quarta-feira, 6 de maio de 2009

Proscastinadores Da Nação

Acordamos todo dia lá pelas cinco da manha pra chegar ao trabalho às sete. Pegamos todos os dias aquelas latas de sardinha cheias de estrogênios e testosteronas ainda sobre aquela forte influência do sono vigente. Chicoteiam-nos para caber mais pessoas, uma grande lotada de milhares de pessoas.
Ainda bem que essa lata é refrigerada, ou não, pois a que vem depois dela, ou às vezes antes também, muito raramente é tão “confortável” quanto essa. Tudo depende da onde você esta vindo e pra onde está indo. Mas mesmo assim conforto é uma coisa que falta no nosso vocabulário, nem sei se este é substantivo, adjetivo ou está adjunto a minha situação infeliz.
Não sei como nunca tinha percebido isto, talvez seja mais uma vez parte integrante do questionamento dos óculos escuros; aprendemos na escola que a sociedade feudal era estamentada em três grupos sociais (nobreza, clero, e o povo), mais o rei. Até ai tudo bem, mas veja, estamos vivendo esta mesma merda, estamos estratificados. E na maior parte, chegamos a um ponto e não conseguimos passar. É claro que podemos melhorar a nossa “vita capitalis”, mas querer não é poder. Camarada, diga-se de passagem, eu não sou comunista, é claro que existe statu quo, mas mante-lo não é para todos, mudar então.
Estamos numa abiose.
E chegamos ao trabalho, que não conseguimos fazer direito, por causa das preocupações diárias e derradeiras que não conseguimos separar. E é aí que começamos a empurrar tudo com a barriga.
Acho que já ao nascer começamos a empurrar tudo com a barriga. Enganam-nos desde o primeiro brinquedinho até o último dinherinho. Todo o sistema, dividido em vários mini sistemas que parecem ilhas isoladas, o sistema brasileiro é um enorme arquipélago cheio de porcos, lobos, elefantes, leões, cordeiros, veados, raposas.
Comemos lixo em decomposição semi-estável e bebemos porcarias coloridas com nomes onomatopéicos, e quase sempre dissílabos que às vezes usam o hífen para enaltecer o substrato de ácido acético ou clorídrico. Eu nem ouso falar sobre as drogas lícitas, muito menos as ilícitas.
E andamos pelas ruas, vemos aqueles ratos voadores, tudo culpa do nosso passado: seguir as tendências de Paris. Vemos mendigos, que muitas vezes sabem mais que você e toda a sua família. Malucos belezas, que como os mendigos bebem o dia inteiro, só não entendo donde eles arrumam tanto dinheiro. Moleques de rua, que passam o dia pedindo dinheiro e fumando crack. Também tem as pessoas que não são tão de bem nem tão de mal, fora as coisas que a maioria das pessoas não vê, maldito óculos escuros.
E voltamos no final de todos os dias na mesma lata de sardinha para vossa casa.
Voltamos com a esperança de que tudo vai melhorar, de que poderemos ver a TV, beber uma cerveja e esquecer aquele dia que acabou de passar. E assim nós os procrastinadores da nação passamos os dias, passamos os anos, passamos as décadas, até a hora que serermos defenestrados da casa chamada vida para a rua chamada morte.

5 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Vc usa um monte de palavras que eu não entendo, mas eu gosto dos seus posts.
    Não entendi o lance de "por isso que eu uso chapeu coco" mas tudo bem.
    Filhos flamenguistas for live, hehehehe
    Adorei o comentario =]

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  3. Me identifiquei bastante com essa hem??
    =D
    malditas latas de sardinha às 7 da manhã.;
    gostei da parte dos dissílabos.
    parabéns !

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  4. Finalmente você conseguiu incluir desfenestrar no texto .

    parabéns

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  5. voce usou 2 palavras que eu ADORO, procrastinador e defenestrar...

    by the way, o negocio que vc falou de sistemas e mini-sistemas segundo a sociologia se chama "sistema de micropoderes"

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