quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

O Caso Do Mercado

Um rapaz, não muito alto nem muito baixo, cabelo curto, uma roupa normal, uma calça jeans e camisa preta, nada de mais; uma aparência saudável, porte de atleta de final de semana. Esta no mercado parado na fila de deficientes, esperando a velhinha judia que estava a sua frente, acabar de dar a caixa os noventa e nove centavos que estavam faltando.
-Acabei! - exclamou a velhinha - Aqui esta minha filha, os dois reais e noventa e nove centavos! - E assim saiu a velhinha judia com seus dois limõezinhos miúdos, inexpressivos, tristes, morrendo de saudades dos seus irmãos limões que estão na seção de legumes e verduras do mercado.
-Próximo! – falou a caixa.
E assim se dirigiu o rapaz, com duas cervejas na mão. O mercado em si não estava com muito movimento. Umas filas de cinco minutos, mais ou menos, nada de mais. Mas, o rapaz estava com presa às cervejas estavam a esquentar em suas mãos.
-Bom dia! – disse a caixa.
-Bom dia! – disse o rapaz, colocando as cervejas em cima da esteira.
Não tinha fila naquele momento na caixa preferencial de idosos, gestantes e deficientes físicos, estava tranqüilo, o momento perfeito para a inquieta e um tanto indignada caixa fazer sua pergunta capciosa, ela adorava fazer essa pergunta:
-Senhor, porque você esta nessa fila? Essa fila é preferencial, por um acaso o senhor...
-Sim. – respondeu sorrindo o rapaz, com aquele tom quase divino de tão calmo que estava. E então rapidamente olhou para o crachá da caixa, se inclinou para ficar mais perto da caixa e disse com um tom de voz um tanto, apelativo.
-Claudia, eu não tenho uma coisa que você tem.
A moça parou, não entendeu nada. E com a mesma cara interrogativa começou a pensar em todas as coisas que diferenciam homens e mulheres, pensou bobagens, devaneios repentinos começaram a surgir em sua mente fértil. Mas tudo isso que aconteceu naquela questão de segundos foi cortado pela calma e rouca voz do rapaz dizendo uma simples coisa.
-Apêndice.
-Apêndice? – exclamou a caixa, com aquela cara de misto de ódio com incompreensão.
-É apêndice.
E a caixa desolada sem saber o que fazer apenas falou
-Três e cinqüenta.
-Pode ficar com o troco, e com uma cerveja. – assim falou o rapaz tranquilamente pegando uma cerveja e deixando a outra junto de uma nota de cinco reais. E deste jeito saiu o rapaz tranquilamente do mercado bebendo sua cerveja gelada no lindo calor de trinta e sete graus do Rio quarenta graus.
Ele sabia que estava errado, e ela também. Mas ela sabia que ele estava certo, e ele também. Fazer o que, os únicos errados dessa história somos nós, que ao longo de nossa evolução não descartamos esse e outros órgãos que caíram no desuso. Esses órgãos só servem ao capitalismo, nem ao nosso corpo eles servem.
E outro grande problema é essa pergunta dos atendentes de caixa preferencial, porque se o cara ta ali é porque é para ele ta ali, é simples. Mas por culpa dos engraçadinhos e fanfarrões de plantão, pessoas que são deficientes, mas que não aparentam ser tem que passar por essa pergunta chata e inconveniente.

4 comentários:

  1. agora você mudou de cronica para narração diaria.
    isso eh quase um conto!
    e falou de uma coisa q realmente constrange agente e os caixas...

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  2. é interessante pq ng esperaria por esse final!
    achei divertido e tbm faz com qm leia pense sobre o assunto
    tenho q concordar com o yan--agora eh um conto msm

    kemmely

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  3. Hm, isto te faz um deficiente físico, gordinho.

    Machado

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  4. Aeeeee tirou onda de deficiente hein!!Hahaha!Sempre que eu for ao banco vou te levar pra entrar na fila dos deficientes...Hahaha!Tu é muito figura!Beijos!

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