sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Férias Curtas

O tédio me é tão grande neste momento que eu não consigo pensar em nada produtivo. Ultimamente o meu tédio parece um tenaz quente levando um ferro vermelho sangue, que ferve o meu sangue. Tal ferro acabara de sair da brasa quente e pulsante, de um efervescente e alegórico carnaval de chamas dentro do braseiro que até me lembra o Brasil. Vivo assolado pelo meu próprio isolamento da realidade tropical, do meu carnaval bacanal totalmente original, vivendo num tempo de afastamento cultural e de permissão verbal, que faz as rimas serem fracas e obsoletas, verdadeiras lástimas de prateleiras, que só servem para enfeitar a ignorância, florear o vacum da discrepância intelectual de nossos poetas da mitologia contemporânea. Nem o berro dos cachorros, a algazarra dos felinos, o assobio das aves, o latir do síndico, o ronronar das moças, e o piar da vossa santa, me fazem voltar para o meu lugar. Nem a pizza, a minha dama, o drama, a cerveja, o jazz, o samba, o rock, a bateria, o vinho, a piscina, o filme noir, à noite, o boteco, os óculos escuros, nada! Nada me tira deste meu estagio deplorável de um coma auto-sustentável de lixos urbanos, caos, falta de ordem (pois mesmo desordem sendo seu sinônimo, o primeiro causa um maior impacto textual), burocracia, tráfico, o tudo, o nada, o existir. O meu diagnóstico é simples, férias curtas demais depois de um longo período de rotina desgastante, falta de mulher, falta de Guinness, falta de filmes bons, excesso de jazz, muito tempo em casa sozinho sem fazer nada, excesso de poemas para tal dama mencionada acima e o maior problema: falta de dinheiro. Para fins de conversa, o meu tédio se resume em uma semana de férias, grandes planos e pequenas ações. Você espera tanto para tal e no final ela já passou e você nem percebeu, tantos planos, tantas fugas, e nenhum verbete verde, ou azul, com algum animal estampado. É um horror.

Nenhum comentário:

Postar um comentário