até agora nunca mais se repetiu, que pena.
Acho que minhas lágrimas não farão muita falta, até porque muitas pessoas vão chorar muito por ele, um gordo a menos não vai fazer falta. Até porque nessa vai vir àquela onda de fundações de apoio aos fans carentes de Michael Jackson, entre outras coisas assim; e nessa todo mundo vai esquecer do mundo pelo luto e nisso o Rio Negro vai continuar a transbordar, o Irã só vai piorar, conflitos vão rolar e ninguém há de noticiar, de falar! Esse é o grande problema da morte das grandes estrelas, a supernova que elas fazem pós as suas mortes.

A Violentada Violeta Roxa E A Abelha Viril

Não fazia nada naquele momento, típica coisa que trabalhadores e estudantes fazem nos feriados. Estava parado encarando o monitor do micro como se ele tivesse as respostas para o meu problema, falava com uma meia dúzia de duas pessoas pela internet e escutava um jazz, desse meu dilema surgiu uma fome em mim, tinha acordado a pouco já soavam as badaladas do almoço e eu ainda não havia tido o meu desjejum. Foi por causa disso que eu resolvi ir até a cozinha pegar uma barra de chocolate para comer.
Ainda não tinha comido o meu primeiro pedaço do chocolate, estava pondo a Coca no copo, e curtindo o jazz que vinha do além, estava olhando para fora da janela pela janela, mas estava eu na pia. Olhava para as plantas da cozinha, me encaminhava para a janela para olhar a grandessíssima grandeza de um céu de feriado, quando me deparei com uma abelha no meio do meu caminho. Assustei-me, dei uns passos para traz, voltei a pia peguei o segundo ou terceiro pedaço de chocolate e comecei a observar a abelha.
Ela não queria fazer mal a mim, estava apenas seduzindo ou sendo seduzida pela violeta roxa, até agora não compreendi. Estava numa boa posição comendo chocolate e bebendo Coca e vendo uma abelha tentando pegar o pólen da violeta, talvez para uma possível polinização, ou para fazer mel mesmo, realmente não entendo desse campo da botânica e da apicultura. Sou apenas um vouyer em potencial fazendo teses e estipulando fatos.
Realmente a cena fora engraçada, eu meio que me senti o Pasolini, toda aquela penetração explícita acontecendo na violeta pela abelha, aquele sexo polinizante vital, e eu lá o gordo vouyer comendo merda e bebendo Coca. A cena fora tão perfeita que quando a música acabou a abelha se deu por vencida/satisfeita e deixou a pobre violeta roxa antes de ter tentando algo com o manjericão e com o cacto. Tive pena daquela violeta roxa, fudida e mal paga, igualzinha ao Brasil.

Suporte Para Pizza

Não sei o teu nome, mas sei tua função, sei o que tu és, sei para que tu serves, mas não sei o nome da tua profissão. Tu és pequeno, és de plástico branco, tens um corpo achatado e circular, não és gordo, e pode ter um buraco no meio, pode parecer com um falecido escuto português ou com um ativo krone dinamarquês. Tu te sustentas por três pernas finas e cilíndricas, teu trabalho é dos mais honestos e mais nobres do mundo, trabalho honesto mesmo, o problema é, que quem pede os teus serviços, pode ter um caráter duvidoso.
Ele acompanha o alimento mais amado do mundo, desde italianos mafiosos a policiais paulistas, não, não é a caixa da pizza! Mas sim o que há dentro dela. Não, não é a pizza! Sendo esta a mais importante, mas não menos importante do que um dos inventos mais fantásticos do homem: é aquele aparado de plástico que não deixa o queijo encostar-se à tampa da caixa, chamado genericamente pela empresa que o fabrica de suporte para pizza!
Este plasticozinho vagabundo é para algumas pessoas uma coisa vital e para outras ele nem é tão crucial. Eu não me importo muito, mas dou muito valor ao tal por ter essa função nobre e vil ao mesmo tempo, manter o apartheid entre a tampa da caixa com a pizza. Essa pessoa de boa índole, cheia de pensamentos literalmente centralizados, não deixa que a portuguesa caia de boca na calabresa, ou que as calabresas comecem um processo de expansão queijita, destituindo a sua territorialidade soberana portuguesa, literalmente chegando de ladinho na portuguesa.
Nisso tu ligas todo serelepe para a pizzaria, a atendente te atendes toda atenciosa e feliz, com sua voz sexy e sedutora, tu pedes uma calabresa gigante, ela da uma risadinha diz o preço ao mesmo tempo em que imagina coisas inapropriadas a menores de dezoito anos, você aceita, ordena, diz que vai pagar com dinheiro vivo, e esta mesma diz a você que a pizza chegara a sua residência por volta de trinta minutos; e tu ta lá: esperando a pizza, feliz e contente, botando o vinho na geladeira; nisto chega o motoboy com a divina, este não tão divino, um tanto cansado e abatido e puto da vida, este chegara rápido porque esta era a sua última entrega do dia, tu entrega-lhe o dinheiro e ele lhe entrega a pizza, você lhe deseja boa noite, fecha porta, abre a tampa da caixa da pizza e se depara com o caos, vê que a ONU não interviu pacificamente naquela guerra civil que acontecera entre as calabresas, tu ficas muito puto, mas comes, acompanhado do vinho chileno, tu acabas de comer, lavas a louça ainda com aquela sensação orgásmica, quando de repente, estoura a guerra quente em sua barriga, tu corres ao banheiro e acabas com aquilo, tomas um banho, vais dormir, tens terríveis pesadelos com a pizza, acodas puto de manhã e se indaga:
-Porque a pizza não veio com o maldito bagulinho de plástico?
Você se responde: porque Deus quis e porque a Crise quis. Nisso tu ficas mais puto, escreve esse texto em catarse, mesmo sabendo que não vai adiantar de nada o seu protesto fatídico e sabendo que isso não tem fim e que o mundo é um ouroboros, um ciclo eterno sem fim! FIM!