quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A Voz Grave

A mente feminina tem umas coisas incríveis e o produto, ou substância, mais nefasto é o romantismo. Se bobiar quase toda mulher tem uma ideia distorcida sobre isso, que se faz presente numa imagem alucinantemente vertiginosa por mesclar flores, campos silvestres, montanhas, praias, camas gigantes, chocolates, luzes baixas, jacuzzis, champanhes, morangos, rosas, amoras adocicados e um tanto cítricos, poemas, frases lentas e um misto de Barry White com o melhor da música francesa (Serge Gainsbourg, de leve). Também deve haver o homem que chega ao ambiente sendo imponente, potente e sensível! Algo como um belo cavalheiro da Disney, ou algo como um fera indomável que pode beijar os seus lindos pés aveludados. Não sei se todas as mulheres compartilham dessa assombrante imagem, espero que não, mas sei que há certos pontos, disso que eu acabei de descrever, podem estar em intercessão nesse tocante das deliciosamente delirantes mentes femininas.
A coisa é que esse romantismo se tornou totalmente materialista e hoje em dia um cara é romântico por ele ter uns três milhões no banco, o que não é uma coisa ruim, pois ele poderá dar todas as montanhas, cavalos, chocolates, Al Greens e enfins! Isso também acabou com o cara que faz poemas, o colocou no mesmo nível dos sensíveis sentimentais e cheios de não me toque e dos loucos depressivos. Então o cara que faz poemas não é tão romântico assim! Todas dizem que acham lindo, fofo, mas não são todas que recebem bem um poema falando dos peitos dela, ou como ela ficou linda naquele vestidinho roxo que quase fez o poeta explodir.
No final eu não sou nem um pouco romântico! Pois não tenho o “quê” material, e sou um poeta sujo. Talvez eu seja até um pouco sentimental debaixo da minha crosta de grosserias. Minha poesia é aquela do homem mediano com uma vida cheia de conflitos e sempre permeada a música. Do homem enrijecido pela vida, por uma sociedade que o transforma em algo duro e áspero, que o fez guardar os passarinhos numa gaiola tão escura e tão distante que ele nunca consegue colocá-los para fora sem ter medo que eles não voltaram machucados.
Mas esse é o meu romantismo: o imaterial, o anti-poético mela cueca, o prosaico que sabe lidar com as diversidades se pondo nas situações. Eu sou um romântico de guerrilha, sem reforços, sem suprimentos, sem dinheiros, o da ação direta e subversiva! O da voz grave que faz ressoar na mente feminina, que chega por trás e que deslancha tudo ao improviso ao som de qualquer coisa em qualquer momento, pois são as pessoas que criam os momentos não os momentos que nos criam!

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