sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Barreira Social

Hoje eu vi um encargo social. Este é o problema de conceitos, eles são conceitos. E muitas vezes, como neste caso, não são muito concretos, e por causa desta invisibilidade, não são nada práticos.
Mas esta é a coisa bonita de um cotidiano paradoxal de um cronista, fazendo da realidade uma irrealidade cômica através de uma lente esverdeada presa por uma armação negra.
Todas estas coisas sociais são impossíveis de se entender facilmente, porque não há uma visualização perfeita das tais. Para tu veres, até o conceito de classe social já esta mais difícil. Antes era a clássica tríade (rico, classe média e pobre), agora, porém, existem tríades dentro das tríades! A clássica classe média já se dividiu em baixa, média e alta. São essas coisas que complicam, que deixa tudo isso no campo das idéias. São essas coisas que fazem as pessoas virarem no caixão, como por exemplo, Marx, este deve ser se revirar sempre que ouve coisas destas, pois imagine a luta de classes dentro de classes, seria a luta de subclasses. Se eu fosse Freud eu receitaria a Marx, Platão e Prozac, quisá Balzac, só para ele relaxar em completo, nada como um romantismo realista do século dezenove para amenizar a situação.
Mas hoje o conceito saiu do etéreo, se concretizou, via a mais perfeita idealização concretizada de conceitos sociais. Vi a real barreira social: um mendigo dormindo na porta de um banco!
Que cena, que horror, uma barreira suja, mas sincera; dormindo perante a soleira da porta suja de um banco nada sincero. O pacifismo dele era digno ao de um revolucionário igualmente mal lavado, que enojava a porta do banco, tinha vontade de cuspi-lo de sua boca que estava fétida e que não conseguia seduzir ninguém.
Sei que esta parece ser uma cena muito normal do Rio de Janeiro, e realmente é. Não sei se isso acontece em outras cidades, ou outros estados brasileiros, enfim em outro canto no mundo, minha ignorância me permite somente falar da minha cidade. Para muitos talvez esta seja uma cena comum, de uma comum metrópole comum, essas coisas já estão enraizadas em nossas entranhas, coisa que não deveria ter acontecido, mas aconteceu, e o que eu posso fazer? Nada, talvez apenas me dar ao luxo de tentar falar para as pessoas que não é normal, não é estético, não é aceitável, não é carioca, ver um mendigo dormindo aos pés do banco. É realmente paradoxal ver a pobreza dormindo na frente da riqueza.

Nenhum comentário:

Postar um comentário