terça-feira, 3 de março de 2009

(Nossa) Violência Gera Violência

A César o que é de César, talvez isso agora não faça muito sentido, então adaptarei essa frase para esse texto: ao Povo o que é do Povo, pois bem, ao acabar de ler essa crônica releia esse parágrafo, para melhor compreensão.
É lindo ver o povo feliz. É lindo ver um punhado de pessoas alegres do nada, bem não é muito bem do nada, mas a felicidade deles surge do nada, talvez essa felicidade do nada seja até uma questão niilista, ou talvez, seja apenas um bando de curiosos fofoqueiros com nada para fazer e com muita sorte de acontecer algo bizarro no meio da rua, naquele lugar e naquela exata hora. A felicidade do povo vem do acaso habitual de nosso habitat habitacional.
Digo-te uma coisa, é muito fácil deixar o povo feliz do nada. É bem simples: arranja uma briga no meio da rua, ou cria um barraco, ou um bate boca, ou xinga um guarda, ou bate num velho, ou bota uma mulher pra bater no segurança do shopping. Totalizando: violência, isso desperta as pessoas. As pessoas ficam intrigadas com a vida alheia, pra tu ver como o BBB dá certo, o povo gosta de fofoca, gosta de saber mais do que os outros, gosta de ver sangue, tumulto, voz de prisão, fica todo mundo atônito e eufórico ao mesmo tempo, a adrenalina sobe, parecem formigas atrás de doce.
Pense bem, o jornal é feito para informar, logo nós gostamos de ficar informados, se gostamos de ficar informados, informação é igual à fofoca. Só que o jornal é uma fofoca legal, regulamentada, o jornal tem o seu mérito, desde o mais podre até o jornal on-line. O jornal vai ter sempre algo para nos surpreender, que vai da morte de um elefante no México até a violência urbana no Rio.
É realmente uma coisa muito bonita de se ver, quer disser observar, porque ver é uma palavra muito pouco filosófica para tal questão, o certo mesmo é observar. Observar a reação das pessoas com a violência é incrível. Num primeiro momento vem o susto, o choque com o selvagem, com o desconhecido; depois a ânsia de vômito, as pessoas começam a achar aquilo muito forte e acham que vão sair traumatizadas; no final as pessoas chegam num estágio eufórico tão intenso que estas não sabem mais quem está certo ou errado. As pessoas se encantam com aquele circo, e estão lá esperando uma brecha para entrar, para pegar a onda. Como quando a gente é moleque, e fica esperando o cara passar no corredor polonês, ou esperando a sua vez no sete. Muito mais tarde vai vir à consciência, depois vai vir o trauma e logo em seguida a pessoa vai à igreja confessar, isso se o karma já não a pegar no meio da rua.
Esse é o nosso problema, incentivamos a violência subliminarmente, através de brincadeiras, jogos. Não estou dizendo que sou contra esses jogos, estou apenas dizendo que se um moleque está na lan house, jogando Counter Strike, matando geral, se divertindo, é uma coisa, mas se ele sair à rua e começar a matar geral é outra. A nossa sociedade é violenta, nós sobrevivemos através da violência. Agora, somos engolidos por ela, a violência é uma faca de dois legumes, a violência é uma cobra, pois quando a percebemos, nós já estamos estrangulados por ela.
Nós não podemos ir contra aos nossos instintos selvagens. Não podemos ir contra ao ser, do mesmo jeito que gostamos da violência, o comunismo não dá certo. Fazer o que? Nós somos os verdadeiros bons selvagens, fomos corrompidos pelo meio, nós somos tudo de ruim que achamos que somos, não sois máquina, homens é que sois!

Um comentário:

  1. julio andre raimundo27 de março de 2009 às 19:15

    Concordo em parte com seu texto, talvez por estar numa fase mais zen (isto é coisa de boiola). Mas, concordo com o fato de armazenar-mos muitas coisas ruins e bota feio nisso, e o fato de que no fundo somos animais solitários, como os lobos.
    Abçs do seu dentista, Júlio.
    P.S. capricha no sorriso da foto

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