sexta-feira, 20 de março de 2009

Ah! Se Eu Fosse Um Dia Especial

É incrível como tem alguns dias que são cheios, quer dizer, não cheios
temporalmente mais sim em seu significado para o mundo em si. Enquanto outros
passam despercebidos pela sua linda e clássica insignificância rotineira. Veja
só que dia importante foi sábado passado: foi o início da era de Aquários, foi
o dia de São Valentim, foi o dia depois da sexta feira 13, foi o aniversário da
Tia Ângela e a melhor coisa de todas foi o dia que acabou o horário de verão. Agora
vai voltar a anoitecer as seis ou as sete, sei lá, pois o que importa é que agora a noite vai durar mais um pouco. E tirando esses fatos globais, foi um
dia muito legal na minha vida. Até aí tá beleza, dia bom e tal, mas é nesse ponto agora que quero chegar: como deve se sentir aquele domingo que precedeu esse dia, ou então aquela segunda pacata e fatídica que veio depois daquele domingo triste, será que os dias menos importantes se juntam uma vez por mês para tomar um porre para ficarem felizes?
Rio de Janeiro, 24 de agosto de 1954, Getúlio Vargas se suicidou. Esse dia sim
foi memorável e lastimável, esse dia tinha que ser lembrado como o 11 de
setembro de 2001 é lembrado. Esses dias foram incríveis, foram altamente importantes para a história, mas a grande questão é: como foram os outros dias perto desses, esses que não são lembrados, são esquecidos, onde muita coisa pode ter acontecido também, mas não são lembrados por falta de importância para a sociedade.
Eu tenho pena desses dias normais, pois todo dia é normal até que alguma coisa surpreendente aconteça. Acho que todos os dias deviam ser comemorados, apenas por serem dias, apenas por poderem ser um dia especial, apenas porque estamos vivos até o final, porque esta ficando muito difícil sobreviver nessa Terra violenta em que vivemos.
Lembro-me da teoria do tédio, que estava desenvolvendo com o parceiro Jena, que é mais ou menos assim: esses grandes acontecimentos aconteceram porque havia um grande tédio global pela data. É tudo culpa do nosso tédio pessoal, que se expande globalmente e toma proporções devastadoras. Essa teoria é um tanto niilista e muito metafórica e doida, esta em fase de aperfeiçoamento e teste, espero um dia ser publicada.
O dia é que nem um grande boteco. Acontece muita coisa ao mesmo tempo, cheio de clientes, cheio de comida e bebida, mas às vezes a comida acaba e a gente continua bebendo até o dia acabar. Em alguns dias esse boteco sofre uma reforma, ou cai um reboco, ou o dono ganha na Megasena, ou há uma batida policial. Tudo pode acontecer em um boteco.
Mesmo sendo boteco, ou dia mesmo ele é sempre esquecido, sempre mal tratado, sempre prejulgado.
Só para finalizar, se eu fosse um dia comum, um dia normal, eu bateria em todas as pessoas que esquecem de min, mas agradeceria a todas as pessoas se alguma delas me considerasse um dia especial, e me desculparia pelas que bati.

Um comentário:

  1. Todo dia é especial por agente ter sobrevivido ao anterior!

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