segunda-feira, 20 de julho de 2009

Funk Do Carioca

O funk é igual ao Rio de Janeiro, cheio de poluição sonora. É só você prestar a atenção e filosofar um pouquinho que você ira entender. Veja só, no funk sempre tem aquela voz feminina esganiçada dizendo, quer dizer gritando, palavras como:
-Solta essa porra!
Há também a voz masculina quebrando o tempo, pode ser gritando ou então em voz baixa para fazer uma contraposição com a voz feminina, proferindo palavras como:
-Vai sentando!
Tudo isso acompanhado de uma bela batida bem ritmada e empolgante, o clássico:
-Tchum tcha tcha tchum tchum tcha!
E numa sintonia perfeitamente hermética e cadenciada estão os barulhos de fundo, que são deste outra batida quase igual à batida básica, passando por gaitas diatônicas, trompetes, barulhinhos de msn até o maior clichê do funk: a clássica midi de tiro de teclados Casio.
Tirando esses fatores pragmáticos perfeitamente entendíveis depois de um engradado de cerveja, tem o fator que só depois de duas garrafas de Jack que a questão começa a ficar, como se diria menos esdrúxula. É simples, é só você entender que o Rio de Janeiro teve que evoluir muito para chegar ao nosso caos sonoro e urbano. Ele já foi uma vila, uma cidade, uma metrópole regional, e enfim uma metrópole nacional que sofre fortes influências das ondas de influência de São Paulo. Mas um dia, nós ainda vamos virar o jogo: tornando-nos uma cidade cosmopolita! É fato que o nível de barulho de hoje é muito maior do que há quatrocentos anos atrás, é claro que para aquela época o Rio era barulhento também, mas em proporções diferentes.
Agora veja como é diferente o funk de ontem para o funk de hoje em dia. Se você pegar uma música do início e for comparar com o mais recente proibidão, você irá entender a metáfora carioca e você também entenderá porque essa febre carioca deu certo e vai entrar para história. Mesmo não sendo fã, tenho que ter respeito por essa coisa tão carioca, fruto do nosso caos urbano e da nossa luta de classes. Enfim, para terminar digo:
-O funk carioca é o reflexo exagerado da nossa alma fluminense!

2 comentários:

  1. Sabias palavras, as ultimas principalmente: mesmo não sendo fã, eu os respeito como movimento social e, de certa forma, cultura de massa

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  2. Querido.. o funk de antigamente não tinha metade dessas idiotices, e sons destoantes da melodia geral...
    Era coisa 'de raiz'...
    Aquele tipo de música que a gente tava discutindo..fala da vida, da realidade da época, não essa quantidade de nonsense que está nos bailes por aí.
    E boa frase de conclusão.. muito bem 'dizida' =D

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