sexta-feira, 20 de março de 2009

Rua Luís Gama

Ah, meus anos de colegial, parece até que foi ontem, e realmente foi. Na verdade até agora foram os anos mais legais da minha vida, tirando quando eu era bebê, pois as pessoas me amavam, me limpavam e me davam comida, e não tinha que me preocupar se o bebê ao lado estava dando em cima da minha garota. Foram anos negros e dourados, cheio de momentos bons e ruins, foram anos que aprendi a gostar de novas coisas, pois a mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original, já dizia Einstein.
Foi lá no Ferreira que aconteceram muitas coisas como: entrei engenheiro e sai jornalista, foi lá que comecei a escrever, a compor, a começar a apreciar cerveja, a sétima arte, a música, também foi lá que vi que não importa da onde você seja, qual seja o seu nome, qual seja a sua cor, que eu serei o seu amigo, seu irmão, e que juntos seremos uma Família e que esse elo nunca irá nos separar.
E tirando todo esse romantismo épico pós-moderno, também conheci o Foda-se, a vulga Rua Luís Gama. Pensar que esse cara viveu tanto, este cidadão brasileiro viveu tanto, recebeu até homenagem, reencarnou em uma rua, para depois ser apelidado de algo tão vil, mas não menos reconhecido, pois talvez este seja o xingamento mais usado ultimamente, ou seus derivados. Tá na boca do povo e da mídia, sempre o utilizando em situações extremamente necessárias e impróprias.
Salve esta rua, quer dizer recanto sagrado, quase Shangri-lá ou até mesmo Valhalla, mais possivelmente o último, por adquirir todos os requisitos e fundamentos deste, esperar o Ragnarok, ou a Prova. A Rua Luís Gama era realmente um ótimo recanto regado à sombra, Itaipavas alheias, Suecas, filósofos, jogadores de poker, mentecaptos, estapafúrdios, bêbados, mendigos, estudantes, policiais, comunistas, e por aí vai, é uma rua muito democrática, para nela quem quiser e segue nela quem não tem juízo.
Durante meus anos no Ferreira eu nunca tinha percebido seu nome, mas um dia percebi, e pesquisei e vi que você, Luís Gama, foi um cara digno de receber essa rua, tem tudo haver contigo, admiro-te pela sua grandiosidade como pessoa, você conseguiu ser um homem notável de sua época, advogado, jornalista, ajudou a criar jornais e partidos políticos, também fora um literário, um homem completo, sempre criticando a aristocracia rural. Hoje, vendo me sinto honrado de poder estar em sua rua, por passar em sua rua, de poder ver pessoas de cores, crenças, padrões sociais estarem partilhando de sua sombra. Salve Luís Gama, salve o negro advogado, o negro jornalista, o negro abolicionista, o negro brasileiro, o negro Luís Gama.

2 comentários:

  1. "aconteceram muitas coisas como: entrei engenheiro e sai jornalista"
    owned!

    boa tirada.

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  2. AH! que saudades dessa rua!
    ótimo momentos que eu passei nela, a rua dos simples encontos de estudantes (ou não) de são cristóvão/mangueira/maracanã/tijuc*u*
    rua onde podia falar e se expressar como você quisesse, rua do qual tinha tantos jogadores de RPG e magic, onde eu passava hora bebendo cervejas dos outros ou as clássicas coquinhas de 1 real, que era 1 real pedido ali na hora.
    Otimos tempos .... pena que tudo muda e as pessoas tambem, mas a lembraças ficam!

    Bjão leo!

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