Acordamos todo dia lá pelas cinco da manha pra chegar ao trabalho às sete. Pegamos todos os dias aquelas latas de sardinha cheias de estrogênios e testosteronas ainda sobre aquela forte influência do sono vigente. Chicoteiam-nos para caber mais pessoas, uma grande lotada de milhares de pessoas.
Ainda bem que essa lata é refrigerada, ou não, pois a que vem depois dela, ou às vezes antes também, muito raramente é tão “confortável” quanto essa. Tudo depende da onde você esta vindo e pra onde está indo. Mas mesmo assim conforto é uma coisa que falta no nosso vocabulário, nem sei se este é substantivo, adjetivo ou está adjunto a minha situação infeliz.
Não sei como nunca tinha percebido isto, talvez seja mais uma vez parte integrante do questionamento dos óculos escuros; aprendemos na escola que a sociedade feudal era estamentada em três grupos sociais (nobreza, clero, e o povo), mais o rei. Até ai tudo bem, mas veja, estamos vivendo esta mesma merda, estamos estratificados. E na maior parte, chegamos a um ponto e não conseguimos passar. É claro que podemos melhorar a nossa “vita capitalis”, mas querer não é poder. Camarada, diga-se de passagem, eu não sou comunista, é claro que existe statu quo, mas mante-lo não é para todos, mudar então.
Estamos numa abiose.
E chegamos ao trabalho, que não conseguimos fazer direito, por causa das preocupações diárias e derradeiras que não conseguimos separar. E é aí que começamos a empurrar tudo com a barriga.
Acho que já ao nascer começamos a empurrar tudo com a barriga. Enganam-nos desde o primeiro brinquedinho até o último dinherinho. Todo o sistema, dividido em vários mini sistemas que parecem ilhas isoladas, o sistema brasileiro é um enorme arquipélago cheio de porcos, lobos, elefantes, leões, cordeiros, veados, raposas.
Comemos lixo em decomposição semi-estável e bebemos porcarias coloridas com nomes onomatopéicos, e quase sempre dissílabos que às vezes usam o hífen para enaltecer o substrato de ácido acético ou clorídrico. Eu nem ouso falar sobre as drogas lícitas, muito menos as ilícitas.
E andamos pelas ruas, vemos aqueles ratos voadores, tudo culpa do nosso passado: seguir as tendências de Paris. Vemos mendigos, que muitas vezes sabem mais que você e toda a sua família. Malucos belezas, que como os mendigos bebem o dia inteiro, só não entendo donde eles arrumam tanto dinheiro. Moleques de rua, que passam o dia pedindo dinheiro e fumando crack. Também tem as pessoas que não são tão de bem nem tão de mal, fora as coisas que a maioria das pessoas não vê, maldito óculos escuros.
E voltamos no final de todos os dias na mesma lata de sardinha para vossa casa.
Voltamos com a esperança de que tudo vai melhorar, de que poderemos ver a TV, beber uma cerveja e esquecer aquele dia que acabou de passar. E assim nós os procrastinadores da nação passamos os dias, passamos os anos, passamos as décadas, até a hora que serermos defenestrados da casa chamada vida para a rua chamada morte.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirVc usa um monte de palavras que eu não entendo, mas eu gosto dos seus posts.
ResponderExcluirNão entendi o lance de "por isso que eu uso chapeu coco" mas tudo bem.
Filhos flamenguistas for live, hehehehe
Adorei o comentario =]
Me identifiquei bastante com essa hem??
ResponderExcluir=D
malditas latas de sardinha às 7 da manhã.;
gostei da parte dos dissílabos.
parabéns !
Finalmente você conseguiu incluir desfenestrar no texto .
ResponderExcluirparabéns
voce usou 2 palavras que eu ADORO, procrastinador e defenestrar...
ResponderExcluirby the way, o negocio que vc falou de sistemas e mini-sistemas segundo a sociologia se chama "sistema de micropoderes"