sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Nenêm

Restam mais de doze horas para o combate. Estou aqui no frio e no conforto do meu alojamento esperando para a batalha. Sei que o desembarque às doze horas de amanhã será terrível. Muitos podem não chegar até os portões do inferno. As tropas devem chegar a tempo, mas acho que talvez a ressaca complique um pouco a trajetória dos carros anfíbios. Amanhã é o dia D. Depois de tantos rumores e distúrbios, de espionagens e contra espionagem o momento chegou, e ninguém poderá apartar esta guerra, contra as forças do Inep.
Várias ondas estudantis desembarcaram, lutaram para a sua sobrevivência, dormiram em estado de vigília, alertas e assustadas com os horrores da guerra e voltaram a lutar pela sua liberdade e pelo seu ingresso a faculdade até as seis horas do domingo. Será uma luta revolucionária, “totalmente” guerrilheira, porém sem ideologia concreta e com pouca organização; contra as forças ditatoriais das questões malditas, manipuladas pelo sultão Haddad, o Filósofo, que em seu reino da Educação engendrou um imperialismo intranacional. Formulando uma prova “anti-decoreba”, uma forma de alto promoção para talvez uma elevação de poder, quem sabe vir a se tornar um Xá. Uma forma de tentar revolucionar com o ensino brasileiro, tentado unificá-lo sem acabar com as disparidades criadas através de anos de falta de planejamento.
Sei que cometi uma infração gritante acima, porém o meu objetivo é fazer o improvável. Nunca um turco virará persa. E muito menos o contrário. Esse tal “Novo Enem” é uma digna falcatrua tupiniquim, alegando que tudo irá mudar, porém nada muda. Tá minto, mudou sim a prova: o maior número de questões, o menor tempo para fazê-las, a transdisciplinaridade da prova, a maior interpretação, maior número de textos insignificantes, maior cunho social (tentando pagar as dívidas que nunca foram quitadas antes).
Porém a prova não ficou mais ridícula até por causa da relação de pouco tempo pra muita questão, ademais, a prova nunca fora tão idiota assim, tanto é que não é todo mundo que tem bolsa de cem por cento nas melhores universidades particulares do país.
O falar que uma coisa é nova é instigar a curiosidade das pessoas, fazendo-as roubar a prova e entregá-la para um jornal; também falar que o novo é obrigatório é totalmente antidemocrático! Sendo assim, prefiro o antigo. Não sou contra mudanças, mas não gosto de mudanças que não mudem nada. As pessoas querem mudar a educação por cima, queria entender este ato pedagógico, talvez isso deva ser de uma nova escola de pedagogia, criando uma mudança demagógica. Nunca vi isso, construir um arranha-céu em cima de uma laje de barraco. Mas fazer o que, mudar a educação assim pode dar voto se der certo, se colar. A política certa não da voto, demora muito, não é imediatista como o nosso mundo moderno.
É horrível sentir que eu estou indo para um campo de extermínio. Ou para um Vietnã. Amanhã será o: ou dá ou desce. Mas se todos descermos, não iremos para o inferno mal acompanhados, levaremos conosco todos os demônios santos ou santos demônios da nossa louvável nação. E lá faremos a nossa justiça pelas nossas próprias mãos.

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