sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O Dia Do Quartel

Depois de tanto esperar, a minha hora chegou. Mas que felicidade, essa alegria tomou o meu ser no último dia do mês de julho e me fez despertar às cinco da manhã. Parecia pinto no lixo, não parava quieto, estava todo serelepe e animadinho indo para um tal bairro chamado Triagem, num tal de quartel com nome estranho, cujo nome não consigo me lembrar, mas que deve remeter a uma pessoa que fez algo grandioso e grandiloquente o suficiente para receber tal homenagem. Exatamente caro leitor, você já dever ter entendido muito bem, eu fui me alistar.
Primeiramente pensei que estaria eu entrando no inferno, quer dizer, indo para um circulo inferior, pensei que iam me xingar, me insultar, falar mal da minha família, salgar a minha terra, me dar um tapa na cara, duvidarem da minha orientação sexual, me chamarem de baleia, mas, contudo, todavia, entretanto, não foi nada assim. Digo-te que me senti um tanto decepcionado, não que eu seja masoquista muito menos mulher de malandro, mas um homem pode se dar ao luxo de pelo menos uma vez na vida viver um clichê destes.
Por outro lado, me trataram super-bem. Acho que o exército quer apagar essa mancha que eles têm com a sociedade brasileira. Até porque, tu só deixas de ser civil mesmo quando tu és aprovado para tal cargo patriótico com fins paramilitares e oriundos de vários adjetivos com caráter camonista meramente ilusórios para tentar enaltecer o sentimento do povo em meras palavras brancas sem sentido que por fim são dejetos cuidadosamente depositados como epitáfio é cuidadosamente esculpido no túmulo.
Também dera eu muita sorte de poder gozar da felicidade de possuir uma respeitável médica na família, que aspira ser um tenente sendo uma aspirante. Fora de muita sorte isso ocorrer, e que um de seus camaradas do quartel veio a calhar de servir no santo quartel que eu fora me apresentar, salve o santo tenente Euvaldo, que me livrou desse problema, ele ainda me xingou, não o crucifico, faz parte do trabalho dele, xingar os outros. Até que não é um mau trabalho...
Por fim, a minha experiência no quartel não fora nada traumatizante, nada de mais aconteceu, nada de incrível se sucedeu. Foi apenas um dia que eu acordei muito cedo, escutei muitas pessoas falarem, fiquei muito tempo em pé, me acidentei vendo um Chevette, voltei a casa feliz, joguei poker como meu amigo, recebi uma boa resposta de uma pessoa, comi caldo verde, bebi vinho e para finalizar o dia bebi Licor de Merda. Até que esse fora bom dia que me proporcionou duas certezas: a primeira que eu to livre do exército e a outra que talvez os meus dias comecem a ser mais felizes daqui para frente...

Um comentário:

  1. Relaxa cara, eu também pensava que ia levar uns tapas na cara, que iam xingar gerações da minha familia e iam me obrigar a dizer "pede pra sair!" mas foi uma experiência bem sem graça e até hoje não consegui pegar minha carteira de reservista aff.

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