sexta-feira, 20 de novembro de 2009

De Volta Ao Muro Em Vinte Anos

Parabéns mundo! Vinte anos sem o Muro de Berlim! Dezoito sem a ameaça vermelha! Há vinte anos atrás começava a desmoronar o mundo bipolar. A Guerra Fria escancarada acabou. Noventa e um foi apenas a reorganização desta guerra, entramos numa guerra intrabloco, multipolar, transterritorial, de disputa de mercado e do mundo.
A coisa mais bela é ver as homenagens, os textos, os documentários, as palestras, as falas de gente importante que aparecem nos canais dos televisivos ou pelos radiofônicos ou pela imprensa gráfica. É lindo, rever as cenas daquela alegre noite chuvosa de nove de novembro de oitenta e nove, lá pelas às onze horas o Berliner Mauer foi abaixo.
Aqueles rostos chorosos de pessoas alegres bebendo e pensando no seu futuro num mundo sem ameaças, numa Berlim mais justa e igual! Famílias se reencontrando, amores se achando, risos, choros, a alegria encobria a merda que viria. A triste ressaca que já dura vinte anos e que parecer não ter fim.
E o último jornal da noite faz aquela reportagem bonita, comovente mesmo sabe? Entrevista o casal que foi entrevistado há vinte anos atrás, para saber como a vida deles mudou. De fato a vida deles melhorou bastante, isso é uma verdade, mas é muito piegas dizer: “que eles ainda não sofrem e achar que só porque é na Europa que as pessoas tem finais felizes”. A tristeza atinge tanto o primeiro mundo quanto o terceiro. O casal nunca mais retornou a Berlim mora em outro país vivendo como o nosso povo: marcado e feliz.
Que lindo!
Depois mostrou a reportagem dos muros. O Muro fronteiriço Estados Unidos-México, que não deixa escapar os chicanos das fábricas maquiladoras, daquele escravismo implementado pelo norte americano em cima do mesoamericanos pré-colombianos que tentam ir para a terra dos livres e para o lar dos bravos. Do muro da Cisjordânia feita por Israel, para os judeus defenderem a terra que é deles por direito, a terra da qual eles fugiram no século I d.C.; para se defenderem dos árabes palestinos que a ocuparam desde que os judeus fizeram a sua fuga do Império Romano, a famosa Diáspora. O muro que está sendo criado pela Arábia Saudita para não haver nenhum combate entre eles e o Iraque, para que grupos islamitas da Arábia entrem no Iraque e que se unam com os outros grupos para tentar derrotar as tropas da coligação multinacional. Sendo que esse não é o primeiro país que faz isso com o Iraque, o Kuwait já havia feito o seu muro de segregação na década de noventa. A Linha de Demarcação Militar que separa as duas Coréias existe desde o final da Guerra da Coréia em cinqüenta e três, como forma de conter o avanço comunista, para o país não ficar todo vermelho. Fora estes Muros da Vergonha existem ainda outros muros desses que servem para dificultar a passagem de pessoas em Ceuta, Melilla e no Marrocos. Fora realmente uma matéria triste, realmente me tocou... Como o mundo é injusto! Mas eu realmente fiquei com uma dúvida: por um acaso o Muro do Dona Marta já caiu?
Acho que não. Nós ficamos olhando pro nariz do outros e esquecemos dos nossos umbigos. E porque ele não foi lembrado pela matéria do noticiário? Talvez porque ele é o único, dentre estes muros, que não é um Muro da Vergonha (um muro criado com intuito de impedir a passagem de pessoas de outra região, migração, por causa de questões: ideológicas, políticas, econômicas, etc.). O muro do Dona Marta, na favela Santa Marta é um muro que separa pessoas de floresta, da tal “mata virgem” e que deve ser preservada. Que ao meu ver já tem mais de quinhentos anos que já perdeu o selinho. Mas você é contra o muro do Dona Marta? Eu também não disse que sou a favor. Entenda que todo e qualquer muro é feito para segregar, excluir e renegar. Impor um muro para uma comunidade não avançar mais é para mim um ato nefasto e terrível, devia ter sido tomada outra forma de preservação. Talvez conscientizando a população ou fazendo um desses assistencialismos baratos que são feitos todos os dias; mas há também de se preservar esta meia dúzia de árvores, que é apenas uma desculpa barata para conter a proliferação das favelas, um jeito estapafúrdio de segregação, criando uma cerca entorno das favelas, meio que como um burgo, um ato medieval como disse Saramago. Para mim não deveria existir aquele muro, como não deveriam existir favelas e como sempre tudo no Brasil é erro de base.

Um comentário:

  1. nossa texto profundo cara,tirando q vc esqueceu o "muro" da Irlanda com a Grã-Bretanha,mas o texto é muito bom,o seu exemplo para focar o muro aqui do Brasil foi genial.Eu tbm não concordo com essa politica de segregação,mas por um lado as favelas tem de serem controladas de algum modo, esse modo foi o desespero a urgencia, nada muito a longo prazo foi pensado, eles acham q assim eles iram controlar o crescimento das favelas.Patético.Mas fazer o q?Nada no Brasil é contruido para dar certo,tudo é feito para um controle momentaneo até q o calor e o caos os apaguem da memoria do brasileiro.Aquele muro era um absurdo até a proxima partida de futebol.É isso q eu me emputeço (perdão pelo palavrão,só num tinha outro jeito de falar) nesse país,tudo bem,o muro da cisjordania é ridculo,boçal, mas lá eles se matam de verdade,num morre 1 ou 2 como em tiroteio como aqui morre de 10 pra cima por dia e mais de num sei quantos feridos,e alem do mais é uma luta histórica de zilhoes de anos entre 2 países, aqui não, aqui é uma guerra civil interminavel tudo culpa de quem dá mais dinheiro e das condiçoes de trabalho, esse país é corrompido até o último alicerce,ninguem se candidata para fazer a diferença e sim para ganhar mais dinheiro,não importa o q vai fazer lá e sim quanto ele vai ganhar.Como vc disse tudo no Brasil é erro de base.Fato

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