quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Vinte Centavos

Sexta-feira de manhã, último dia da semana para as pessoas sensatas, penúltimo para os masoquistas como eu. Chego ao ônibus, sonolento como sempre, entro, paro em frente à roleta, abro a minha carteira com dificuldade e tiro a linda nota azul de dois Reais, deixando para trás uma irmã triste e solitária e um mico-leão-dourado, nem sei como ele sobreviveu a semana, é difícil para eu começar o fim dessa com algum bicho em extinção na carteira. Após retirar a nota, tarefa simples até para um bêbado. Parto para a outra não tão simples missão de pegar os vinte Centavos. Abro o porta-níqueis da carteira e começo a pescaria embriagada:
- Cinco. – Bom começo.
- Cem Cruzeiros. – Não nessa época.
- Cinco. – Agora só faltam dez. Já passara eu um ponto em pé catando moedas.
- Um Krone – Só na Dinamarca.
- Um Real – Muito.
- Um Dime – Só nos States.
- Dez Centavos – Até que enfim, dois pontos em pé para vinte centavos, que epopéia cabalística.
Finalmente entrego o dinheiro a trocadora, a qual lança a gracinha:
- Foi difícil, hein? – Sem graça eu respondo:
- Ham! Como Fora! – Passo a roleta, guardo a carteira, sento no banco. Meio estressado e acordado. Ainda com Morfeu ao meu lado, para piorar tudo, não cochilei, não dessa vez. Chegando ao ponto final saio do purgatórial coletivo gelado e volto a minha quente rotina infernal.

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