quinta-feira, 8 de abril de 2010

Herói Moderno

Heróis, sempre presentes em todas as culturas e todos os tempos como modelos de pessoas, admirados por todos, tidos como exemplos! Grandes exemplos e personalidades, aqueles que as mães falavam aos filhos para serem, aqueles que as filhas queriam casar aqueles que os pais queriam ter criado e aqueles que muitas nações queriam. Porém essa realidade não está presente em nossa modernidade. O tempo do “role model” acabou-se! Hoje vivemos a era dos azarões!
Para começar essa divagação, temos que nos perguntar o que é um herói? De que herói? Como nasce um herói? Bem, o herói é o exemplo de caráter integro, de honra inestimável, um cavaleiro, um paladino, um defensor da justiça, da ordem, da paz; um lago de excelências, o perfeito, o único, o imortal, e toda aquela bobagem clássica que todos nós sabemos. Mas tem uma coisa que não podemos esquecer: é que ele representa uma cultura, é o arauto da dignidade, do comportamento e de todas as honrarias daquele povo! Não citarei exemplos, pois se não, me enrolarei entre os fictícios e os reais e acabarei lembrando-me que no Brasil não saudamos os nossos verdadeiros heróis.
Só que isso não acontece mais. Parece estranho isso, mas é verdade. Essa mudança do estereótipo do herói veio com a existência dos anti-heróis. Assim nomeados por não conterem toda aquela glória em seus atos ou por não seguirem os padrões de honra, moral, justiça e conduta dos clássicos. O anti-herói não devia ser tratado como uma negação e sim como uma evolução. Esse termo é deveras pejorativo, pra mim o melhor termo seria chamar de herói moderno. Ele é um herói que acompanhou a mudança do mundo feudal pro mundo capitalista, para o mundo moderno, o mundo da exploração do homem pelo homem, o mundo das contradições o mundo da falta de honra, o mundo cão, que te devora se você não abrir os olhos; o mundo antagônico ao mundo feudal. O mundo dinâmico, o mundo do capital! E nem por isso o chamamos de anti-mundo!
Idolatramos os caras mais traumatizados, que nunca conseguiram superar o assassinato cruel de seus pais num beco escuro; que foram excluído da sociedade pela sua aparência, os segregados, que se acabam em bebida, cigarros e putas baratas; que tentam trabalhar, tentam funcionar conforme os padrões escritos pela sociedade, mas que são terrivelmente massacrados por esta; em suma, eles são pessoas que não se encaixaram direito na sociedade ou a sociedade não os encaixou direito e por isso decidem virar os lobos solitários, fazendo as coisas com as próprias mãos. Gostamos desse sentimento desvairado de justiça, desse código de honra próprio, sujo e correto. Correto porque ele faz alguma coisa, não importando os meios, meio que um justiceiro maquiavélico, importando-se apenas com os fins!
Nos importamos com a trajetória suja e podre desses heróis que nos correspondem tanto, pela sua vida difícil e seus sucessos impossíveis. Porque no final todos nós somos traumatizados por viver num mundo violento, num país violento, numa cidade violenta, num bairro violento, numa casa violenta. Somos pessoas insignificantes que fraquejam ao atravessar o semáforo da vida, tendemos a cair a cada passo dado e não acreditamos mais naquele exemplo de pessoa, pois nunca a seremos! Acreditamos hoje em dia no exemplo mais real, seja o astro da TV ou o bandido do morro.
Foi-se o tempo de vivermos a sombra de um Ulisses de Homero, hoje vivemos a sombra de um Henry Chinaski de Bukowski, ou quiçá um Brás Cubas, porém a realidade brasileira vive, hoje em dia, idolatrando um ícone Dourado da TV.

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