quinta-feira, 7 de julho de 2011

Numa Madrugada de Quarta

Frio, dor de garganta
e ela a meia noite canta os hinos religiosos,
reproduzidos por temíveis flautas peruanas.
O ônibus dela chega,
me beija lasciva
e seus olhos brilhantes, infelizmente, vão embora.
Sigo meu rumo a espera do ônibus e da compreensão do ser.
O vento meche a minha barba, meu bigode se enverga
e minha garganta quase fecha.
E eu, mais um pequeno descontentado com a vida
sigo o meu caminho nessa linha torta de desesperos ressentidos,
angústias angulares
e poucas e sublimes alegrias fracionadas.
Mais um dia de trabalho, logo sonolência e alienação.
Uma rotina sadia, trabalho e estudo, com a possível
esperança de deitar na cama quente no final do dia.
Não durmo bem, e vivo desejando meus sonhos.
Há dias que tenho mais prazer numa noite de sono, que numa noite de sexo...
O que é lastimável, mas totalmente possível, porém nem um pouco preferível
"melhor era tudo se acabar" como o diria o poeta, acabar com a minha rotina.
Com o trabalho, com o dinheiro, com o sistema, com a porra toda que é discutida
por todos ao longo da sua jornada, a diferença é que alguns ganharam certa
notoriedade com seus problemas, mas no fundo, somos todos uns condenados a não
nos compreendermos.
E as teorias, as parábolas, a sonolência...vontade de dormir.
Só o prazer de me deitar, principalmente
me deitar com ela, só isso já me traz uma boa vontade
para encarar a vida.
Meu porto seguro.
Só o sorriso dela para eu não mandar o mundo se foder.