Era uma vez um analista de telecomunicações chamado Juca. Juca nasceu com uma grande maldição: nos momentos mais importantes de sua vida tocaria uma música. Ele recebeu esse nome por causa da música Juca do Chico, que tocava quando ele nasceu. Por um acaso, alguém tinha esquecido um rádio ligado dentro da sala de cirurgia.
Sua vida foi sempre difícil por causa desta maldição. Quando ele ficou apaixonado pela primeira vez tocou Exagerado; no seu primeiro dia de aula na faculdade, no dia do trote, tocou Welcome To The Jungle; em seu casamento tocou a Imperial March; na primeira vez que ele corneou sua mulher com uma profissional do sexo tocou Eu Não Sou Cachorro Não; quando ele se envolveu numa briga com o patrão tocou Eu Despedi O Meu Patrão, e por aí vai. Esse repertório já foi de Calypso a Miles Davis, parece que Deus revolveu escolher o Tarantino para ser o anjo da guarda referente à trilha sonora da vida dele. O engraçado é que sempre passa um carro de som, ou um rádio está ligado, ou até mesmo está passando um clipe na TV, é realmente constrangedor.
Juca já procurou por várias vezes especialistas de diversos campos, e áreas de atuação para tentar encontrar uma explicação. Primeiramente Juca foi procurar um psicólogo que disse nada coeso o suficiente para ser uma resposta; depois um psicanalista e nem Freud conseguiu explicar; foi a um pai de santo e este disse-lhe que era olho grande; procurou também cientistas que não concluíram nada de sobrenatural, disseram ser só o cúmulo do acaso da coincidência moderna e contemporânea de sempre ter um aparelho transmissor de altas freqüências nos locais que acontecem as situações.
Por causa dessa coincidência secular cotidiana de Juca, que não tem explicação, Juca foi forçado a pedir ajuda a pessoas erradas, começou a pedir dinheiro a agiotas, virou um usuário, agora Juca pode ser encontrado dentro de um manicômio, esperando o dia em que a sua última música irá tocar.
terça-feira, 31 de março de 2009
Um Nove De Ouros E Um Valete De Espadas
Um nove de ouros e um valete de espada foi tudo que eu encontrei de real na minha vida. Se pelo menos tivesse sido um par de ases, talvez eu tivesse conseguido desviar da bala, ou não.
Um nove de ouros e um valete de espada foi a última coisa que eu vi, junto do meu último suspiro de vida que foi levado pra longe de mim com aquela bala que me atravessou o peito, maldita seja aquela bala quente que me foi entregue pela maldita Peacemaker.
Quarenta e cinco foi o último número da minha vida, maldita redundância do destino, fui aos quarenta e cinco por uma quarenta e cinco. Ela nem me pagou uma dose. Pelo menos eu pude fumar o meu último cigarro, quer dizer estava fumando quando a maldita me arrancou o pulmão, foi a primeira e última vez da minha vida que conseguia soltar a fumaça por três locais ao mesmo tempo, foi o melhor cigarro da minha vida, sem filtro e sem pulmão, não sei como vocês gostam desse algodão, bando de bichas. Na minha época... . É melhor parar por aqui, pois já sou velho e morto e também não quero me vangloriar por me tornar retórico.
Peacemaker, pelo menos ela é digna do nome, realmente fantástica, o pior de tudo é que eu já sabia o quanto eficaz ela era em trazer a paz, foi bem sucedida. Ela trouxe a paz para dois tipos de pessoas, primeiramente a minha morta pessoa, e também para os outros todos vivos no Texas.
Eu, o Jack Sete Balas, nunca pensara em ser morto em plena partida de poker, eles podiam ter esperado o flop, nunca saberei se podia ter ganhado com aquela mão, se ia fazer àquele flush, na verdade até posso saber, mas prefiro não saber. Na verdade eu realmente devia morrer já havia matado muita gente desde que entrei para esse ramo. Da onde eu vim você só tinha duas escolhas, dois caminhos para seguir, ser padre ou ser bandido, preferi o mais fácil e menos seguro, fazer o que? Mas se eu morri é porque eu tinha que morrer, eu já era procurado em mais de cinco estados, já tinha matado vários índios, xerifes, pastores, pessoas normais, enfim mereci aquela bala. Pelo menos as pessoas tinham mais respeito, as mortes tinham um pouco mais de sentido, mas agora vocês... . Parei me empolgo muito rápido.
Agora moro no maldito inferno. Como esperava, não é muito diferente do Texas. É um Texas moderno: com armas mais rápidas e melhores, e é um só pouco mais quente. O legal é que da para saber de tudo que acontece pelo mundo, é só ligar esta tal de TV. O legal é ver como as coisas ficaram mais violentas, as pessoas com menos horror a violência. Te digo uma coisa: - eu ia fazer a festa na Terra agora, se eu tivesse duas moedas do mundo real pedia pro barqueiro me levar de volta, mas a grande questão é: aonde irei arrumar essas duas moedas reais?
Um nove de ouros e um valete de espada foi a última coisa que eu vi, junto do meu último suspiro de vida que foi levado pra longe de mim com aquela bala que me atravessou o peito, maldita seja aquela bala quente que me foi entregue pela maldita Peacemaker.
Quarenta e cinco foi o último número da minha vida, maldita redundância do destino, fui aos quarenta e cinco por uma quarenta e cinco. Ela nem me pagou uma dose. Pelo menos eu pude fumar o meu último cigarro, quer dizer estava fumando quando a maldita me arrancou o pulmão, foi a primeira e última vez da minha vida que conseguia soltar a fumaça por três locais ao mesmo tempo, foi o melhor cigarro da minha vida, sem filtro e sem pulmão, não sei como vocês gostam desse algodão, bando de bichas. Na minha época... . É melhor parar por aqui, pois já sou velho e morto e também não quero me vangloriar por me tornar retórico.
Peacemaker, pelo menos ela é digna do nome, realmente fantástica, o pior de tudo é que eu já sabia o quanto eficaz ela era em trazer a paz, foi bem sucedida. Ela trouxe a paz para dois tipos de pessoas, primeiramente a minha morta pessoa, e também para os outros todos vivos no Texas.
Eu, o Jack Sete Balas, nunca pensara em ser morto em plena partida de poker, eles podiam ter esperado o flop, nunca saberei se podia ter ganhado com aquela mão, se ia fazer àquele flush, na verdade até posso saber, mas prefiro não saber. Na verdade eu realmente devia morrer já havia matado muita gente desde que entrei para esse ramo. Da onde eu vim você só tinha duas escolhas, dois caminhos para seguir, ser padre ou ser bandido, preferi o mais fácil e menos seguro, fazer o que? Mas se eu morri é porque eu tinha que morrer, eu já era procurado em mais de cinco estados, já tinha matado vários índios, xerifes, pastores, pessoas normais, enfim mereci aquela bala. Pelo menos as pessoas tinham mais respeito, as mortes tinham um pouco mais de sentido, mas agora vocês... . Parei me empolgo muito rápido.
Agora moro no maldito inferno. Como esperava, não é muito diferente do Texas. É um Texas moderno: com armas mais rápidas e melhores, e é um só pouco mais quente. O legal é que da para saber de tudo que acontece pelo mundo, é só ligar esta tal de TV. O legal é ver como as coisas ficaram mais violentas, as pessoas com menos horror a violência. Te digo uma coisa: - eu ia fazer a festa na Terra agora, se eu tivesse duas moedas do mundo real pedia pro barqueiro me levar de volta, mas a grande questão é: aonde irei arrumar essas duas moedas reais?
segunda-feira, 30 de março de 2009
O Que Têm Haver O Obama Com O Meu Armário? Resposta: Tudo!!!
Limpem sempre os seus armários, e lembrem que armário não é pra botar tralha, aonde tem roupa não é pra botar chave de fenda, só porque combina com a camisa xadrez. Limpem seus armários regularmente, pois se você limpa seu armário cada vez que a lua esta na sétima casa e que Júpiter se alinha com Marte, você realmente há de se deparar e de se desesperar com monstros de formas estranhas e nomes bizarros vindos de outras dimensões, tirando fungos e cogumelos criados pela fumaça da casa dos gnomos e a umidade setentrional do seu apartamento tropical.
Parece sacanagem, mas é sério, quando se limpa um armário descobre-se todo um reino mágico de tufos, de papéis esquecidos, de coisas esquecidas, de pessoas esquecidas. É necessário muito estômago para se limpar um armário, ver todas aquelas coisas que você gostava, aqueles pôsteres esdrúxulos, aqueles sonhos não sujos. É realmente um trabalho para um assassino maníaco, de um cirurgião, ou até mesmo de um militar sádico a fim de acabar com a territorialidade de um indivíduo.
Este simples ato pode ser interpretado de diversas formas, como fora visto anteriormente no parágrafo anterior, indo desde o mais medíocre ato de limpar e organizar o armário, passando por tirar as tripas e entranhas mais profundas e vitais de nosso ser até a invasão das fronteiras acabando com a territorialidade e a identidade de um indivíduo. A limpeza do armário é uma ação muito perigosa que deve ser feita com ajuda de alguém, de um enfermeiro, ou até mesmo de um órgão interventor, como é o caso da ONU.
Limpar o armário é uma missão mui difícil, acho eu que é uma missão tão comparável como o lindo lema do Obama: “Yes, We Can!”. Imagino ele indo até a sala presidencial in The White House, e abrindo aquele armário vermelho e azul, lindo, majestoso, cheio de selos de top secret, faixas amarelas, selos de radiatividade, e dentro dele várias pastas: enormes pastas pretas limpas por fora, porém sujas por dentro, imagine que monstros devam ter se reproduzido dentro destas pastas, e ao fundo do armário há uma pichação escrita:
-Bush Fuck it all! – Imagine como o negro Obama deve ter se sentido branco, ainda deve estar pálido, mas seus ternos impecáveis e suas gravatas bonitas não deixam passar essa realidade triste.
A pior parte, talvez a segunda pior, porque a pior é tirar a poeira, é se desfazer dessas coisas, desses fatos, desses acontecimentos. Eu realmente não gosto de me desfazer das coisas, tenho problemas de jogar fora aqueles papéis amassados que foram posteriormente rabiscados, só porque caiu uma gota de café em cima do papel, e aquela mancha se embrenhou por aquele labirinto de fonemas plásticos e letras tortas, eu gosto deles, por eles serem assim: feios, sujos, lindos, imperfeitos porém perfeitos perante a criação desordenada dos rabiscos.
Esses são os piores casos, para min e para o Obama, pois eu gosto de recordar os meus rabiscos, mas tenho que me desfazê-los, agora imagina o Obama que tem que se desfazer dos rabiscos que nem dele são, mas que todos recordam. E eu ainda tenho a dúvida de quem está mais ferrado.
Parece sacanagem, mas é sério, quando se limpa um armário descobre-se todo um reino mágico de tufos, de papéis esquecidos, de coisas esquecidas, de pessoas esquecidas. É necessário muito estômago para se limpar um armário, ver todas aquelas coisas que você gostava, aqueles pôsteres esdrúxulos, aqueles sonhos não sujos. É realmente um trabalho para um assassino maníaco, de um cirurgião, ou até mesmo de um militar sádico a fim de acabar com a territorialidade de um indivíduo.
Este simples ato pode ser interpretado de diversas formas, como fora visto anteriormente no parágrafo anterior, indo desde o mais medíocre ato de limpar e organizar o armário, passando por tirar as tripas e entranhas mais profundas e vitais de nosso ser até a invasão das fronteiras acabando com a territorialidade e a identidade de um indivíduo. A limpeza do armário é uma ação muito perigosa que deve ser feita com ajuda de alguém, de um enfermeiro, ou até mesmo de um órgão interventor, como é o caso da ONU.
Limpar o armário é uma missão mui difícil, acho eu que é uma missão tão comparável como o lindo lema do Obama: “Yes, We Can!”. Imagino ele indo até a sala presidencial in The White House, e abrindo aquele armário vermelho e azul, lindo, majestoso, cheio de selos de top secret, faixas amarelas, selos de radiatividade, e dentro dele várias pastas: enormes pastas pretas limpas por fora, porém sujas por dentro, imagine que monstros devam ter se reproduzido dentro destas pastas, e ao fundo do armário há uma pichação escrita:
-Bush Fuck it all! – Imagine como o negro Obama deve ter se sentido branco, ainda deve estar pálido, mas seus ternos impecáveis e suas gravatas bonitas não deixam passar essa realidade triste.
A pior parte, talvez a segunda pior, porque a pior é tirar a poeira, é se desfazer dessas coisas, desses fatos, desses acontecimentos. Eu realmente não gosto de me desfazer das coisas, tenho problemas de jogar fora aqueles papéis amassados que foram posteriormente rabiscados, só porque caiu uma gota de café em cima do papel, e aquela mancha se embrenhou por aquele labirinto de fonemas plásticos e letras tortas, eu gosto deles, por eles serem assim: feios, sujos, lindos, imperfeitos porém perfeitos perante a criação desordenada dos rabiscos.
Esses são os piores casos, para min e para o Obama, pois eu gosto de recordar os meus rabiscos, mas tenho que me desfazê-los, agora imagina o Obama que tem que se desfazer dos rabiscos que nem dele são, mas que todos recordam. E eu ainda tenho a dúvida de quem está mais ferrado.
sexta-feira, 20 de março de 2009
Rua Luís Gama
Ah, meus anos de colegial, parece até que foi ontem, e realmente foi. Na verdade até agora foram os anos mais legais da minha vida, tirando quando eu era bebê, pois as pessoas me amavam, me limpavam e me davam comida, e não tinha que me preocupar se o bebê ao lado estava dando em cima da minha garota. Foram anos negros e dourados, cheio de momentos bons e ruins, foram anos que aprendi a gostar de novas coisas, pois a mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original, já dizia Einstein.
Foi lá no Ferreira que aconteceram muitas coisas como: entrei engenheiro e sai jornalista, foi lá que comecei a escrever, a compor, a começar a apreciar cerveja, a sétima arte, a música, também foi lá que vi que não importa da onde você seja, qual seja o seu nome, qual seja a sua cor, que eu serei o seu amigo, seu irmão, e que juntos seremos uma Família e que esse elo nunca irá nos separar.
E tirando todo esse romantismo épico pós-moderno, também conheci o Foda-se, a vulga Rua Luís Gama. Pensar que esse cara viveu tanto, este cidadão brasileiro viveu tanto, recebeu até homenagem, reencarnou em uma rua, para depois ser apelidado de algo tão vil, mas não menos reconhecido, pois talvez este seja o xingamento mais usado ultimamente, ou seus derivados. Tá na boca do povo e da mídia, sempre o utilizando em situações extremamente necessárias e impróprias.
Salve esta rua, quer dizer recanto sagrado, quase Shangri-lá ou até mesmo Valhalla, mais possivelmente o último, por adquirir todos os requisitos e fundamentos deste, esperar o Ragnarok, ou a Prova. A Rua Luís Gama era realmente um ótimo recanto regado à sombra, Itaipavas alheias, Suecas, filósofos, jogadores de poker, mentecaptos, estapafúrdios, bêbados, mendigos, estudantes, policiais, comunistas, e por aí vai, é uma rua muito democrática, para nela quem quiser e segue nela quem não tem juízo.
Durante meus anos no Ferreira eu nunca tinha percebido seu nome, mas um dia percebi, e pesquisei e vi que você, Luís Gama, foi um cara digno de receber essa rua, tem tudo haver contigo, admiro-te pela sua grandiosidade como pessoa, você conseguiu ser um homem notável de sua época, advogado, jornalista, ajudou a criar jornais e partidos políticos, também fora um literário, um homem completo, sempre criticando a aristocracia rural. Hoje, vendo me sinto honrado de poder estar em sua rua, por passar em sua rua, de poder ver pessoas de cores, crenças, padrões sociais estarem partilhando de sua sombra. Salve Luís Gama, salve o negro advogado, o negro jornalista, o negro abolicionista, o negro brasileiro, o negro Luís Gama.
Foi lá no Ferreira que aconteceram muitas coisas como: entrei engenheiro e sai jornalista, foi lá que comecei a escrever, a compor, a começar a apreciar cerveja, a sétima arte, a música, também foi lá que vi que não importa da onde você seja, qual seja o seu nome, qual seja a sua cor, que eu serei o seu amigo, seu irmão, e que juntos seremos uma Família e que esse elo nunca irá nos separar.
E tirando todo esse romantismo épico pós-moderno, também conheci o Foda-se, a vulga Rua Luís Gama. Pensar que esse cara viveu tanto, este cidadão brasileiro viveu tanto, recebeu até homenagem, reencarnou em uma rua, para depois ser apelidado de algo tão vil, mas não menos reconhecido, pois talvez este seja o xingamento mais usado ultimamente, ou seus derivados. Tá na boca do povo e da mídia, sempre o utilizando em situações extremamente necessárias e impróprias.
Salve esta rua, quer dizer recanto sagrado, quase Shangri-lá ou até mesmo Valhalla, mais possivelmente o último, por adquirir todos os requisitos e fundamentos deste, esperar o Ragnarok, ou a Prova. A Rua Luís Gama era realmente um ótimo recanto regado à sombra, Itaipavas alheias, Suecas, filósofos, jogadores de poker, mentecaptos, estapafúrdios, bêbados, mendigos, estudantes, policiais, comunistas, e por aí vai, é uma rua muito democrática, para nela quem quiser e segue nela quem não tem juízo.
Durante meus anos no Ferreira eu nunca tinha percebido seu nome, mas um dia percebi, e pesquisei e vi que você, Luís Gama, foi um cara digno de receber essa rua, tem tudo haver contigo, admiro-te pela sua grandiosidade como pessoa, você conseguiu ser um homem notável de sua época, advogado, jornalista, ajudou a criar jornais e partidos políticos, também fora um literário, um homem completo, sempre criticando a aristocracia rural. Hoje, vendo me sinto honrado de poder estar em sua rua, por passar em sua rua, de poder ver pessoas de cores, crenças, padrões sociais estarem partilhando de sua sombra. Salve Luís Gama, salve o negro advogado, o negro jornalista, o negro abolicionista, o negro brasileiro, o negro Luís Gama.
Água De Ressaca
Eu não sei bem qual é o meu problema, porque tudo mundo gosta, mas eu não gosto. Não sei se é uma questão do momento, entende, acho que eu nunca estive tranqüilo, só sei que eu não gostei. Todo mundo diz que é bom e que gosta do sabor. Mas, eu realmente não consigo engolir: desce quadrado, puxo, prendo, mas não consigo curtir o barato, acho que esse lance talvez seja muito leve pra mim, que eu deva partir para alguma coisa mais pesada. Eu sou o único dos meus amigos que não gosta, não fico triste com isso, pois deve haver mais pessoas como eu, que não gostam de H2OH! ou Aquarius, essas águas com gás e com leve gosto de limão.
Beber quaisquer umas dessas águas para mim é um sacrifício, parece água pós- ressaca, me sinto enjoado e enojado quando bebo essas coisas, na boa quer beber essa água bebe água, é tão simples, quer beber água com gás bebe água com gás, não beba essa inovadora e revolucionária fórmula cancerígena. Quer beber algo que possa lhe dar prazer e que pode te matar, beba Coca, e se tu estiveres a fim de morrer beba um álcool etílico hidratado ou um isopropílico, pelo menos se mate direito não de trabalho para os outros quando estiver em cima de uma cama de hospital.
Se bobear esse povo vai fazer um refrigerante à base de fezes, e vai vender como água, só por causa do gás. Esse gás e é só botar muito gás que vende. A Coca-Cola Zero tá aí pra provar, tem mais gás que a normal e vende tanto quanto. Realmente não consigo entender como uma pessoa vai para um bar, boteco, birosca, seja o que for, e resolve beber essas coisas ao invés de uma Bohemia geladinha, isso não entra na minha cabeça. Talvez essas pessoas altamente estranhas estejam a um grau de entendimento da vida muito superior ao meu, como conseguem renegar a uma cerveja em um bar. É que nem ir a um motel e não fazer sexo, pagar só para ver o payper view, realmente um dia irá cair a minha ficha, espero que não, prefiro continuar alienado, prefiro continuar indo ao bar para beber uma cerveja e prefiro ir ao motel para fazer amor de madrugada.
Beber quaisquer umas dessas águas para mim é um sacrifício, parece água pós- ressaca, me sinto enjoado e enojado quando bebo essas coisas, na boa quer beber essa água bebe água, é tão simples, quer beber água com gás bebe água com gás, não beba essa inovadora e revolucionária fórmula cancerígena. Quer beber algo que possa lhe dar prazer e que pode te matar, beba Coca, e se tu estiveres a fim de morrer beba um álcool etílico hidratado ou um isopropílico, pelo menos se mate direito não de trabalho para os outros quando estiver em cima de uma cama de hospital.
Se bobear esse povo vai fazer um refrigerante à base de fezes, e vai vender como água, só por causa do gás. Esse gás e é só botar muito gás que vende. A Coca-Cola Zero tá aí pra provar, tem mais gás que a normal e vende tanto quanto. Realmente não consigo entender como uma pessoa vai para um bar, boteco, birosca, seja o que for, e resolve beber essas coisas ao invés de uma Bohemia geladinha, isso não entra na minha cabeça. Talvez essas pessoas altamente estranhas estejam a um grau de entendimento da vida muito superior ao meu, como conseguem renegar a uma cerveja em um bar. É que nem ir a um motel e não fazer sexo, pagar só para ver o payper view, realmente um dia irá cair a minha ficha, espero que não, prefiro continuar alienado, prefiro continuar indo ao bar para beber uma cerveja e prefiro ir ao motel para fazer amor de madrugada.
Ah! Se Eu Fosse Um Dia Especial
É incrível como tem alguns dias que são cheios, quer dizer, não cheios
temporalmente mais sim em seu significado para o mundo em si. Enquanto outros
passam despercebidos pela sua linda e clássica insignificância rotineira. Veja
só que dia importante foi sábado passado: foi o início da era de Aquários, foi
o dia de São Valentim, foi o dia depois da sexta feira 13, foi o aniversário da
Tia Ângela e a melhor coisa de todas foi o dia que acabou o horário de verão. Agora
vai voltar a anoitecer as seis ou as sete, sei lá, pois o que importa é que agora a noite vai durar mais um pouco. E tirando esses fatos globais, foi um
dia muito legal na minha vida. Até aí tá beleza, dia bom e tal, mas é nesse ponto agora que quero chegar: como deve se sentir aquele domingo que precedeu esse dia, ou então aquela segunda pacata e fatídica que veio depois daquele domingo triste, será que os dias menos importantes se juntam uma vez por mês para tomar um porre para ficarem felizes?
Rio de Janeiro, 24 de agosto de 1954, Getúlio Vargas se suicidou. Esse dia sim
foi memorável e lastimável, esse dia tinha que ser lembrado como o 11 de
setembro de 2001 é lembrado. Esses dias foram incríveis, foram altamente importantes para a história, mas a grande questão é: como foram os outros dias perto desses, esses que não são lembrados, são esquecidos, onde muita coisa pode ter acontecido também, mas não são lembrados por falta de importância para a sociedade.
Eu tenho pena desses dias normais, pois todo dia é normal até que alguma coisa surpreendente aconteça. Acho que todos os dias deviam ser comemorados, apenas por serem dias, apenas por poderem ser um dia especial, apenas porque estamos vivos até o final, porque esta ficando muito difícil sobreviver nessa Terra violenta em que vivemos.
Lembro-me da teoria do tédio, que estava desenvolvendo com o parceiro Jena, que é mais ou menos assim: esses grandes acontecimentos aconteceram porque havia um grande tédio global pela data. É tudo culpa do nosso tédio pessoal, que se expande globalmente e toma proporções devastadoras. Essa teoria é um tanto niilista e muito metafórica e doida, esta em fase de aperfeiçoamento e teste, espero um dia ser publicada.
O dia é que nem um grande boteco. Acontece muita coisa ao mesmo tempo, cheio de clientes, cheio de comida e bebida, mas às vezes a comida acaba e a gente continua bebendo até o dia acabar. Em alguns dias esse boteco sofre uma reforma, ou cai um reboco, ou o dono ganha na Megasena, ou há uma batida policial. Tudo pode acontecer em um boteco.
Mesmo sendo boteco, ou dia mesmo ele é sempre esquecido, sempre mal tratado, sempre prejulgado.
Só para finalizar, se eu fosse um dia comum, um dia normal, eu bateria em todas as pessoas que esquecem de min, mas agradeceria a todas as pessoas se alguma delas me considerasse um dia especial, e me desculparia pelas que bati.
temporalmente mais sim em seu significado para o mundo em si. Enquanto outros
passam despercebidos pela sua linda e clássica insignificância rotineira. Veja
só que dia importante foi sábado passado: foi o início da era de Aquários, foi
o dia de São Valentim, foi o dia depois da sexta feira 13, foi o aniversário da
Tia Ângela e a melhor coisa de todas foi o dia que acabou o horário de verão. Agora
vai voltar a anoitecer as seis ou as sete, sei lá, pois o que importa é que agora a noite vai durar mais um pouco. E tirando esses fatos globais, foi um
dia muito legal na minha vida. Até aí tá beleza, dia bom e tal, mas é nesse ponto agora que quero chegar: como deve se sentir aquele domingo que precedeu esse dia, ou então aquela segunda pacata e fatídica que veio depois daquele domingo triste, será que os dias menos importantes se juntam uma vez por mês para tomar um porre para ficarem felizes?
Rio de Janeiro, 24 de agosto de 1954, Getúlio Vargas se suicidou. Esse dia sim
foi memorável e lastimável, esse dia tinha que ser lembrado como o 11 de
setembro de 2001 é lembrado. Esses dias foram incríveis, foram altamente importantes para a história, mas a grande questão é: como foram os outros dias perto desses, esses que não são lembrados, são esquecidos, onde muita coisa pode ter acontecido também, mas não são lembrados por falta de importância para a sociedade.
Eu tenho pena desses dias normais, pois todo dia é normal até que alguma coisa surpreendente aconteça. Acho que todos os dias deviam ser comemorados, apenas por serem dias, apenas por poderem ser um dia especial, apenas porque estamos vivos até o final, porque esta ficando muito difícil sobreviver nessa Terra violenta em que vivemos.
Lembro-me da teoria do tédio, que estava desenvolvendo com o parceiro Jena, que é mais ou menos assim: esses grandes acontecimentos aconteceram porque havia um grande tédio global pela data. É tudo culpa do nosso tédio pessoal, que se expande globalmente e toma proporções devastadoras. Essa teoria é um tanto niilista e muito metafórica e doida, esta em fase de aperfeiçoamento e teste, espero um dia ser publicada.
O dia é que nem um grande boteco. Acontece muita coisa ao mesmo tempo, cheio de clientes, cheio de comida e bebida, mas às vezes a comida acaba e a gente continua bebendo até o dia acabar. Em alguns dias esse boteco sofre uma reforma, ou cai um reboco, ou o dono ganha na Megasena, ou há uma batida policial. Tudo pode acontecer em um boteco.
Mesmo sendo boteco, ou dia mesmo ele é sempre esquecido, sempre mal tratado, sempre prejulgado.
Só para finalizar, se eu fosse um dia comum, um dia normal, eu bateria em todas as pessoas que esquecem de min, mas agradeceria a todas as pessoas se alguma delas me considerasse um dia especial, e me desculparia pelas que bati.
terça-feira, 3 de março de 2009
Trezentos ML
Escargot no espeto, a melhor frase do dia. Dia que começou maravilhosamente na praia da Barra, vendo ondas levando barracas, celulares, chinelos, pessoas. A cada onda que vinha, mais o caos se entranhava perante a areia e sobre as cucas queimadas e bundas rachadas das pessoas, o verdadeiro arrastão carioca! Deus realmente não existe, pois se existisse o celular da minha mama ainda estaria vivo depois de ter se sido afogado pelo mar, é por isso que permaneço cético e ateu, que nem o Woody Allen.
Ao decorrer do dia ganhei uma coloração rosada, acho que não vou dormir bem hoje, c’est la vie. Ao longo do dia recebi a notícia que o Salgueiro tinha ganhado o estandarte, também peguei só a chuva ao levar uma amiga minha ao ponto de ônibus, pena que é só amiga, e também descobri que na minha carteira faltava dinheiro, só tinha um puto, nem um chope podia eu tomar.
Escargot no espeto foi realmente a melhor coisa que eu vi hoje. Melhor, talvez não, mas a mais interessante, que também acho que não seja, de fato foi a mais engraçada. Foi àquela coisa, foi a frase certa no momento certo, as lesmas passando por cima de espetos de churrasco, os quais repousavam tranquilamente no chão após terem feito o seu serviço sacro. Ri bastante naquele momento, mas agora veio aqui a questão social dessa cena, porque os vendedores de churrasquinho, o vulgo file miau, não fazem o escargot no espeto, ia ser o ápice da malandragem carioca, vender a cinco o que os franceses pagam a cem.
Dica de harmonização anota aí: escargot no espeto acompanha farofa de ovo de dodô, molho a campanha, pois será uma real guerra, e Itaipava geladinha. Servir em prato fundo com garfo e faca e copo de plástico de trezentos ml.
Ao decorrer do dia ganhei uma coloração rosada, acho que não vou dormir bem hoje, c’est la vie. Ao longo do dia recebi a notícia que o Salgueiro tinha ganhado o estandarte, também peguei só a chuva ao levar uma amiga minha ao ponto de ônibus, pena que é só amiga, e também descobri que na minha carteira faltava dinheiro, só tinha um puto, nem um chope podia eu tomar.
Escargot no espeto foi realmente a melhor coisa que eu vi hoje. Melhor, talvez não, mas a mais interessante, que também acho que não seja, de fato foi a mais engraçada. Foi àquela coisa, foi a frase certa no momento certo, as lesmas passando por cima de espetos de churrasco, os quais repousavam tranquilamente no chão após terem feito o seu serviço sacro. Ri bastante naquele momento, mas agora veio aqui a questão social dessa cena, porque os vendedores de churrasquinho, o vulgo file miau, não fazem o escargot no espeto, ia ser o ápice da malandragem carioca, vender a cinco o que os franceses pagam a cem.
Dica de harmonização anota aí: escargot no espeto acompanha farofa de ovo de dodô, molho a campanha, pois será uma real guerra, e Itaipava geladinha. Servir em prato fundo com garfo e faca e copo de plástico de trezentos ml.
A Duvida, A Chuva E A Quarta-Feira De Cinzas
Todo carnaval tem seu fim, e o meu foi mais ou menos assim. Fui ver o bloco lá da VM, Vila Musical, o estúdio onde ensaio. O bloco tinha parado no Treze, um dos botecos da minha rua, o bloco tava animado, geral bebendo, batucando, cantando, dançando, tudo de bom. Até esse momento tava legal, pelo menos fora algo diferente do poker, que foi uma das únicas coisas que eu fiz durante o carnaval. É realmente uma coisa muito difícil ter vontade de fazer alguma coisa, mas ser impedido pelo fator vontade, sabendo que vontade é igual a dinheiro; a dinheiro, coisa que eu não vejo durar muito tempo na minha mão, isso tá se tornando um ciclo vicioso, ir do tudo ao nada em menos de cinco minutos.
Bem, aí lá pelas tantas, o bloco resolveu rumar até o estúdio, até porque acho que o dono do boteco não gosta muito de música, mas, ele deve ter faturado uma grana boa por fora. Aí, te falo que quando começaram a se movimentar, uns pingos d’água já começaram a se precipitar, ainda digo mais, deve ter dado uns quinze a trinta minutos até chegarem a pracinha que fica perto do estúdio. Mas foi muito engraçado o bloco andando no meio da rua, um bloco de no máximo umas trinta pessoas fechando a rua, geral torto e feliz, menos eu, D2 e o Surdo, pois nós sabíamos de alguma coisa.
Realmente sabíamos, pois logo depois do bloco se assentar lá no largo da Viúva, começou a chover, e a chuva aumentou muito rápido, a cena foi a seguinte: nós três debaixo da marquise de uma floricultura vendo o bloco brincar no meio da chuva e no meio da rua, para ser mais preciso na chuva e no meio da rua. E nós lá parados vendo as ruas encherem, rios a se formarem, sentindo aquele cheiro de maresia trazido pelo vento do mar, mesmo estando no meio do Grajaú.
Daí, nós revolvemos explorar perante os rios/ruas do Grajaú, mas não deu muito certo, a correnteza quase levou o chinelo do Surdo, e, a água doce meio salgado mais temperada de esgoto quase quebrou o celular do D2. Ainda bem que percebemos não muito cedo e nem tão tarde que não deveríamos prosseguir em nossa jornada, por isso, voltamos a estaca zero, ao nosso ponto de partida, o Treze, para esperar a maré descer ou a chuva parar e para também beber uma Original.
E agora estou cá para contar a vocês que perante mortos e feridos sobrevivemos a esta chuva torrencial carnavalesca, e depois de resolver todos esses problemas nos resta um maior ainda, o que faremos na Quarta-feira de Cinzas?
Bem, aí lá pelas tantas, o bloco resolveu rumar até o estúdio, até porque acho que o dono do boteco não gosta muito de música, mas, ele deve ter faturado uma grana boa por fora. Aí, te falo que quando começaram a se movimentar, uns pingos d’água já começaram a se precipitar, ainda digo mais, deve ter dado uns quinze a trinta minutos até chegarem a pracinha que fica perto do estúdio. Mas foi muito engraçado o bloco andando no meio da rua, um bloco de no máximo umas trinta pessoas fechando a rua, geral torto e feliz, menos eu, D2 e o Surdo, pois nós sabíamos de alguma coisa.
Realmente sabíamos, pois logo depois do bloco se assentar lá no largo da Viúva, começou a chover, e a chuva aumentou muito rápido, a cena foi a seguinte: nós três debaixo da marquise de uma floricultura vendo o bloco brincar no meio da chuva e no meio da rua, para ser mais preciso na chuva e no meio da rua. E nós lá parados vendo as ruas encherem, rios a se formarem, sentindo aquele cheiro de maresia trazido pelo vento do mar, mesmo estando no meio do Grajaú.
Daí, nós revolvemos explorar perante os rios/ruas do Grajaú, mas não deu muito certo, a correnteza quase levou o chinelo do Surdo, e, a água doce meio salgado mais temperada de esgoto quase quebrou o celular do D2. Ainda bem que percebemos não muito cedo e nem tão tarde que não deveríamos prosseguir em nossa jornada, por isso, voltamos a estaca zero, ao nosso ponto de partida, o Treze, para esperar a maré descer ou a chuva parar e para também beber uma Original.
E agora estou cá para contar a vocês que perante mortos e feridos sobrevivemos a esta chuva torrencial carnavalesca, e depois de resolver todos esses problemas nos resta um maior ainda, o que faremos na Quarta-feira de Cinzas?
(Nossa) Violência Gera Violência
A César o que é de César, talvez isso agora não faça muito sentido, então adaptarei essa frase para esse texto: ao Povo o que é do Povo, pois bem, ao acabar de ler essa crônica releia esse parágrafo, para melhor compreensão.
É lindo ver o povo feliz. É lindo ver um punhado de pessoas alegres do nada, bem não é muito bem do nada, mas a felicidade deles surge do nada, talvez essa felicidade do nada seja até uma questão niilista, ou talvez, seja apenas um bando de curiosos fofoqueiros com nada para fazer e com muita sorte de acontecer algo bizarro no meio da rua, naquele lugar e naquela exata hora. A felicidade do povo vem do acaso habitual de nosso habitat habitacional.
Digo-te uma coisa, é muito fácil deixar o povo feliz do nada. É bem simples: arranja uma briga no meio da rua, ou cria um barraco, ou um bate boca, ou xinga um guarda, ou bate num velho, ou bota uma mulher pra bater no segurança do shopping. Totalizando: violência, isso desperta as pessoas. As pessoas ficam intrigadas com a vida alheia, pra tu ver como o BBB dá certo, o povo gosta de fofoca, gosta de saber mais do que os outros, gosta de ver sangue, tumulto, voz de prisão, fica todo mundo atônito e eufórico ao mesmo tempo, a adrenalina sobe, parecem formigas atrás de doce.
Pense bem, o jornal é feito para informar, logo nós gostamos de ficar informados, se gostamos de ficar informados, informação é igual à fofoca. Só que o jornal é uma fofoca legal, regulamentada, o jornal tem o seu mérito, desde o mais podre até o jornal on-line. O jornal vai ter sempre algo para nos surpreender, que vai da morte de um elefante no México até a violência urbana no Rio.
É realmente uma coisa muito bonita de se ver, quer disser observar, porque ver é uma palavra muito pouco filosófica para tal questão, o certo mesmo é observar. Observar a reação das pessoas com a violência é incrível. Num primeiro momento vem o susto, o choque com o selvagem, com o desconhecido; depois a ânsia de vômito, as pessoas começam a achar aquilo muito forte e acham que vão sair traumatizadas; no final as pessoas chegam num estágio eufórico tão intenso que estas não sabem mais quem está certo ou errado. As pessoas se encantam com aquele circo, e estão lá esperando uma brecha para entrar, para pegar a onda. Como quando a gente é moleque, e fica esperando o cara passar no corredor polonês, ou esperando a sua vez no sete. Muito mais tarde vai vir à consciência, depois vai vir o trauma e logo em seguida a pessoa vai à igreja confessar, isso se o karma já não a pegar no meio da rua.
Esse é o nosso problema, incentivamos a violência subliminarmente, através de brincadeiras, jogos. Não estou dizendo que sou contra esses jogos, estou apenas dizendo que se um moleque está na lan house, jogando Counter Strike, matando geral, se divertindo, é uma coisa, mas se ele sair à rua e começar a matar geral é outra. A nossa sociedade é violenta, nós sobrevivemos através da violência. Agora, somos engolidos por ela, a violência é uma faca de dois legumes, a violência é uma cobra, pois quando a percebemos, nós já estamos estrangulados por ela.
Nós não podemos ir contra aos nossos instintos selvagens. Não podemos ir contra ao ser, do mesmo jeito que gostamos da violência, o comunismo não dá certo. Fazer o que? Nós somos os verdadeiros bons selvagens, fomos corrompidos pelo meio, nós somos tudo de ruim que achamos que somos, não sois máquina, homens é que sois!
É lindo ver o povo feliz. É lindo ver um punhado de pessoas alegres do nada, bem não é muito bem do nada, mas a felicidade deles surge do nada, talvez essa felicidade do nada seja até uma questão niilista, ou talvez, seja apenas um bando de curiosos fofoqueiros com nada para fazer e com muita sorte de acontecer algo bizarro no meio da rua, naquele lugar e naquela exata hora. A felicidade do povo vem do acaso habitual de nosso habitat habitacional.
Digo-te uma coisa, é muito fácil deixar o povo feliz do nada. É bem simples: arranja uma briga no meio da rua, ou cria um barraco, ou um bate boca, ou xinga um guarda, ou bate num velho, ou bota uma mulher pra bater no segurança do shopping. Totalizando: violência, isso desperta as pessoas. As pessoas ficam intrigadas com a vida alheia, pra tu ver como o BBB dá certo, o povo gosta de fofoca, gosta de saber mais do que os outros, gosta de ver sangue, tumulto, voz de prisão, fica todo mundo atônito e eufórico ao mesmo tempo, a adrenalina sobe, parecem formigas atrás de doce.
Pense bem, o jornal é feito para informar, logo nós gostamos de ficar informados, se gostamos de ficar informados, informação é igual à fofoca. Só que o jornal é uma fofoca legal, regulamentada, o jornal tem o seu mérito, desde o mais podre até o jornal on-line. O jornal vai ter sempre algo para nos surpreender, que vai da morte de um elefante no México até a violência urbana no Rio.
É realmente uma coisa muito bonita de se ver, quer disser observar, porque ver é uma palavra muito pouco filosófica para tal questão, o certo mesmo é observar. Observar a reação das pessoas com a violência é incrível. Num primeiro momento vem o susto, o choque com o selvagem, com o desconhecido; depois a ânsia de vômito, as pessoas começam a achar aquilo muito forte e acham que vão sair traumatizadas; no final as pessoas chegam num estágio eufórico tão intenso que estas não sabem mais quem está certo ou errado. As pessoas se encantam com aquele circo, e estão lá esperando uma brecha para entrar, para pegar a onda. Como quando a gente é moleque, e fica esperando o cara passar no corredor polonês, ou esperando a sua vez no sete. Muito mais tarde vai vir à consciência, depois vai vir o trauma e logo em seguida a pessoa vai à igreja confessar, isso se o karma já não a pegar no meio da rua.
Esse é o nosso problema, incentivamos a violência subliminarmente, através de brincadeiras, jogos. Não estou dizendo que sou contra esses jogos, estou apenas dizendo que se um moleque está na lan house, jogando Counter Strike, matando geral, se divertindo, é uma coisa, mas se ele sair à rua e começar a matar geral é outra. A nossa sociedade é violenta, nós sobrevivemos através da violência. Agora, somos engolidos por ela, a violência é uma faca de dois legumes, a violência é uma cobra, pois quando a percebemos, nós já estamos estrangulados por ela.
Nós não podemos ir contra aos nossos instintos selvagens. Não podemos ir contra ao ser, do mesmo jeito que gostamos da violência, o comunismo não dá certo. Fazer o que? Nós somos os verdadeiros bons selvagens, fomos corrompidos pelo meio, nós somos tudo de ruim que achamos que somos, não sois máquina, homens é que sois!
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