segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Seis Long Necks e Um Saco de Amendoins

Chovia, mesmo assim isso não o impediu de sair de casa. Ele simplesmente não agüentava mais ficar lá, sozinho na frente do computador. Bebeu uma cerveja e foi para rua. Ao botar os pés fora de casa logo se arrependeu por ter saído de sua casa quentinha e entediante, porém protegida contra a chuva. Era uma segunda, uma amarga segunda chuvosa a dias do carnaval. Ele sabia que tudo melhoraria em questão de dias, ou até mesmo horas, mas insistiu no erro como um verdadeiro burro que é.
Saiu andando pelas ruas em busca de...Em busca de um algo, um algo perdido, que jamais será encontrado direito, e junto disso ele estava acompanhado daquela sensação de insatisfação. Uma insatisfação, satisfeita por na fazer nada, mas que o seguia por não fazer exatamente porra nenhuma. Ele parou num boteco comprou uma cerveja e seguiu andando.
Ele sabia que não queria respostas, não estava a fim de refletir. Também não havia muito que se refletir, talvez a sua vida, mas ele deixa isso pra os momentos mais solitários e sublimes, como quando ele ia ao banheiro. Ele era um homem teoricamente perturbado o suficiente para ser considerado normal, e ele achava normal isso: pensar na vida defecando, ele achava isso até ironicamente cômico, afinal ele estava, como dizem, “cagando pra vida”. Talvez fosse um caso de sexo, nem era abstinência, mas ele não tava fazendo nada e praticar um bom vai e vem seria bom pra matar umas horas. Começou a pensar em quem poderia praticar isso com ele, naquele momento. Não conseguiu pensar em ninguém disponível no momento, talvez quem sabe no carnaval...
De repente, surgiu um shopping no seu caminho. Entrou, achou um cinema, viu que uma sessão qualquer de um filme qualquer ia começar a dez minutos. Era o tempo dele achar cerveja e amendoins. E entrou pra ver um filme de animação de no mínimo duas horas com um saco de amendoim e seis long necks. E lá ele ficou no meio do cinema lotado bebendo cerveja e comendo amendoim sem prestar atenção ao filme. Ele se sentiu menos mal, se sentiu humano, se sentiu acolhido por aquela multidão prestando atenção nos lasers vermelhos que passavam pela tela e naquele escuro, já embriagado, ele chorou.

Um comentário:

  1. Que lindo.
    Que filme foi esse tão bonito que te emocionou? Ou sei lá, te fez refletir sobre você e a vida?

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