sexta-feira, 20 de novembro de 2009

O Estrépito Sossego Desordenado

O caos gera um silêncio mórbido na cidade
Que aflige meus ouvidos que doem de tanto silêncio
Ao ouvirem o rancor que trás o funesto vento
Da calmaria no olho do furação
Que será qualquer hora interrompida
Por uma rascante bala de tufão
Prateada, compenetrante,
Procurando aflita uma vítima
Um dia de caos, uma semana, um ano
Quem sabe sempre?
Nunca estivemos tão próximos de uma guerra civil
Nunca estiveram tão próximo Ruanda, Angola, Iraque e Brasil!
Quando eu enfim escutar o estardalhaço,
Voltarei a me sentir na mão do palhaço.

Orgia Musical

Então eu peguei a Augusta e meti o pau nela. E ela gritou. Gritou, gritou, gritou até não poder mais gritar. Estava endiabrado fui com força, penetrando a sua pele com audácias e sem compaixão. Ela gritava e gritava. Havia uma atmosfera densa no quarto, um misto de essências aromáticas fortes. Aquilo me deixava ainda mais voluptuoso. Fui batendo também na Clara, na Ana, na Lúcia fui metendo o pau nelas com força. Eu estava fora de mim, só metendo, e metendo. Não me entendia, nem entendia o comportamento delas. Elas gemiam e gritavam, resfolegavam e de novo chafurdavam naquele nosso chiqueiro do amor. Até que estava saindo um som muito bom. Bem ritmado, era uma foda rock meio jazz com influências de samba. Era um arranjo divino de barulhos de e de porradas.
No final fiquei meio cansado, porém aquecido, saiba que dar conta de quatro ao mesmo tempo é complicado. Parei um pouco com elas para elas descasarem. Olhei para perto da parede avistei a Aline lá, parada, olhando, mordendo os lábios, com as mãos entre as pernas, tentando se conter. Meti a mão nela, bem lá no fundo. E ela foi tremendo, e gemendo contra a parede. Sons agudos, sons médios, sons graves. Pequei-a no chão, fiquei por cima. Todo aquele vai e vem da minha mão dentro do seu corpo, todo aquele movimento dos nossos corpos fazendo o chão vibrar, incomodando o vizinho de baixo. E ela foi agüentando e eu fui mais me aprofundando na nossa música visceral. Foi como um tango bem orquestrado, meio papai e mamãe, meio de lado. Uma coisa meio pura, simples e suja tal como um amor louco de dois animais. Naquele momento o quarto devia estar perto dos cinqüenta graus, o ventilador não mais dava conta. As paredes pareciam estar avermelhadas, pulsantes. Eu estava lá: como um demônio gordo e vermelho envolto por uma nuvem de perfumes e de incensos. Aquele cheiro de sexo, suor e rock and roll no ar.
Deixei-a descansar um pouco. Estava tão cansada a coitada de tanto eu tocar nela com força. Fui para a cama, fui de encontro a Anita e comecei a chupá-la. Tentei ser bem suave no início tentei ser delicado, mas não consegui. A minha barba roçando em tua pele, a minha boca em teus lábios e a minha língua em teus buracos. E lá fui eu no meu blues me lamentando pra ela e ela se abrindo para mim. Comecei e pegá-la de jeito. O show só estava começando e os teus gemidos que eram baixos e fracos começaram a se transformar em lindos gritos agudos de paixão e de prazer. Fui chegando ao teu ponto minha língua lá dentro fazendo todo o trabalho. Enlouquecendo-a. Baby que loucura você me dizia e quanto mais me dizia mais eu ia lá dentro lhe tirando os sons mais belos e mais tênues.
Quando acabei o meu ensaio estava eu rodeado pelas minhas seis belas amantes, minhas lindas mênades. Augusta, Clara, Ana, Lúcia, Aline e Anita. Minhas belas mulheres, minhas seis deusas do amor, do som e da poesia. Vi-me em uma poça de suor e de alegria, sai do quarto, fui ao banheiro, tomei um banho. Me recompus, adentrei o quarto e fui arrumar a bateria, guardar os pratos, colocar o cajon no lugar e botar a gaita na caixinha. Guardei as minhas damas para uma próxima sessão de amor e música.

A Táque-la Se Tu Pudertes

Até quando você vai permitir tudo isso? Até quando você vai os deixar passar a vaselina na sua bunda para você não gritar?
Grita! Grite! Gritemos! Gritais! Gritem!
Hoje você tem todo o direito de se queixar contra este sistema. Eles hão de explicar tudo muito bem, nos mínimos detalhes, pois conseguir enganar as pessoas dizendo:
—“O Apagão do dia 10 de novembro aconteceu porque um raio, causado por uma grande chuva perto da Foz do Iguaçu, caiu na subestação de distribuição de energia danificando as vias de transmissão e causando o desligamento das vinte turbinas de Itaipu. Houve também uma falha no problema auxiliar, pois logo depois da queda dos dezesseis mil megawatts de Itaipu deveriam ter entrado em funcionamento as Usinas termelétricas para segurar a baixa da energia, pois as vias de transmissão são interligadas e tal...”. E a seqüência continua bem circular redundante em cima do raio que provocou o “mega curto”; mas eles nunca vão conseguir me enganar com estes discursos maniqueístas e manipuladores.
O Rio quase que foi tomado pelo caos. O Apagão geral mostrou a ineficiência do nosso sistema de transmissão de energia. Poderia também ter havido uma crise de abastecimento de água no Rio, pois as bombas da Cedae não podem limpar/purificar a água desligadas. Os arrastões já estavam começando, a oportunidade para a barbárie e o vandalismo das camadas populares, seria instituído o poder paralelo. Tudo isso seria causado pela fome que se alastraria até a Queda da Bastilha.
A bosta que fora há muito para o ventilador está começando a respingar e nem adianta se proteger com os guardas-chuva, pois quando nós os fecharmos estes vão feder, feder muito. O melhor jeito é encarar de cara a merda ácida que voará contra nós. E se nós pudermos, jogaríamos as nossas bostas endurecidas para quebrar o ventilador!

A Geopolítica Da Maxwell

Há de se convir que existe uma difícil situação na classificação da Rua Maxwell. Há uma grande disparidade na conjectura urbano social desta região. Pois brigam por seu interesse fortes bairros que se situam ao longo de sua grande extensão geográfica. Os bairros que a disputam são: o grande bairro do Andaraí, o forte bairro do Grajaú, o oligopólio da Tijuca e o decadente bairro da boêmia carioca, assim também chamado de Vila Isabel. Esses bairros há anos tentam impor suas regionalidades nesta grande rua que esta dentro dos limites de cada um destes bairros. Até hoje não se sabe ao certo a qual bairro faz parte a Rua Maxwell, mas uma coisa eu digo: um dia esta minoria irá se mobilizar e emancipar-se-á do domínio e da opressão desses grandes bairros e soerguerá como o grandioso bairro Maxwell!

De Volta Ao Muro Em Vinte Anos

Parabéns mundo! Vinte anos sem o Muro de Berlim! Dezoito sem a ameaça vermelha! Há vinte anos atrás começava a desmoronar o mundo bipolar. A Guerra Fria escancarada acabou. Noventa e um foi apenas a reorganização desta guerra, entramos numa guerra intrabloco, multipolar, transterritorial, de disputa de mercado e do mundo.
A coisa mais bela é ver as homenagens, os textos, os documentários, as palestras, as falas de gente importante que aparecem nos canais dos televisivos ou pelos radiofônicos ou pela imprensa gráfica. É lindo, rever as cenas daquela alegre noite chuvosa de nove de novembro de oitenta e nove, lá pelas às onze horas o Berliner Mauer foi abaixo.
Aqueles rostos chorosos de pessoas alegres bebendo e pensando no seu futuro num mundo sem ameaças, numa Berlim mais justa e igual! Famílias se reencontrando, amores se achando, risos, choros, a alegria encobria a merda que viria. A triste ressaca que já dura vinte anos e que parecer não ter fim.
E o último jornal da noite faz aquela reportagem bonita, comovente mesmo sabe? Entrevista o casal que foi entrevistado há vinte anos atrás, para saber como a vida deles mudou. De fato a vida deles melhorou bastante, isso é uma verdade, mas é muito piegas dizer: “que eles ainda não sofrem e achar que só porque é na Europa que as pessoas tem finais felizes”. A tristeza atinge tanto o primeiro mundo quanto o terceiro. O casal nunca mais retornou a Berlim mora em outro país vivendo como o nosso povo: marcado e feliz.
Que lindo!
Depois mostrou a reportagem dos muros. O Muro fronteiriço Estados Unidos-México, que não deixa escapar os chicanos das fábricas maquiladoras, daquele escravismo implementado pelo norte americano em cima do mesoamericanos pré-colombianos que tentam ir para a terra dos livres e para o lar dos bravos. Do muro da Cisjordânia feita por Israel, para os judeus defenderem a terra que é deles por direito, a terra da qual eles fugiram no século I d.C.; para se defenderem dos árabes palestinos que a ocuparam desde que os judeus fizeram a sua fuga do Império Romano, a famosa Diáspora. O muro que está sendo criado pela Arábia Saudita para não haver nenhum combate entre eles e o Iraque, para que grupos islamitas da Arábia entrem no Iraque e que se unam com os outros grupos para tentar derrotar as tropas da coligação multinacional. Sendo que esse não é o primeiro país que faz isso com o Iraque, o Kuwait já havia feito o seu muro de segregação na década de noventa. A Linha de Demarcação Militar que separa as duas Coréias existe desde o final da Guerra da Coréia em cinqüenta e três, como forma de conter o avanço comunista, para o país não ficar todo vermelho. Fora estes Muros da Vergonha existem ainda outros muros desses que servem para dificultar a passagem de pessoas em Ceuta, Melilla e no Marrocos. Fora realmente uma matéria triste, realmente me tocou... Como o mundo é injusto! Mas eu realmente fiquei com uma dúvida: por um acaso o Muro do Dona Marta já caiu?
Acho que não. Nós ficamos olhando pro nariz do outros e esquecemos dos nossos umbigos. E porque ele não foi lembrado pela matéria do noticiário? Talvez porque ele é o único, dentre estes muros, que não é um Muro da Vergonha (um muro criado com intuito de impedir a passagem de pessoas de outra região, migração, por causa de questões: ideológicas, políticas, econômicas, etc.). O muro do Dona Marta, na favela Santa Marta é um muro que separa pessoas de floresta, da tal “mata virgem” e que deve ser preservada. Que ao meu ver já tem mais de quinhentos anos que já perdeu o selinho. Mas você é contra o muro do Dona Marta? Eu também não disse que sou a favor. Entenda que todo e qualquer muro é feito para segregar, excluir e renegar. Impor um muro para uma comunidade não avançar mais é para mim um ato nefasto e terrível, devia ter sido tomada outra forma de preservação. Talvez conscientizando a população ou fazendo um desses assistencialismos baratos que são feitos todos os dias; mas há também de se preservar esta meia dúzia de árvores, que é apenas uma desculpa barata para conter a proliferação das favelas, um jeito estapafúrdio de segregação, criando uma cerca entorno das favelas, meio que como um burgo, um ato medieval como disse Saramago. Para mim não deveria existir aquele muro, como não deveriam existir favelas e como sempre tudo no Brasil é erro de base.

Minha Mais-Valia

Nós filósofos sofremos uma mais-valia intelectual, pois pensamos muito e ganhamos muito pouco pelo que produzimos na existência, ganhamos poucas mulheres! Eu pessoalmente não me incomodo muito em não ganhar muito dinheiro. Eu só quero ter ou receber o dinheiro necessário para eu poder pensar livremente, expressando a minha arte. Mas, o que eu quero mesmo é mulher!
Nascemos de uma mulher, vivemos para uma mulher, queremos uma mulher, morremos por uma mulher, e voltamos para uma mulher no final da vida. Não tem jeito às mulheres sempre estarão em nossos caminhos. Quantos poemas já foram feitos a uma dama, e quantos já morreram por uma puta.
Vendo por esse aspecto altamente positivo, a maior inutilidade é a vida eterna. Tudo bem ao longo da sua cruzada existencial pelo mundo você irá conhecer várias mulheres diferentes, com gostos diferentes, personalidade diferentes, mas você nunca irá conhecer a Mãe Terra, a mulher das mulheres, a grande Gaia.
Ao longo da minha vida conheci e ainda conhecerei centenas de mulheres. E qual seria o problema deu socializar com elas um pouco do meu pensamento, um pouco da minha ciência intrapessoal, de autoconhecimento mútuo da criatura visando à grandiosidade divina da criadora? Não vejo problemas nisso. Vejo problema na minha condição de ser explorado intelectualmente pelo acaso, pela existência e não receber nada em troca, não estou pedindo um salário formal, talvez casual (até porque casual é mais gostoso), ou até mesmo um escambo para parar com a mais-valia. To aceitando qualquer coisa, porque eu estou cansado de ficar na mão... .
Mas com o meu “pagamento” eu entraria num paradoxo de parar de produzir por causa da(s) mulher(es) e produzir mais por causa da mulher. Outra coisa é saber quem me explora. Seria o acaso, a existência, a vida ou o sistema?
Analisemos primeiramente que a existência, a vida e o acaso estão interligados por essa ordem de grandeza. Porque a existência criou a minha vida, a qual existe — “Penso logo existo”, como já dizia Descartes — e a vida criou o acaso, o belo e lindo caso de casos que acontecem aparentemente do nada, assim como o livre e belo pensamento, que ratifica o meu existir e emana a minha vida. Mas se neste caso eu tivesse sendo explorado por algum desses três, logo os três, eu estaria sofrendo uma tripla mais-valia, estariam lucrando cada vez mais e eu recebendo basicamente nada. Coisa que de fato esta acontecendo, mas prefiro avaliar o outro antes de dar o meu parecer final.
Se for o sistema, faria também muito sentido, pois ele me é uma fonte de crítica muito grande. Toda hora aparece algo a minha frente que parece estar bem encaixado, mas se olhares mais a fundo tu irás perceber que aquilo só esta coberto por um pano grosso para esconder o defeito. Mas se eu tivesse de depender do sistema para ter mulheres eu realmente iria estar ferrado, acho que nunca conseguiria, talvez conseguisse se eu parasse de depreciá-lo e começasse a enaltecê-lo, aí sim eu teria as minhas robôs recém saídas da linha de montagem.
Esta difícil de saber quem é pior: a burocracia estatal com bonecas pré-fabricadas ou a minha sorte do acaso. Prefiro deixar os grandes cães brigando a cerca do lucro que vão ter sobre os meus pensamentos, sobre a minha arte. Pois o que me importa mesmo é saber quando há de chegar o meu salário, pagamento mensal, anual, casual. Isso é o que me importa.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Et Heat Calore Wärme Caloris Do Calor Quente Calor!

O que fazer?
Calor!
O que comer?
Suportar esta dor!
O que beber?
Algo sem calor!
O que entender?
Algo que tire o amargor!
O que estender?
Entender o calor!
O que procurar?
Uma rede pra espantar a dor!
O que fazer?
Achar um congelador!
Que me livre logo deste calor,
Pois não estou agüentando essa dor!
Tomarei um banho para aliviar,
Mas se isto não me aliviar,
Terei de ir pro pólo Norte!
Para um urso eu abraçar,
E para eu me congelar!