sábado, 6 de junho de 2009

Uma Devassa Sobre Uma Devassa, Que Não Bebia Devassa

Depois de um tempo as coisas começam a ficar chatas, muito previsíveis, aí você fica num misto humoroso mal humorado escroto, meio entediado e meio fastidiado. É sempre a mesma coisa: quebra de sigilo bancário de algum corruptor brasileiro, desastre no mundo, chefe da máfia preso da Itália, atentado tentado de um atentado terrorista fracassado e subjugado pelo sistema repressor, algum caso de morte estranha de uma feliz criança brasileira, que fica na mídia por dias, semanas, meses, e nunca da em nada. Criam tanto caso, sensacionalizam, para chegar a nenhum lugar, e nisso deixam de transmitir coisas mais importantes, acredite sempre acontece algo de conjuntura global que é mais importante do que a mitificação da imagem de uma criança morta. Esse é o meu medo de ser um funcionário deste maldito sistema manipulador, por isso que eu gosto de trabalhar com comida: sempre tem um que fica feliz por eu ter escrito que os políticos brasileiros, em sua grande parte, são porcos e que eles deviam ser assados pelo sistema, como belos e rechonchudos leitões à pururuca, que nem mesmo os pobres ousariam comer deste belo e podre prato.
Malditos “occhiali da sole”, maldito Snoopy, maldito Joe Cool eu, maldita cacofonia! Maldita metonímia!
Foi desse nefasto cotidiano holandês, que eu pensei em me tornar um detetive particular. Daqueles bem clichês mesmo, um misto de Bogart com Walter Neff, do Pacto de Sangue, do genial Billy Wilder. Seria aí que eu ficaria bem mais noir.
Imagine eu sentado na minha cadeira de couro, no meu escritório na Rio Branco, bebendo uma Devassa Ruiva e escutando um Dorival, ou um Coltrane, tanto faz. Quando abruptamente entra pela minha porta uma linda e bela devassa loira, pedindo a minha ajuda, pois ela se encontrara culpada de um assassinato, mas ela me afirmara que não fora ela, nisso entro nessa devassa, passando por bares, danceterias, hospitais, casas de família, restaurantes chineses, bocas de fumo, atravessando uma riquíssima trilha sonora de sons esdrúxulos e de musicas manjadas. E lá pelas tantas vejo que estou apaixonado pela loira devassa, compro a causa dela, devasso ela, e mesmo ela sendo culpada pelo assassinato do primeiro-ministro da Etiópia e pelo desaparecimento de um grande rubi em forma de falcão, o meu cego amor não me deixar ver isso, quando paro para abrir os olhos e olhar para frente, vejo apenas os lindos ladrilhos da piscina do Copacabana Palace. No final a devassa me pora numa furada e eu nem pude beber a minha última Devassa.

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