segunda-feira, 13 de abril de 2009

Poema Sem Trema

Pensei em fazer um discurso, mais dessa vez vou ser mais direto ao ponto,
Ponto.
Você esta bolada comigo?
Você quer ficar comigo?
Você não quer mais falar comigo?
O que você quer de mim?
Diga-me o que quiser eu te direi tudo.
Seja você mesma
E mais uma vez pergunto direto ao ponto,
Ponto.
Você quer ficar comigo?
Eu sei que você não quer
Antes eu não aquentava, eu queria te querer.
Agora eu não ligo mais, não ligo mesmo.
Não vou ser clichê,
E muito menos michê,
Talvez eu seja um crupiê,
Sei que sempre vou te querer.
Mas não vou te amar como lhe amei,
Só digo uma coisa sincera:
Pelo menos você me rendeu um poema
Sem trema,
Sua megera.

Aqui É O Inferno

Nasceu
Cresceu
Virou Bandido
Faturou
Viveu
Matou mendigo
Vendeu droga
Criou fama
Vale mais que o Capone e o Beira-Mar
Criou família
Matou famílias
Agora vive num duplex na frente do mar
Foi pra prisão
Não viveu
Nem se entreteu
Apenas morreu
E não ganhou pão
Muito menos uma extrema unção
Virou queijo suíço
E depois presunto
E isso tem sentido?
Acho que não

Pré O Que?

Há certos males que vem para o bem, um desses males se chama pré-vestibular.
O pré é um lugar muito engaçado. É aquele lugar que você vai porque esta com a corda no pescoço. É o famoso ou dá ou desce. Talvez nesse meio da vida escolar seja o lugar mais estranho e engraçado em que se possa passar. Porque faculdade não é escola, é faculdade. Pois a vida escolar limita-se a te mostrar o que você gosta e não gosta e possivelmente te prepara para a sua escolha profissional. Ou seja, um sistema fraco, falho, insensível, banal e hipócrita! Opa, quase que me esqueci, e corrupto, sendo o pré o mais corruptor.
Só no pré você descobre que tudo que a tia Lalá, no caso do pré, tia Zulmira, ou Raimunda, e por aí vai nessa sucessão de nomes cômicos e estapafúrdios, pois esta tal tia não lhe ensinou nada, quer dizer, toda a sua vida escolar foi nada, ela foi a grande vilã da sua vida. Isso tudo é sempre proferido pelos grandes anti-heróis da educação brasileira, os professores de pré, vangloriados por poucos e odiados por muitos, esses são os destemidos caras que acabam com os traumas lalázentos e ensinam à verdadeira verdade absoluta em menos de nove meses.
Essa máquina latifundiária chamada pré parece até com a instituição católica, por causa de seu dogma principal: você é quem faz a diferença, você faz a sua revolução, nos só lhe damos as armas para você ganhar sua luta. Agora sei o que os celtas e os índios, ambos pagões para visão unilateral da Igreja, sofreram quando foram convertidos ou catequizados, ou ensinados a passar no vestibular.

Maldita Mania

Eu tenho uma mania, talvez um TOC, realmente não sei em qual nível de insanidade se encontra esse meu hábito um tanto saudável. É que eu sempre que posso gosto de tomar banho escutando música, ligo o computador deixo a porta aberta e tomo meu banho curtindo o meu som, é claro que se eu estiver sozinho. Até porque acho que ninguém gosta de ver um gordo, pelado, pelado, nu com a mão no bolso, tomando banho, é uma péssima cena, acho eu que é uma cena mais assustadora que esses novos filmes de horror que são chamados genericamente de terror, esses Jogos Mortais 1, 2, 3, etc.
Enfim, a parada é que eu curto mesmo fazer isso, sempre que posso faço. Acho uma experiência muito saudável e natural, que todos deveriam experimentar. Nos já nascemos nus e molhados, de sangue é claro. Só faltava ter uma musiquinha na hora do nascimento. Só para enfatizar a criação: a vossa mãe arreganhada e estrebuchada, muito alegre por não ter que carregar aquele pequeno hospedeiro por mais um tempo. Realmente deveria ter uma música ao gosto da parida para acalmar os nervos.
É muito bom escutar um blueszinho para tomar banho, ou uma bossa, que seja qualquer coisa. Concordo também que tomar banho ouvindo o lindo silêncio também é muito bom de vez em quando, coisa que é impossível, pois o banho já é por natureza um meio barulhento, o bom seria ter um botão para ativar o silêncio, pena que os cientistas japoneses, ou da NASA ainda não inventaram esse. O único tipo de música que não é muito legal de se escutar ao banho é música tradicional irlandesa, porque dá vontade de beber qualquer coisa que seja ao seu gosto, mas que não seja água, cerveja, por exemplo.
A pior parte é quando a música acaba, porque tu ta lá empolgadão no banho e de repente tem aquela parada súbita, seca, cruel, é quando vem aquele zumbido na orelha, e aquele som da gota d’água batendo no coco com a força de um pugilista e com um som de um zepelim de chumbo. Eu toda vez rezo para a música não acabar.
Também tem vezes que eu nem ligo a música porque já ouço música! Aquela linda sinfonia de metais urbanos a Kalashnikov, vulga AK-47, a famosa AR-15 e as escopetas, fazendo timbres graves e agudos. A opção é continuar o banho e rezar para que a bala não atravesse a janela.

Vida E Morte De Um Dois De Paus

A minha vida é muito difícil. Acredite não estou sendo melo dramático e tão pouco apelativo. O grande problema é que sou estigmatizado por certas coisas como: sou preto e o meu nome é Dois e sobrenome, de Paus.
Trabalho num cassino em Vegas. É um trabalho muito difícil, ninguém gosta de mim e todos reclamam quando eu apareço. Um dia alguém ainda irá me matar, se eu não um, antes. Às vezes, muito raramente alguns doentes ficam felizes em me ver, e às vezes, nessas vezes, eles até que conseguem se dar bem, fico muito feliz por eles. Mas o resto me odeia mesmo.
É um trabalho muito árduo. Todos aqueles viciados, aqueles vermes perdendo apólice da casa jogando, putas, que roubam os carros desses vermes que já perderam a casa para o cassino, velhos, que gastam toda a aposentadoria naquela merda. Finalizando, Vegas é a Disney suja, pois enquanto os pais deixam as crianças brincando nos parquinhos dos cassinos, estes mesmos me deixam levar embora a sua vida.
Não me sinto honrado com o meu trabalho, pois poucas são as pessoas que eu deixo felizes, poucas mesmo, sei que já falei isso anteriormente, mas é bom fixar essa coisa. Também têm o estresse adquirido pelo trabalho, todos aqueles spreads, washes e rifles me deixam com dor de cabeça. Malditos crupiês, as descriminações sociais, sempre me rejeitando, estão rebaixando a minha qualidade de vida, que já é péssima. Sinto que não passo dessa semana. Pelo menos tenho uma vida mais longa do que uma bola de tênis e mais curta do que um chiwawa, mas a minha grande sorte é acreditar em reencarnação, espero que eu nasça com um nome melhor.

domingo, 12 de abril de 2009

Óculos Noir

Tudo começou quando eu coloquei aqueles óculos escuros. Não que eu esteja morrendo ou, que já seja presunto, ainda estou vivo respirando um ar relativamente puro, bebendo uma cerveja relativamente boa e fumando um cigarro totalmente mata rato. Em tese sou apenas uma alma impura dentro de um corpo carcomido. Meu médico já tinha me alertado sobre essa minha rotina perigosa, parar com essas coisas, mas realmente é impossível, a carne é fraca e alma aguenta bem mais.
É incrível como uma simples ação, errada ou não, muda a sua vida, a minha foi ter posto aqueles óculos, deve ter sido o momento, realmente não sei. Também não entendo porque eu nunca mais os tirei, ele já era parte integrante do meu corpo, sentir o raio solar sem aquele filtro era a morte, na minha situação seria preferível encontrar o diabo a ver a luz sem os óculos.
Não sei se de fato foi ruim pra eu ter posto aqueles óculos, pois ele de certa forma me fez abrir os olhos para certas coisas. Eu comecei a ver como as coisas realmente são, sem estarem encobertas por esse falso pano de realidade posto pela mídia monopolizadora. Era tanta sujeira, quer dizer é tanta sujeira, tanta imundice. Esses porcos no poder. Acho que chamá-los de porcos seja uma ofensa para esses belos animais, esses seres... Não sei o que falar deles, não sei que adjetivos deveria eu usar. Só sei que depois disso comecei a ter um sublime e lindo ódio por essa realidade forjada. Queria que todos tivessem óculos como o meu, para passar por esse enjôo de realidade. Acredite, até mesmo uma velhinha atravessando a rua, pela minha ótica, é um coisa extremamente degradante, pois você esta vendo a cena real não a idealizada, mas você não esta a interpretando pela ótica real, mas sim pela idealizada. Você não vê apenas uma velhinha, mas sim uma imagem altamente idealizada e assumida pela pessoa, também é possível enxergar o ceifador carregando uma bolsa cheia de remédios e cheia de ideologias perdidas.
Era um horror, comecei a ficar maluco, tudo era estranhamente novo e pitorescamente familiar ao mesmo tempo, durante meses não conseguia andar na rua de manhã, pois como diz o ditado: à noite todos os gatos são pardos. Mas mesmo saindo algumas vezes à noite me deparava com coisas piores.
Depois da previa maluquice, percebi que também era tão podre quanto todos que eu criticava. Eu era o maior hipócrita da Terra, de manhã metendo o dedo na ferida dos grandes hipócritas, e de noite sendo pior do que eles. Com isso tive nojo de min mesmo, não consegui a ir ao banheiro e olhar para baixo, a melhor parte do meu corpo era a pior coisa do mundo, aquele sim era o corruptor mor.
Com muito esforço fui me adaptando, tenho medo de tirar os óculos e a minha produtividade cair. De ver que a realidade encoberta é bem menos traumatizante do que a original, que é coisa de criança. Só sei que com os óculos só vieram boas críticas, pois mulher e dinheiro até agora estão bem difíceis de se aparecer. Nada que um assalto a banco e meia dúzia de putas de luxo não resolvam, não se esquecendo do havana e de Deus, só tem um problema nesse lindo plano: cadê o dinheiro do banco?

A Loja De Cerveja

Existia um cara que amava cerveja. Ele realmente tinha problemas sérios em relação a essas loiras. Sempre que podia dava suas palestras criticando as pilsens brasileiras, que são falsas que não fazem jus as verdadeiras thecas. Mas por falta de dinheiro sempre acabava bebendo as brasileiras, ou explicando estilos de cerveja, tudo isso baseado no que lia na internet, pois este não conseguia achar livros sobre as divinas. Na verdade até achava, mas tinha o medo de se aprofundar e se meter a fazer seus próprios monstros de cevada, lúpulo, água e levedura, como sempre seguindo a grandessíssima lei da pureza alemã.
Um dia desse ele foi a uma loja especializada, fazer umas compras rotineiras. Nunca tinha ido a essa loja, mas tinha ouvido falar bem dela. Ao chegar ao recinto ele ficou extasiado, todas aquelas marcas, tudo aquilo, ele estava atônito, parecia uma criança numa loja de brinquedos. Seus olhos brilhavam. Tantas possibilidades, seus sonhos de jovem bebedor estavam lá, todos aqueles devaneios embriagados, fermentados e nomeados estavam lá, presentes, lhe olhando, lhe sussurrando; “beba-me”.
Enquanto ia entrando a loja ele ia sendo encarado por cada rótulo: as belgas, as alemãs, as tchecas, as inglesas, as holandesas, as irlandesas. Ele percebeu uma coisa: precisava de ajuda. Precisava de alguém para ajudá-lo em sua nobre busca. Então seguiu reto desviando os olhos delas e parou retilíneo ao balcão e falou:
-Boa tarde! – não sabia a quem perguntara apenas falara com a primeira sombra que aparecera a sua frente.
-Boa tarde! Em que posso lhe ajudar? – para sua grande sorte quem respondeu era um funcionário da loja, o nobre ser que ia lhe ajudar.
-Eu queria saber se vocês têm Guinness? – salve a Guinness, ele procurava pela tal pelos quatro cantos do Rio, há meses que estava nesta sede, há meses que estava na seca, lá era sua última esperança, a ultima ratio.
-Temos, temos. – respondeu tranquilamente o vendedor.
-Ta quanto? – perguntou afobado o rapaz.
-Ta X!
-Hum!... – estava no preço: nem tão caro nem uma pechincha, apenas no preço.
-Outra coisa...
-Diga!
-Tem aquela rauchbier alemã... – ele não sabia falar o nome, mas, sabia tudo dela, até do seu sabor metafórico, esperava há tempos para tê-la em seus lábios.
-Hum!...
-Aquela que tem um nome estranho, começa com “s”, eu realmente não sei falar aquele nome... – isso que dá a falta de um curso de alemão na vida de um amante de cervejas.
-Hum!...
- Vocês têm? – perguntou delicadamente, não podia mostrar suas emoções a esse tipo de pessoas.
-Se ta falando da Schlenkerla?
-É exatamente essa, e como é que você consegue falar isso?
-Eu estudo alemão. A loja ta pagando o curso, saca? – filho da mãe, quero trabalhar aí também, tem vaga não?
-Entendo, então tem? Ta quanto?
-Temos, ela ta Y!
-Hum, tem também Erdinger? – mas por questão de curiosidade, para ficar mais íntimo com o vendedor.
-Temos, mas o senhor está procurando qual?
-Pô, to procurando a Dunkel, a Kristall e a Pikantus.
-Temos as três, elas tão Z, cada, mas se o senhor levar as três por mais X, o senhor também leva o copo.
-Vocês realmente são profissionais mesmo hem?
-A gente tenta! – o funcionário ficou surpreso com a frase e lançou essa ironia rindo maliciosamente.
-Ta bom então, se vocês realmente são bons, vocês tem Deus? – e ele duvidara que tivessem.
-Temos. – respondeu o funcionário, com a maior calma do mundo. Essa frase foi como um tiro para o rapaz, ele parecia o Kennedy degolado e seu assassino muito calmo.
-É mesmo, e ta quanto? – ele pensou que era um blefe...
-Ta 300 reais, aceitamos dinheiro, cartão, cheques, parcelamos em até três vezes sem juros. – e não foi. No momento que o funcionário terminou de falar ele apontou para garrafa que estava ao lado do balcão, e lá estava Deus.
-Então valeu. – falou arrasado o rapaz, dando as costas ao vendedor. Arrependido e arrasado, e com todas aquelas loiras do salão rindo dele, até mesmo Deus ria de sua burrice ele saiu para voltar nunca mais.
E nesse momento eu acordei do meu sonho irreal, da minha realidade atemporal. Com o questionamento de preferir morrer ateu a comprar meu Deus. Esse lindo sonho só reflete a minha triste situação sem a minha linda Guinness e sem Deus, um clássico problema de um burguês insatisfeito sem dinheiro para comprar Deus, mas como já disse prefiro morrer ateu e bebendo Guinness a comprar minha passagem para o céu.